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Tudo começou numa manhã de inverno, onde as casas estavam repletas de neve sobre seus telhados, o céu estava nublado e o vento rasgava os nossos corpos. As mães encapuzavam seus filhos, fazendo-os ter dificuldade ao andar. Era uma segunda-feira, para ser mais exata, estava me preparando para ir ao colégio e, como de costume, eu iria à casa de James, sempre fomos juntos, porém, por algum motivo, ele tinha me enviado uma mensagem dizendo que sua mãe o levaria ao colégio naquela manhã. No momento não compreendi, estranhei, mas não imaginei que algo estaria errado, talvez ele só estivesse cansado...

James não foi a aula aquele dia, não retornou as minhas chamadas, nem ao menos atendeu-as. Eu precisava falar com ele, saber o que estava acontecendo! A minha intuição dizia, que alguma coisa estava errada, mas não podia imaginar que fosse algo de tamanha proporção, pois ele jamais havia feito alguma coisa parecida, ele sempre respondia, e as ligações ele atendia no segundo toque.

As aulas passaram rastejando, eu nem ao menos prestei atenção em alguma coisa que foi dita, queria ir embora, só precisava vê-lo. Não esperei que as aulas terminassem, me levantei, arrumei minhas coisas e informei a professora que não estava me sentindo muito bem, ignoro as perguntas de Maggie e vou em direção a saída. Quando finalmente saio da escola vou em passos rápidos a caminho da casa de James, e nesse percurso vejo que havia recebendo uma mensagem de James, não perco tempo e leio-a, e vejo que suas poucas palavras, me trouxeram confusão, medo. No começo eu realmente achei que fosse uma brincadeira estúpida como as que ele sempre fazia, porém havia muito mais nessas palavras.

" Me desculpa, nunca se esqueça de que eu te amo, não é culpa sua, eu realmente preciso ir, isso foi uma escolha minha, estarei feliz, eu prometo."

Sabe a sensação de desespero? Era só isso que eu sentia. O que de fato aquelas palavras expressavam? Ele estava bem, não é? Bom, pelo menos era o que parecia. Será mesmo que ele decidiu sair de casa como disse alguns dias atrás? Ou então ele brigou outra vez com seu irmão e quer dar um tempo de tudo? Havia tantas possibilidades em minha mente que eu não sabia ao certo o que pensar. As palavras soavam tão frias que eu tinha medo, meu corpo tremeu e o ar faltou em meus pulmões. Não me preocupo com o que está ao meu redor, meus olhos focam em apenas um objetivo: chegar em sua casa. Em passos rápidos, chego. Ela está localizada no final da rua, e em frente aos grandes portões de ferro pintados num tom branco, chamo por seu nome. Chamo uma, duas, três vezes e nenhum som é ouvido. Tinha algo de errado, sem dúvidas, era impossível ele não estar em casa. Seu carro estava em frente, chamo mais uma vez por seu nome, talvez ele não tenha escutado das primeiras vezes, e mais uma vez nada, e como não obtenho resposta abro a pequena caixa de correio com seu sobrenome escrito em letras garrafais ao lado da porta e pego a chave reserva que se encontrava ali. Mercedes sempre a deixava caso um de seus filhos esquecesse a chave e ficasse trancado do lado de fora, coisa que acontecia quase sempre com Max, o primogênito.

Ao entrar em sua casa aquele dia não havia ninguém, o que era estranho já que Max seu irmão sempre estava em casa, sua mãe provavelmente estaria de plantão como de costume e seu pai, infelizmente ele nunca estava em casa. Isso era umas das coisas que James detestava, a falta de seu pai, de uns anos para cá seu pai Stevan começou a ter problemas com a bebida, consequência de uma demissão, eu não o culpo, também ficaria com sequelas, ele possuía um peso enorme em suas costas: o de sustentar uma família, mas como sempre, James era um cabeça dura e detestava o pai, pelo menos era isso que ele queria que o mesmo pensasse. E por um momento paro para pensar: James havia mentido, sua mãe não o levaria na escola, sua mãe nem ao menos estava em casa, e ele nunca mentia, não para mim.

...

Subo as escadas correndo indo em direção ao seu quarto, pulando os degraus de dois em dois. Chego ao final da escada e me deparo com o corredor escuro, seu quarto ficava na última porta do corredor, caminho em passos lentos e como num filme de terror, a angustia toma meu corpo. Sinto um frio na barriga e franzo o rosto ao ouvir um barulho estranho vindo de seu quarto. Tomo coragem e apresso o passo, quando chego em frente ao seu quarto com a porta marrom com uma clave de sol colada sobre ela, ouço o som do meu coração que bate rapidamente em meu peito, com as mãos trêmulas aproximo-as na maçaneta e girando-a entro no quarto, com o ranger da porta James vira em minha direção, um soluço sai de minha boca quando eu vejo a cena que se passa em minha frente, meus olhos enchem de lágrimas e instantaneamente minha mão vai de encontro a minha boca.

Olhe para o céuOnde histórias criam vida. Descubra agora