Essa casa está estranha, está muito estranha.
Os móveis estão em seus devidos lugares, tudo está exatamente como era, mas eu sinto algo faltando. E realmente tinha. Mas não era falta de algo, e sim de alguém.
Eu não me sentia em casa mais, quando pisei dentro, meu coração apertou e eu senti uma lágrima descer pela minha bochecha, e essa lágrima era aquela lágrima de tristeza profunda, que não se aliviava chorando.
Eu passei meus dedos pelo pano da sala, inalando bem o cheiro no ambiente sempre lembrando de minha mãe. Eu me dirigi ao seu quarto, e ao entrar, eu me deparei com uma caixa em cima da cama dela.
A caixa era preta, tinha um laço sujo com algo vermelho em cima, tinha cheiro de sangue! Eu comecei a ficar com medo, mas mesmo assim, eu abri a caixa e me deparei com um bilhete em cima de um pano com algo dentro. E no bilhete dizia:
Meus pêsames, Blair. Eu sinceramente gostei de você, você parece uma menina tão doce, ingênua... Não merecia isso. Mas meu amor, nunca mais se meta com o meu marido e com minha família, e pra isso não acontecer eu estou eliminando todos os meus obstáculos que me impedem de ter a família perfeita. Sua mãe teve o que merece, e eu estou indo atrás de você.
Ah, já ia me esquecendo, fica com essa amostra grátis do amor da sua mãe por você.Eu arregalei meus olhos quando terminei de ler, eu estava morrendo de medo mas reuni toda a coragem que eu tinha pra tirar o pano e ver o que tinha dentro da caixa.
Primeiro eu mexi por cima do pano, era algo molengo e fazia um barulho estranho, e por fim, eu tirei o pano me deparando com um coração, meio branco e tinha resquícios de sangue em cima e em sua volta.
Eu automaticamente levei a mão a boca e soltei um grito alto de desespero e susto.
Meu. Deus. Do. Céu! Eu fechei a caixa e fiquei de joelhos no chão, com a mão na boca ainda e chorando muito.Eu estava em completo estado de choque e tremia muito, eu estava tendo um ataque de pânico e comecei a ter falta de ar. Eu peguei meu celular tremendo completamente e com muita dificuldade eu liguei para Melanie, agora eram exatas 15:30 da tarde.
Hi, love. - sua voz estava animada do outro lado.
Mel-mel... - eu estava gaguejando, e falava de um jeito agudo, que era sempre nesse tom que saia quando eu estava tendo um ataque de pânico.
BLAIR! VOCÊ ESTÁ TENDO UM ATAQUE! ME DIZ, ONDE VOCÊ ESTÁ? - sua voz estava em um tom muito alto.
E-em casa... - eu disse e tentei inspirar ar mas foi em vão, minha garganta estava fechada completamente e eu estava começando a ter minhas vistas fracas e meu corpo começou a ficar mole.
Eu apenas senti meu corpo pesar, eu fui deitando levemente no chão, onde meus olhos se fecharam. Eu não tinha desmaiado ainda, era horrível a sensação de estar desmaiando aos poucos e sua garganta se fechando mais e mais, a amostra grátis da morte não era boa. Aos poucos eu estava perdendo os sentidos, e quando eu ouvi um estrondo forte na porta, eu desmaiei.
...
Quando acordei, eu senti um cheiro esquisito, eu não gosto desse cheiro, cheiro de hospital! Eu tinha acordado, mas não abri os olhos ainda, e eu estava ouvindo a conversa que estava tendo em minha frente, estreitei um pouco os olhos vendo o médico conversando com Melanie e Cole.
Cole olhava atentamente o médico prestando atenção em tudo que ele dizia, Melanie tinha seu rosto no ombro de Cole e dava pra ouvir baixos sons de choro.
... Então foi isso que aconteceu senhor Cole, ela ficará bem, só precisa de algum tempo de descanso, preciso ver os restos dos exames dela que devem ter saído, pra determinar o tempo que ela precisa de repouso. - o médico com voz grossa disse. Ele tinha uma barba grande e estava estampado em sua blusa branca "dr. Clark.".
Os olhos deles pousaram em mim quando o médico saiu, eu abri os olhos lentamente e Melanie saiu correndo para pra dar um abraço desajeitado e cuidadoso.
- Que susto que você nos deu, Blair! - Melanie deu um tapinha em minha perna. - meu Deus, fazia tanto tempo que você não tinha outro ataque. Dois desmaios em menos de 2 dias, recorde!
- Você está bem? - Cole ignorou completamente Melanie, e ele olhava pra mim tão intensamente que eu podia jurar que ele estava vendo a minha alma.
- Eu estou bem, eu acho... - meus olhos intercalaram em olhar para meus amigos.
O médico que estava falando com eles anteriormente apareceu na porta, sorrindo.
- Parece que teve sorte, senhorita... - ele olhou de novo a prancheta. - Haynes, será liberada daqui a pouco, sua recuperação foi surpreendentemente rápida e já levamos o coração para análise. Pode ajeitar suas coisas, você será liberada em breve.
Eu sorri para o médico, que saiu da sala logo depois. Cole sentou na cadeira ao meu lado e Melanie disse que ia beber água, saindo da sala deixando nós dois a sós.
- Tem absoluta certeza que está bem?
- Tenho, Cole. Eu tenho. - eu peguei sua mão e a apertei, tentando transparecer total segurança.
Ele apertou minha mão de volta, e a levou a boca onde depositou um simples beijo e sorriu ao encarar meus olhos de novo, eu não pude deixar de sorrir. Ele usava um moletom preto que ia até seus pulsos, os cabelos negros estavam desarrumados mas mesmo assim, ele continuava maravilhoso. Ao contrário de mim.
Quando eu fui liberada, eu tentei convencê-los que eu estava boa para ir pra casa, eles não deixaram de jeito nenhum, mas eu fiz pirraça e eles acabaram desistindo, e enfim aqui estava eu, em casa. Eu apenas entrei, me dirigi ao meu quarto e peguei algumas roupas, entrando no banheiro e tomando um banho pra me livrar daquele cheiro de hospital.
Cuidadosamente deitei na minha cama, porém eu consegui pegar no sono de jeito nenhum, quando eu tive uma ideia, que tal dormir no quarto da minha mãe? Assim, eu poderia me sentir mais perto dela... E assim o fiz, e ao contrário de como foi no meu quarto, eu adormeci rapidamente, o travesseiro tinha cheiro dela, e de alguma forma, eu não fiquei totalmente triste estando ali.
...
Como nem tudo são flores, meu despertador toca bem alto e eu o ouço do quarto da minha mãe, onde me levanto com muita dificuldade indo pro meu quarto desligar.
Levei as mãos ao alto, me espreguiçando e indo pro banheiro tomar um banho e vestir o uniforme, pegando uma maçã na cestinha que tinha em cima da mesa, saindo de casa logo depois.
Eram mais ou menos 06:50, minha aula começava a 07:00, minha escola era perto de casa mas eu não gostava de sair muito atrasada.
Eu fui andando ouvindo música, a batida me envolveu todo o caminho, eu mexia os braços e cantava e nem me importava de alguém estar olhando. Melanie estava na esquina da casa dela, eu a gritei e ela sorriu abertamente quando me viu.
- Blair... Você parece ótima!
- Eu estou ótima! - eu digo e pela primeira vez, eu não estava completamente acabada. Eu estava feliz.
Quando chegamos na escola (o que demorou hoje, levando em conta que estávamos ouvindo música e andando devagar), o sinal tocou assim que cumprimentamos Cole e mais alguns garotos. Ele pôs suas mãos em volta dos meus ombros.
- Qual sua primeira aula? - ele disse enquanto caminhávamos pelo corredor, Melanie tinha ido pra outro lado por conta que sua primeira aula era física.
- História, eu odeio aquela mulher com todas as minhas forças. - eu reviro os olhos assim que chegamos à porta da minha sala.
- Miriam? Credo, tomara que sobreviva. - ele riu quando eu fiz uma cara de espanto, a professora tinha acabado de passar por nós. - enfim, boa aula.
Eu ia responder um "pra você também" mas ele me surpreendeu se inclinando e depositando um selinho nos meus lábios.
Meus olhos se arregalaram por alguns segundos, ele andou normalmente até a sala da frente, que era o laboratório de química. Eu não pude evitar de sorrir.
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Best Friend. / HIATUS
Ficção AdolescenteEle que sempre a ajudou em tudo que ela precisou, ele sempre estava lá para ela, mas que para Blair, aquilo era uma amizade, uma amizade forte. Porém, ambos não sabiam que tinha um desejo nascendo um pelo outro.