IV》 Surpresa

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   22:04

 Acabei por ficar deitada no sofá com o pacote de camarões na cabeça.
Não parei de pensar no que tinha acontecido e no que já tinha acontecido entre nós. Finalmente quando os meus pensamentos já estavam mais calmos e eu tinha quase a certeza que ia adormecer ali a campainha voltou a tocar.

     Quem será agora?

Com dificuldade lá levantei-me e caminhei lentamente até à porta. Quase a abrir a porta, a campainha tocou novamente.

Fogo, impaciente!


Abri a porta já quase a reclamar, mas calei-me quando vi quem é.

- Olá, posso entrar? - ×××

Faço uma cara muito irónica e dou passagem para ela entrar.

-Que te aconteceu? - disse ××× preocupada

Não lhe respondi e continuei calada até chegarmos à sala.

-Vai direta ao assunto Juliana.

-Eu disse que depois falava contigo. - recordou a promessa que fez.

-Ótimo, podes começar a falar.

-E tu podes parar de ser arrogante.- não respondi - Desculpa Maria! Devia ter perguntado qual era a tua opinião sobre o assunto, mas para quê desperdiçar tempo com isso? Eu não aceitaria a proposta se isso não te beneficiasse.

- Eu fui moeda de troca! Ele deu-te dinheiro para me ter. A única beneficiada foste tu. Por minha causa,  por causa do meu trabalho, o que ainda é mais ridículo. É a isto que chamas amizade?

-Sim. - vi-a a conter um sorriso.

- E ainda vens para aqui brincar com a situação!

-Não mistures as coisas, trabalho é uma coisa, amizade é  outra.

-Como queiras.

Mas com quem é que estava  a falar? Eu não conhecia este lado da Juliana.

- Sobre o teu trabalho... Agradeço imenso estes anos ao meu lado como minha assistente. Consequentemente à mistura surgiu a nossa amizade, por isso mesmo, aceitei a proposta que o Miguel me fez.

-Um aumento. Para destruir a nossa amizade só se for!

- O aumento que recebi é para  concretizar um sonho nosso.

- Que sonho?

Um silêncio invadiu a sala, a Juliana em vez de responder-me agarrou na carteira com o objetivo de tirar algo de lá. Senti a vontade de mandar-lhe parar de mexer na mala e me contar logo o que era. Consegui controlar-me e logo de seguida ela, finalmente, tirou o que procurava.

-Toma, acho que vais perceber quando abrires a caixa. - entregou-me uma caixa retangular não muito grande.

Quase parece uma caixa para alianças! Será que me vai pedir em casamento? NEM EM SONHOS QUERO CASAR COM ELA. Como isso pode ser um sonho nosso?

Ao abrir a caixa  avistei um objeto prateado com uma forma irregular para ser uma aliança ou qualquer coisa de uma joalharia.

-Uma chave?- interroguei-a ainda sem perceber.

-Sim!

-O que isto significa?

-Estás um bocado lerda, deve ser da pancada- olhou para a minha testa fazendo uma pausado demorada até ganhar coragem e contar de uma vez o porquê daquilo tudo- Eu comprei uma casa para nós vivermos juntas.


O Quê??

Faço uma cara de espanto por breves segundos.

- É verdade, acredita. Essa é a tua chave!

- Eu não sei o que dizer...

Não sabia mesmo.

-Como eu já não te suportava mais no meu trabalho, agora até quero que venhas viver de baixo do mesmo teto que o meu. - brincou um pouco.

-Porque não me contaste logo? De facto, a troca até não é má. -comentei.

-Queria te fazer uma surpresa mas pelos vistos quase estraguei a nossa amizade.

-Desculpa! Obrigada, obrigada, eu adorei.

Demos  um abraço prolongando e depositei-lhe vários beijos nas bochechas.

-Afasta-te tens a testa fria.-  pediu, recordando-me do embate com o Eduardo.

-Desculpa... está muito vermelho?

-Não, mas afinal o que se passou?

-Eu e o Eduardo...

-O sexo foi assim tão selvagem para se magoarem? - interrompeu-me.

-Não! Nem um beijo demos. Estávamos deitados no sofá, não provocamos muito, mas ele disse que não me ia satisfazer. Não gostei e tentei empurra-lo, ele agarrou-me os braços e desequilibrou-se.

- Gostava de ter presenciado isso.

- Se quiseres a dor ofereço-te!

- Não, obrigada. Só aconteceu isso?

-Sim, ele já estava atrasado para um jantar e teve que ir.

-Com quem?

-Não sei.

- Vocês praticamente já namoram, ou ele foi jantar com outra?

-Não sou vidente, desculpa.

-Deixa lá, não fiques com ciúmes.

-Nós não temos qualquer tipo de relação, ele faz o que quer. Além disso sabes muito bem que não gosto de cenas de ciúmes.

-Notou-se quando viste o teu ex com outra.

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