VII》Escândalo

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Nove horas era o que marcava o relógio, parecia que já estava no final do dia, mas ainda só tinha trabalhado duas horas. Desbloqueei o telemóvel para aliviar um pouco, mas só piorou. Tinha uma notificação e quando abri não podia acreditar no que via. O Eduardo tinha acabado de me enviar uma foto de uma revista e para minha surpresa eu estava nela com o Miguel. Dizia que estávamos noivos! Como?

O melhor a fazer era contar ao Miguel, não sabia que as revistas davam tanta importância à vida pessoal dele. Bati à porta e esperei pela permissão dele.

-Estou a interromper algo importante? - pergunto.

-Tudo o que eu faço é importante! Mas estava a precisar de uma pausa se quiseres falar não te impeço.

-Se a pausa é para aliviar a pressão acho que não venho aqui ajudar.

-Aconteceu algo?

-Vê por ti. - entreguei-lhe o telemóvel e esperei pela reação dele.

-Achas que pode ter atrapalhado a tua relação? - devolve-me o telemóvel.

-O quê?- disse desentendia.

-Tu e o Eduardo. Desculpa eu costumo ignorar o que dizem sobre mim, não queria que tivesses envolvida nisto. Não devia ter ido contigo.

-Eles perseguem-te?

-Às vezes. Queres que os processe?

-Não, deixa estar, as pessoas são estúpidas se acreditarem nisso.

- E o Eduardo?

-Que tem?

-Vocês...

-Eu resolvo isso. Vamos ignorar o que estão a dizer sobre nós?

-Se não te importares.

-Importo-me porque eles pensam que o anel é de diamantes e eu não gosto de diamantes.

- É melhor tirarmos uma foto do anel e enviar não achas?

-Brincar com a situação é a melhor coisa que podemos fazer.

-Obrigado por seres tão compreensiva, é irritante saber que te envolvi, porque se fosse só sobre mim eu ignoraria completamente. Só espero que não comessem a seguir-te, qualquer coisa apresentamos queixa.

-Não te preocupes, é melhor voltarmos a trabalhar.

-Podias-me ir buscar o café?

-Claro. Até já.

17:42

No final da tarde decidi encontrar-me com o Eduardo para esclarecemos as coisas. Quando cheguei ele já estava no estabelecimento, aproximei-me dele e cumprimentei-o com um abraço.

Está tudo bem?- perguntou-me após nos termos separado.

-Sim e tu?

Acenou que sim com a cabeça perguntando ao mesmo tempo se ando a dormir bem. O interrogatório até onde ele queria chegar estava só no início, respondi novamente sim e mandei-lhe ir diretamente ao assunto que nos trouxe ali.

-É verdade?

-Eu e o Miguel? Que achas?

-Só tu é que me podes dizer. És a única fonte verdadeira.

-Óbvio que não temos nada para além de uma relação profissional.

-Se fosse assim não estariam naquela casa juntos e muito menos ele se tinha ajoelhado diante de ti.-pausa- Ou vais me dizer que é photoshop?

-Não, não é.

Se calhar já não é bem só uma relação profissional ...

Ambos sabíamos que não íamos sair dali até contar-lhe tudo a respeito do ocorrido.

Que vou dizer primeiro?

Com alguns detalhes fui lhe explicando o porquê de estar ao serviço do Miguel, contando-lhe que em breve ia morar com a Juliana.

-A foto da revista foi tirada na minha nova casa.

-E o Miguel estava lá porque...

-A Juliana pediu-lhe para ele ir. Não vale pena perguntares porquê pois eu não sei.

-E isso envolvia um pedido de casamento?

-Foi a gozar. Nem sequer havia anel.

- Pensava que ele era mais serio.

-Ali supostamente não precisava de estar preocupado com nada. Estávamos descontraídos.

-Gostaste?

-Sim foi interessante, nem acredito que vou mudar de casa.

-Isso é bom! Vais ter companhia e tudo. Vamos ter é que ter mais cuidado com o barulho que fazemos. -concluiu.

Automaticamente imagens com o Eduardo na cama ou em algum lugar "seguro" surgiram fazendo-me recordar o que senti naquelas alturas.

- Acho que devíamos despedir-nos da casa.

18:08

Tentava abrir a porta de casa, enquanto, o Eduardo por detrás de mim, se livrava do meu cabelo do lado esquerdo para de seguida dar leves beijos desde o ombro até ao pescoço. Entramos assim que abri a porta fechando-a logo, estávamos às escuras, pois, tínhamos as nossas mãos ocupadas. A luz do corredor acendeu, ou eu estava louca ou tinha acabado de ouvir "filha?".

-Para!- sussurrei.

Olhei na direção da luz e vi uma figura maternal aparecer.

-Mãe?

-Olá filha. Paulo vem cá.- chamou pelo meu pai.

Esperei que o meu pai chegasse à sala antes de falar. Analisado as expressões da minha mãe podia perceber que estava admirada e confusa. Assim que ele chegou cumprimentei-o.

-Olá pai. Não estava a vossa espera.

-E eu não estava a espera de saber do teu noivado a partir de uma revista cor de rosa. - protestou a minha mãe.

-Mãe é uma revista cor de rosa é suposto não acreditares nas coisas que dizem!

-Foi o que lhe disse.- contou o meu pai com um sorriso na cara.

-Não me mintas filha. E ainda por cima estás a trai-lo. Como consegues?-olhou para o Eduardo.

-Eu não estou a trair ninguém.

-É verdade, deixe-a explicar-se.- pediu o Eduardo.

-Sim Carla a nossa menina tem esse direito, não a podes julgar sem o testemunho dela.-disse o meu pai com calma.

Expliquei tudo o que se andava a passar, já era a segunda vez naquele dia que explicava a origem daquela foto. Com algum esforço eles conseguiram entender e finalmente após estar tudo esclarecido partilhamos uns poucos de abraços matando as saudades.

- E o Eduardo é?- questionou a minha mãe.

-Somos amigos. - acabei com a curiosidade dela.

-Amigos coloridos, não?- apostou o meu pai.

Arruinaste o momento e ainda estás a perguntar isso?

-Acima de tudo amigos. - esclareceu o Eduardo.

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