Parte XIV

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No dia seguinte, (S/N) resolveu fazer uma visita aos pais. Logo cedo, se vestiu, tomou um café rápido, e aproveitando que o marido não estava em casa pediu à um dos criados que a levasse numa carruagem.
- Minha querida!- Rose exclamou, ao receber a filha. - Nolan , venha cá!- Chamou, enquanto abraçava (S/N) .
O pai da morena apareceu momentos depois, fumando um charuto, a expressão séria.
- Olá papai. - (S/N) foi abraçá- lo.
- O que faz aqui? E seu marido?
A morena recuou, um pouco sem jeito.
- Louis está resolvendo alguns assuntos e não pôde vir comigo, papai. Mas não está feliz em me ver?- Ela o olhou.
Nolan fez um gesto impaciente com a mão, dando uma tragada no charuto.
- Sim.
- Claro que ele está, meu amor. - Rose sorriu para (S/N) . - Mas venha tomar um chá conosco. Como vai a vida de casada? - (S/N) acompanhou a mãe, contente. Nolan seguiu- as logo atrás. Durante o
chá, mãe e filha ficaram conversando alegremente. Nolan só comentava alguma coisa ou outra, e somente quando Rose lhe dirigia a palavra, ou quando ele tinha uma oportunidade de criticar (S/N) .
- Com licença, vou para o meu escritório. - Ele disse em certo momento, se levantando, colocando o copo de whisky na mesinha e saindo.
- Acho que ele não está muito feliz com a minha visita. - (S/N) murmurou para Rose .
- Não diga bobeiras, (S/N) . Ele é seu pai.
- Isso não quer dizer nada. - A morena franziu a testa.
Rose balançou a cabeça e deu um jeito de puxar outro assunto banal com a filha. Decorrida meia hora, a mulher disse que precisava providenciar o almoço com os criados, e pediu que (S/N) a esperasse e ficasse à vontade. Quando a mãe saiu, (S/N) encarou as chamas da lareira acesa da sala de estar. Logo se levantou, e decidiu ir até o escritório da casa,eeu duas leves batidas e entrou. Nolan estava sentado numa poltrona, de frente para a janela e observando o lado de fora. Ele olhou para trás e quando viu (S/N) não falou nada.
- Posso entrar?- Ela perguntou, hesitante, já fechando a porta atrás de si.
- Já entrou. - Ele respondeu com frieza, voltando a encarar a janela.
(S/N) engoliu em seco e se aproximou... já estava na hora de ignorar seus medos em relação ao pai e enfrentá- lo. E aquilo seria agora.
- Não parece muito contente com minha visita hoje. - Murmurou de forma banal. Nolan deu de ombros.
- Estou normal, (S/N) .
- Sim, normal. - Ela soltou o ar. - Normal porque você sempre me tratou assim, desde pequena. Mas somente é normal para você, papai. Não para outros pais.
- Do que está falando, menina?
- Eu quero dizer que o normal é um pai amar seus filhos. - Ela respondeu,distante. - Dar carinho, atenção, e querê- los bem.
- Agora vai querer dizer que eu não a trato bem, é isso? - (S/N) soltou um suspiro.
- Só quero dizer que você não age como os pais normais. Você me faz sentir uma completa estranha aqui. Me faz sentir indesejada, como algo que incomoda. E me sinto assim desde pequena, papai.
Ele não respondeu, e a morena se aproximou, tocando o braço de Nolan .
- Por quê? Por quê me trata assim? Eu sou sua filha! - (S/N) estava com vontade de chorar, mas estava prendendo todas as suas emoções. Nolan voltou- se para trás, encarando a morena . Pareceu avaliar o que diria por um segundo, e logo voltou a virar para frente, ficando de costas para ela.
- Você foi um acidente. - Ele disse de repente. - Eu e Rose não havíamos planejado você... na época éramos muito jovens e não estávamos preparados. Eu não queria filhos tão cedo. - Ele disse em tom distante. (S/N) ficou estática. - Mal havíamos
casado, um filho iria atrapalhar tudo. Eu... pedi para Rose tirar, quando ela engravidou, mas ela não quis. - Ele confessou. Falava tudo sem olhar para (S/N) , como se falasse sozinho. A morena começou a sentir os olhos arderem. - As pessoas começaram a tentar mudar meus pensamentos... começaram a dizer que se Rose tivesse um menino, ele seria o herdeiro e que eu poderia ensiná- lo muitas coisas. E era verdade. Aos poucos eu me animei a ter um filho. - (S/N) sentou- se numa cadeira, calada. - E foi aí que você nasceu. - Nolan pela primeira vez olhou para trás e olhou no fundo dos olhos amêndoas de (S/N) . - Tem noção da decepção que foi para mim? - A morena engoliu em seco, a garganta ardendo pelo nó que havia se formado. - Uma menina... - Ele continuou, amargurado. - Destruiu todas as minhas esperanças de poder ao menos ter um herdeiro. Você é minha maior decepção, (S/N) . - Ele murmurou, sem pena. A morena ofegou, os olhos rasos pelas lágrimas. Mas não ia chorar na frente do pai.
- Agora eu entendo. - Ela sussurrou. - É uma pena que eu tenha te decepcionado tanto, mesmo que sem querer, papai.
Dizendo isso, (S/N) se levantou da cadeira e saiu do escritório sem olhar para trás.Passou pela sala de estar, e saiu da casa sem se despedir de ninguém. Somente entrou na carruagem que a esperava do lado de fora, querendo sair dali o mais rápido possível.

Amour DemoniàqueOnde histórias criam vida. Descubra agora