Nove horas era o que marcava o relógio, parecia que já estava no final do dia, mas ainda só tinha trabalhado duas horas. Desbloqueei o telemóvel para aliviar um pouco, mas só piorou. Tinha uma notificação e quando abri não podia acreditar no que via. O Eduardo tinha acabado de me enviar uma foto de uma revista e para minha surpresa eu estava nela com o Miguel. Dizia que estávamos noivos! Como?
O melhor a fazer era contar ao Miguel, não sabia que as revistas davam tanta importância à vida pessoal dele. Bati à porta e esperei pela permissão dele.
-Estou a interromper algo importante? - pergunto.
-Tudo o que eu faço é importante! Mas estava a precisar de uma pausa se quiseres falar não te impeço.
-Se a pausa é para aliviar a pressão acho que não venho aqui ajudar.
-Aconteceu algo?
-Vê por ti. - entreguei-lhe o telemóvel e esperei pela reação dele.
-Achas que pode ter atrapalhado a tua relação? - devolve-me o telemóvel.
-O quê?- disse desentendia.
-Tu e o Eduardo. Desculpa eu costumo ignorar o que dizem sobre mim, não queria que tivesses envolvida nisto. Não devia ter ido contigo.
-Eles perseguem-te?
-Às vezes. Queres que os processe?
-Não, deixa estar, as pessoas são estúpidas se acreditarem nisso.
- E o Eduardo?
-Que tem?
-Vocês...
-Eu resolvo isso. Vamos ignorar o que estão a dizer sobre nós?
-Se não te importares.
-Importo-me porque eles pensam que o anel é de diamantes e eu não gosto de diamantes.
- É melhor tirarmos uma foto do anel e enviar não achas?
-Brincar com a situação é a melhor coisa que podemos fazer.
-Obrigado por seres tão compreensiva, é irritante saber que te envolvi, porque se fosse só sobre mim eu ignoraria completamente. Só espero que não comessem a seguir-te, qualquer coisa apresentamos queixa.
-Não te preocupes, é melhor voltarmos a trabalhar.
-Podias-me ir buscar o café?
-Claro. Até já.
17:42
No final da tarde decidi encontrar-me com o Eduardo para esclarecemos as coisas. Quando cheguei ele já estava no estabelecimento, aproximei-me dele e cumprimentei-o com um abraço.
Está tudo bem?- perguntou-me após nos termos separado.
-Sim e tu?
Acenou que sim com a cabeça perguntando ao mesmo tempo se ando a dormir bem. O interrogatório até onde ele queria chegar estava só no início, respondi novamente sim e mandei-lhe ir diretamente ao assunto que nos trouxe ali.
-É verdade?
-Eu e o Miguel? Que achas?
-Só tu é que me podes dizer. És a única fonte verdadeira.
-Óbvio que não temos nada para além de uma relação profissional.
-Se fosse assim não estariam naquela casa juntos e muito menos ele se tinha ajoelhado diante de ti.-pausa- Ou vais me dizer que é photoshop?
-Não, não é.
Se calhar já não é bem só uma relação profissional ...
Ambos sabíamos que não íamos sair dali até contar-lhe tudo a respeito do ocorrido.
Que vou dizer primeiro?
Com alguns detalhes fui lhe explicando o porquê de estar ao serviço do Miguel, contando-lhe que em breve ia morar com a Juliana.
-A foto da revista foi tirada na minha nova casa.
-E o Miguel estava lá porque...
-A Juliana pediu-lhe para ele ir. Não vale pena perguntares porquê pois eu não sei.
-E isso envolvia um pedido de casamento?
-Foi a gozar. Nem sequer havia anel.
- Pensava que ele era mais serio.
-Ali supostamente não precisava de estar preocupado com nada. Estávamos descontraídos.
-Gostaste?
-Sim foi interessante, nem acredito que vou mudar de casa.
-Isso é bom! Vais ter companhia e tudo. Vamos ter é que ter mais cuidado com o barulho que fazemos. -concluiu.
Automaticamente imagens com o Eduardo na cama ou em algum lugar "seguro" surgiram fazendo-me recordar o que senti naquelas alturas.
- Acho que devíamos despedir-nos da casa.
18:08
Tentava abrir a porta de casa, enquanto, o Eduardo por detrás de mim, se livrava do meu cabelo do lado esquerdo para de seguida dar leves beijos desde o ombro até ao pescoço. Entramos assim que abri a porta fechando-a logo, estávamos às escuras, pois, tínhamos as nossas mãos ocupadas. A luz do corredor acendeu, ou eu estava louca ou tinha acabado de ouvir "filha?".
-Para!- sussurrei.
Olhei na direção da luz e vi uma figura maternal aparecer.
-Mãe?
-Olá filha. Paulo vem cá.- chamou pelo meu pai.
Esperei que o meu pai chegasse à sala antes de falar. Analisado as expressões da minha mãe podia perceber que estava admirada e confusa. Assim que ele chegou cumprimentei-o.
-Olá pai. Não estava a vossa espera.
-E eu não estava a espera de saber do teu noivado a partir de uma revista cor de rosa. - protestou a minha mãe.
-Mãe é uma revista cor de rosa é suposto não acreditares nas coisas que dizem!
-Foi o que lhe disse.- contou o meu pai com um sorriso na cara.
-Não me mintas filha. E ainda por cima estás a trai-lo. Como consegues?-olhou para o Eduardo.
-Eu não estou a trair ninguém.
-É verdade, deixe-a explicar-se.- pediu o Eduardo.
-Sim Carla a nossa menina tem esse direito, não a podes julgar sem o testemunho dela.-disse o meu pai com calma.
Expliquei tudo o que se andava a passar, já era a segunda vez naquele dia que explicava a origem daquela foto. Com algum esforço eles conseguiram entender e finalmente após estar tudo esclarecido partilhamos uns poucos de abraços matando as saudades.
- E o Eduardo é?- questionou a minha mãe.
-Somos amigos. - acabei com a curiosidade dela.
-Amigos coloridos, não?- apostou o meu pai.
Arruinaste o momento e ainda estás a perguntar isso?
-Acima de tudo amigos. - esclareceu o Eduardo.
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Relações ♥🖤🤍
RomanceA base de todas as relações começa com uma amizade. E como se constrói uma amizade?