Logo de manhã acordei com ela acariciando meu braço, de forma bem calma, podia não parecer, mas ela queria alguma coisa, estava completamente óbvio o que era, só que eu a recém tinha acordado e resolvi perguntar logo "O que tu quer?", ao invés de ficar pensando ficar pensando. E claro ela disse "Eu quero uma tatuagem... Posso ter uma?" Não intendi porque ela tava pedindo pra mim, e pior que eu concordei, eu só queria voltar a dormir e ela levou a sério o que eu disse.
Além de eu acordar mais cedo do que eu queria, fiquei com uma puta dor de cabeça, e uma dor pior ainda no estômago por causa da bebedeira da noite passada... Sem contar que teria que encarar o estranho, vulgo pai dela.
E por que estranho? Ele é bizarramente do mal quando se trata de sua filha, na verdade a família inteira é super protetora com a caçula, que é ela. E porra o pai dela, o senhor Jones, como gostava de ser chamado, tinha 69 anos e estava solteiro, quando ele se sentia solitário ele reunia todos os seus dez, sim dez filhos naquela casa, e como eu havia dito super protetores... Eles me odiavam também, mas eu estava nem aí pra eles só me preocupava com a Rebecca.
Claro os filhos mais velhos do Senhor Jones ja tinham até a própria família, o que enchia a casa mais ainda, mas nesse caso com netos. Que seriam primos da Rebecca que eram entre crianças ou adolescentes que aceitavam o nosso relacionamento numa boa, principalmente o Charlie, que era gay em segredo na família, nós guardávamos esse segredo e ele nos apoiava, "uma troca justa" ele dizia às vezes.
Lá dentro, durante esses dias eram olhares voltados a mim a todo instante, como eu poderia convencer o Senhor Jones a deixá-la fazer uma tatuagem, sendo que nem estava querendo apoiar isso, claro eu não apoiava porque eu queria estar dormindo, mas fui... Era eu e o Senhor Jones no balcão da cozinha enquanto o restante da família estava na entrada, não era exatamente lá dentro então não considerei uma ameaça.
Ele começou a conversa de forma sutil "O que você quer?" Só que não, sempre um ignorante comigo, nunca tinha feito nada de errado para ele, mas eu estava de saco cheio, fui direto ao ponto "A Rebecca quer fazer uma tatuagem. E me mandou aqui para te pedir isso", estava pronto para levar uma não e decepcionar a Rebecca, sendo que eu nem ia me importar, mas teria que consolá-la e provavelmente ainda teria que dar um sorvete pra ela, ela é brava e fofa quando necessita de um sorvete.
Mas não foi necessário, eu paro pra pensar e ainda acho essa cena ridícula, eu estava roendo a unha e esperando o "NÃO", que óbvio ele iria gritar na minha cara e ser apoiado pela família que supostamente não estava dentro da cozinha, mas que agora já estavam perto até demais de mim, até o Charlie tava do meu lado, ele pelo menos me apoiava, e não sei por que ele tava roendo unha junto comigo, ele me olhava de um jeito estranho enquanto fazia aquilo, uma bela distração até ouvir um bom e calmo "É claro", fiquei boquiaberto, ele realmente tinha concordado, ele tinha mais a dizer.
Mas primeiro ele cessou aquela gritaria das 9 pessoas que eram contra a tatuagem, acho que na verdade eles estavam contra mim e não ao o que eu propus, dava pra sentir isso muito bem, ele mandou todos saírem dali, o Senhor Jones sabia impor respeito, mas também eram seus filhos isso deixa mais fácil.
Só havia restado os três a favor no local, Charlie não parecia que iria se manifestar, estava ali apenas para saber o resultado, e lembro muito bem dele saindo do meu lado e pegando garrafas de cerveja, uma pra cada, Charlie parecia tão adulto quando nos disse "bebam, relaxem e parem de sentir esse ódio um pelo outro", tinha até um toque hippie. Os dois já haviam aberto as suas e tomado o primeiro gole, eu não conseguia nem olhar para aquilo, estava com dor de estômago ainda, os dois viam aquilo de forma positiva, eu não sair bebendo tudo de uma vez só, imagina se eles soubessem a verdade.
Foram largando suas garrafas no balcão, e o senhor Jones começou a dizer "você é responsável, sabia? Sempre cuidou da minha filha. Eu sei que até mesmo você não quer que ela faça essa tal tatuagem, mas eu me lembro...", não estava acreditando que ele, o senhor Jones, aquele que não demonstrava sentimentos ao meu favor falou aquilo e ainda queria falar "... Quando tinha 17 anos também queria fazer todas essas coisas, mas me segurei. Só depois de woodstock no dia em que engravidei minha primeira mulher que resolvi fazer uma, eu não quero dizer que esperar ou fazer agora é o melhor caminho. Só quero que ela saiba o que está fazendo em seu corpo e não se arrependa disso.", pra mim aquilo pareceu uma metáfora e ele queria dizer que o amor entre eu e a Rebecca poderia estar no fim,
só de pensar que o corpo seria a mente dela e as tatuagens seriam nossos momentos gravados em sua mente e que manter isso seria um arrependimento vez eu ficar com um sentimento de vazio em meu corpo, fiquei com as mãos tremendo e coloquei uma delas na garrafa enquanto outra ficava em meu bolso, logo em seguida ouvi "eu abro pra você!" Depois do som da tampa caindo no balcão um silêncio total, só ouvia meu coração batendo mais forte gradativamente, tomei o primeiro gole daquilo e voltei ao normal, o que pode se dizer normal, e tentei ir de volta ao quarto da Rebecca.
Charlie não iria deixar, ele não só apenas me segurou pelo ombro, falou várias coisas que já haviam acontecido naquela família e o Senhor Jones foi completando, eles queriam me acalmar, esse dois percebiam muito bem o que a pessoa realmente sentia é sempre falavam coisas que iriam acalma-lá ou deixá-la irritada.
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Mudanças Pelo caminho
Teen FictionPor volta dos meus 15 anos sempre fui diferente visualmente para as outras pessoas, eu era aquele mais cogitado como, o esquisitão que tá sempre sozinho. Realmente eu só queria ficar na minha de forma calma e não me meter em briga ou provocações nov...