III》 Depois da reunião

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  Fui tomar um café, depois da reunião com o meu novo chefe. Sozinha,  aos poucos, assimilei tudo o que se tinha passado.

Credo aquele homem nunca está quieto.

   Ainda não estava conformada com o facto de a Juliana me ter trocado por dinheiro, sendo assim, fui até ao seu gabinete.
Vi a sua nova assistente sentada na minha secretária e ignorei as palavras que supostamente iriam-me proibir de entrar no meu destino.

-Você não pode entrar aí, não tem permissão! - disse sentada.

  Ela levantou-se quando abri a porta... Fiquei especada a olhar para a minha ex-chefe em cima de um dos advogados da empresa. Ainda a tempo, fechei a porta à chave, em um modo um pouco automático, para a "assistente" não ver nada.

-Maria? Que fazes aqui?- concertou-se.

  O homem que estava sentado levantou-se atrapalhado e a assistente continou a bater na porta.

-Abre a porta. - A Juliana falou para mim.

-É melhor ele sentar-se e acalmar isso.- olhei para o "material" do homem. Ele virou-se, e eu abri a porta.

-Desculpe Senhora, não a consegui impedir. - o voz da nova assistente saiu alterada.

-Deixe estar, pode ir. - ordenou Juliana.

Fiquei calada à espera que a Juliana manifesta-se novamente.

-Que queres? Não vieste em boa altura.

-Quero saber o porquê-  confessei.

-Quer que me vá embora? - perguntou o advogado. Achei piada ao facto de a tratar por você.

-Não, eu quero que fiques, já tu... - Juliana olhou para mim.

Se calhar era melhor ir embora, não queria que me estragassem um momento em que me podiam levar ao paraíso.
Mas que culpa tenho de não terem fechado a porta?

- Desculpem-me, vou retirar-me, aconselho a fecharem a porta às chaves! - encarei a Juliana séria, mas não consegui conter um sorriso quando olhei para o homem que estava com ela.

-Depois eu falo contigo, prometo.

"Prometo" foi a última palavra pronunciada. Desejei que se lembra-se de que eu levo as promessas bem a sério.
A próxima e última paragem foi a minha casa. Não estava a fazer nada na empresa, o Senhor Miguel tinha-me dado o resto do dia de folga, por isso, fiz questão de aproveitar.

- - -

19:33 A companhia deu sinal da sua existência.

Mas quem seria?

 Pedi aos céus para  que não  fossem aquelas pessoas que andam de casa em casa a bater à porta a pedir alguma coisa. 

  Abri a porta e vi um rosto conhecido.

-Olá! - xxx

- Olá Eduardo, entra.

-Obrigada por me receberes. - cumprimentou-me.

-Já disse que podes aparecer quando quiseres. - ele deu um pequeno sorriso- então que te trás por cá?

-Lembras-te da festa de que te falei?

-Sim claro, quem é que esquece uma festa num sítio tão chique?

-Eu não quero ir, mas a minha irmã quase implorou e pediu-me para te levar.

-A mim?

- Não, a vizinha.

- Queres que a vá chamar? - ri-me .

- Adoraria, ela tem cá um cuzinho, mas isso fica para outro dia. Alinhas vir comigo?

- Mas porquê que ela pediu que fosse?

- Ela acha que tens bons modos, o que eu discordo plenamente.

- Só porque não quero desiludir a tua irmã e provar que até tenho "bons modos", eu alinho. Já agora o senhor gostaria que lhe servi-se algo? Não tem sede? - tentei agir como uma pessoa que apresenta bons modos.

- Aceitaria um copo.

- Eu vou buscar, com licença.

  Levantei-me e fui à cozinha, quando voltei entreguei-lhe o copo e sentei-me ao lado dele.

-Estas a gozar? - disse ele a olhar para dentro do copo que não continha nenhum liquido lá dentro.

- Foi o que pediste!

Visualizei o peito dele aumentar, queria conter algo, segundos depois só senti as mãos dele nas minhas curvas a tentar fazer-me cocegas.

- Para com isso, Dudu!

-Só nos teus sonhos. - continuou.

  Enquanto eu tentava-me defender as nossas posições mudaram, já não estávamos sentados lado a lado, eu encontrei-me encurralada e deitada no sofá por baixo dele. Os risos abafaram, ficamos calados a olhar para os olhos um do outro.

-M... - ele sussurrou a letra inicial do meu nome e acariciou a minha cara.

-Eu estou presa.

- É pelos teus maus modos. - sorriu, a sua mão continuou na minha cara.

Beija-me logo! Vai demorar muito?


-Eu não fiz nada de errado.

Será que vai acontecer algo?

-Hoje não te posso satisfazer, não é justo.

  O Eduardo fala com tranquilidade o que provou em mim repulsa.

-Então sai de cima de mim! - quase gritei.

  Tentei afasta-lo ao levantar-me e empurra-lo com os meus braços, só que as coisas não correram nem como eu tinha previsto ou como ele queria. Quando utilizei os braços e as minhas mãos para o afastar ele agarrou-me os pulsos para estar quieta, no entanto, não se equilibrou e a cabeça dele bateu na minha com alguma força.

-Aau!! - queixamo-nos ao mesmo tempo.

-Fogo M podias ter estado quieta!- reclamou. - eu saia, não precisavas de ter-me empurrado.

-Então não me agarravas! Deste a entender que querias ficar naquela posição.

-Desculpa. - pressionou a mão na testa para ver se a dor se ía embora mais depressa. - Isto ainda está a doer...

- A mim também, vou ver se existe alguma coisa no congelador que dê para desenrascar.

  Peguei num pacote de ervilhas congeladas e outro com miolo de camarão, regressei para a sala e lá estava  ele meio deitado meio sentado no sofá com a mão na testa.

-Muito obrigado.- agradeceu-me quando lhe entreguei um dos pacotes.

-De nada. Espero que isto não faça nenhuma marca.

-Não dava jeito nenhum, ainda tenho que ir a um jantar hoje.

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