Chapter 2.

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É difícil conviver em uma casa onde há ódio e tensão em tudo quanto é canto, onde em quase todas as noites, sons de choro são facilmente ouvidos. Eu sentia que cada vez mais minha cabeça estava prestes a explodir, o meu "pai" não aparecia aqui desde o ocorrido, mas minha mãe parece que ainda sentia a presença dele, sentia saudade dele.

Eles viveram 30 anos juntos, eles se amavam tanto, e acabar assim... Dói até em mim.
Minha vontade é pegar toda a dor da minha mãe e fazer eu sentir, era horrível ouvi-la chorando quase todas as noites e deparar com seus olhos vermelhos e levemente inchados de manhã, sempre fingindo um sorriso de "está tudo bem comigo", ela era uma péssima atriz.

Mais uma vez, eu me levantei e me dirigi ao banheiro para tomar um banho e me arrumar para ir para escola. Eu não ouvi um barulho a manhã inteira, quando desci a escada, minha mãe estava sentada olhando a mesa pensando, enquanto lentamente ia comendo uma maçã, quando me viu, levantou e me deu um abraço bem apertado, mas tão apertado, que eu deixei algumas lágrimas caírem.

- Blair, independente de todas as circunstâncias, nunca esqueça que eu amo você mais do que tudo em minha vida, ok? - aquilo me deixou muito preocupada, e então, vendo minha cara de espanto, continuou. - eu estou indo trabalhar, mas eu estou com um sentimento muito forte de mau pressentimento, então, se acontecer algo...

- MAE! Nada vai acontecer, não pode acontecer! Vira essa boca pra lá. - disse interrompendo-a.

Ela apenas depositou um beijo em minha testa, antes de me mandar ir mesmo para a escola, durante o trajeto, eu só pensava no que ela disse e torcia que nada pudesse acontecer.

Melanie tinha ido hoje, estava um pouco melhor, Cole havia chegado atrasado hoje, ele nunca chega, sua blusa estava soada e sua respiração estava pesada. Segundo ele, ele acordou tarde.

- MELANIE!!! - meu coração começou a acelerar, ela faltou ontem assim como mais 3 dias atrás, e pra ela, até machucar a unha é motivo para faltar.

- BLAAAAAAAIRRRRR!! - assim que corri para perto dela, ela me envolveu em seus bracinhos  e me abraçou forte, colocando a perna em minha cintura quase fazendo a gente cair.

- Senhorita Haynes e Copper, peço que se comportem.

Eu jurei ser o diretor, mas pra minha surpresa era Cole.

- Que susto Sprouse! Meu Deus do céu. - digo levando a mão ao peito esquerdo, onde indica o coração.

O dia foi um pouco melhor, mas só um pouco mais. Na aula de educação física, Cole havia escorregado e caído de bunda no chão, eu e Melanie ficamos com dor de barriga de tanto que estávamos rindo.

No intervalo, quando eu fui dar uma boa mordida no meu lanche, o molho inteiro vazou e caiu nos meus dedos, Melanie e Cole riam da minha sujeira. Quando eu lambi meus dedos para me limpar um pouco, eu percebi que Cole estava me observando, ele tossiu levemente e apertou as pernas uma na outra, eu fingi que não tinha reparado, mas qualquer um tinha reparado porque a mesa é de vidro, Melanie nem tinha prestado a atenção, sua atenção estava em outra pessoa: Dylan Sprouse.

Cole não sabia que Melanie gostava do seu irmão gêmeo, ela tinha me feito prometer que iria ficar de boca calada, Melanie é muito tímida e prefere manter isso em segredo, apesar de eu achar besteira e que ele estaria perdendo um mulherão desses. E então na hora da saída, Melanie tinha tropeçado levemente quando Dylan se aproximou do seu irmão, que estava conosco.

- Oi Cole, Blair, Melanie. - ele disse pausadamente enquanto olhava cada um.
Nos três sorrimos ao cumprimento dele, Melanie que tinha o sorriso mais aberto e quando ele a cumprimentou, ela deu um leve aperto no meu braço onde eu olhei para baixo e dei um leve sorriso pela timidez da minha amiga.
No caminho para casa, Cole sempre me acompanha.

- Caralho, que calor da porra. - digo tentando me abanar com minhas mãos.

- Claro que está, eu estou aqui. - ele diz soltando um riso gostoso de ouvir, arrancando um de mim também.

Um quarteirão antes, Cole se revirou para mim, me olhando tão intensamente que minhas pernas deram uma tremedeira leve, ele sorriu me dando um abraço forte e confortante.

- Se cuida, meu anjo. - ele ia depositar um leve beijo em minha bochecha, mas eu ia virar para abraçá-lo melhor e acabou que acidentalmente demos um selinho. 

Meus olhos se arregalaram um pouco, pude sentir minha bochecha esquentar, ele apenas olhou o chão e soltou um riso fraco, olhando em meus olhos novamente antes de se virar e caminhar em direção a sua casa, com as mãos nos bolsos.

Eu apenas virei, ainda um pouco em choque com o que acabara de acontecer. Entretanto, no caminho para casa, uma coisa me chocou mais, o corpo da minha mãe preso entre as rodas de um carro, bem em frente à nossa casa. Meus olhos rapidamente encheram de lágrimas, eu levei a mão a boca, eu estava em choque. Eu. Não. Acredito.

Eu soltei um grito enorme, dava pra ser escutado facilmente porque ele saiu em bom som. Minha mente estava passando tantas coisas, eu me abaixei em frente ao corpo, onde o rosto de minha mãe estava virado para cima, meus vizinhos saíram correndo de suas casas, alguns vieram até mim me abraçando forte, mas eu estava chocada demais, até que uma coisa me chamou a atenção na esquina. Uma mulher alta, loira, estava com um vestido preto até os joelhos, os cabelos escorridos até os ombros a davam um olhar mais misterioso.

Assim que seus olhos encontraram o meus, ela sorriu abertamente e piscou, saindo da minha vista.

Best Friend. / HIATUSOnde histórias criam vida. Descubra agora