Capítulo 7 - Amigas são para todos os momentos...até no crime

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Diana respirava profundamente, fazendo exercícios para acalmar a ansiedade. Nós seguimos Lucy de carro saindo da gravadora e estávamos paradas com nossos conjuntinhos chiques de sobretudo e óculos escuros, à noite, sentadas dentro do carro bancando as espiãs. Minha sobrinha estava contente, mas nervosa. Eu não estava contente, mas certamente nervosa. Haviam se passado duas horas. A barriga começou a roncar; já era perto das onze da noite.

– E agora? Devia acontecer alguma coisa?

Fitei a porta da casa com insistência.

Quando ia responder, um carro conversível chegou pela rua adjacente. Imediatamente nos abaixamos e esperamos o carro estacionar na frente da casa.

– Não é...?

– Sim, é o carro de Alex – soei mais seca do que planejava.

Ele desceu do carro e Lucy despontou antes que ele tocasse a campainha. Estava de meia calça preta, cabelos presos e claro, deslumbrante. Ela beijou o rosto dele, mas Alex não demonstrou reação.

Entraram no carro e saíram rapidamente, como se nem houvessem trocado uma palavra sequer.

– E agora, tia?

– É a nossa deixa.

– Você... você não está planejando entrar lá, está?

– O quê? Eu não conto se você não contar!

– Mas... invasão de domicílio é crime!

– Eu sei. Mas ficar com dúvidas me martelando a cabeça também é.

– Não é não.

– O que foi? É juíza agora? Deixa comigo, ok? Você fica aqui no carro. Resolvo isso logo. Preciso ver se encontro um contrato. Aquele logo... parecia muito com o da Hit Parade. E não acho que Ruan fechou contrato por causa de Alex.

– Do que está falando, tia?

Dei um tapinha no rosto dela.

– Se eu não voltar logo, chame a poli...não, não chame ninguém. De jeito nenhum. Sério.

– Ok...

Saí do carro resoluta. Sabia que encontraria algo, qualquer coisa.

Pulei o muro e rondei a casa em busca de uma janela aberta. Não havia cachorro, nem alarme, nada...que menina mais segura de si. Não tem juízo algum.

Afinal, qualquer mulher mais sem juízo do que ela poderia entrar para vasculhar a casa.

Munida de uma lanterna e minha falta de bom senso, encontrei uma pequena janela no fundo, entreaberta. Esprimi meu corpinho para passar e caí no tapete da sala. Ajeitei meu sobretudo e comecei a tarefa. Provavelmente ela ia demorar; a imprensa é muito insistente. Mesmo que desistissem do cinema ou seja lá o lugar que fossem, levaria pelo menos uns vinte minutos para se livrar da mídia.

Abri e fechei gavetas, procurando não deixar rastros, deixando tudo como estava antes. Quase não haviam partituras na casa, apenas muitas letras de música e muitos DVDs, além de fotos dela por toda a parte. Comecei a sentir aversão daquela menina. Cada vez que me virava e topava com um retrato, dava um grito. Não que ela fosse feia, mas as fotos dela eram tão grandes que parecia que estava cercada de uma multidão de clones de Lucy.

Quando entrei no quarto absurdamente vermelho dela, vi uma gaveta do criado mudo semiaberta. Andei devagar, abri a gaveta e me deparei com um contrato da agência de Ruan. O contrato dizia que Lucy teria exclusividade com a agência dele por um preço absurdo. Estava falando de centenas de milhares de reais.

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