Éramos de turmas separadas, era sempre um alívio quando estava na aula e tinha a Rebecca bem longo de mim, só que agora isso seria um problema não dava para eu ficar longe dela por muito tempo...
E agora tinha de estar atento, aquela escola transbordava preconceito de uma forma muito ridícula. Tive que levá-la em casa, me lembro bem dela arrumando o cabelo para esconder o olho, ficou clima muito pesado entre nós durante o caminho, era um pouco novo para mim não sentir ódio pela Rebecca, e provável que ela ainda sentisse culpa... Deu pra quebrar esse clima depois de um tempo, parecíamos até felizes andando de mãos dadas pela calçada.
Cheguei na frente da casa dela e ja ia ir embora, só que a Rebecca te incomoda, até você fazer o que ela quer e ficou me incomodando pra entrar, então fiz isso de uma vez pra ela calar a boca, só não achei que assim que entrasse ela iria sumir e me deixar na sala vendo um reality show de merda da MTV, jurei que se ela não volta-se logo eu ia embora, simplesmente me levantar e sair pela porta.
'Até que enfim ela voltou', foi o que pensei, mas não foi o que eu disse, na verdade não tive tempo para dizer nada, novamente, ela ficou na minha frente me olhando e disse "vamos ao meu quarto, você vai adorar", não era como se ela não estivesse tímida, estava completamente tímida e até corada... ela não parava de me olhar com aquele olho verde lindo, pena que o outro tava fechado pelo roxo.
À Rebecca queria me levar, me puxou pela mão, só que assim que subimos as escadas ela disse "Gabriel?! Sei que pareço confiante, mas não vou conseguir", já havia percebido a timidez dela antes, só que ela sabia que queria, coloquei ela em meus braços, e no final nem acreditei que estava namorando com a pessoa que mais odiava.
O pai dela havia chegado algumas horas depois, e a Rebecca entrou em pânico! E eu só pensei isso na hora 'to mais fodido que ela!!!' ela me deixou colocar só a calça e me expulsou pela janela. Meus matérias, celular e o resto das roupas ficaram lá, eu não podia fazer nada além de ir pra casa naquela chuva fria. Era apenas eu na rua correndo até em casa.
Assim que coloquei o pé em casa já pude ouvir minha mãe me perguntar "que horas tu saiu de tarde?!", apenas respondi "mas eu To chegando em casa, só agora, nem sai nada!!!", o mais legal dessa conversa com minha mãe foi que ela não se preocupou com o filho ter chegado em casa só usando calça e todo molhado, minha mãe é incrível, mas não sei dizer se ela é uma boa mãe em certos casos. Dei sorte de não ter pego um resfriado, mas foi um puta azar não pegar todas as minhas coisas, principalmente o meu casaco favorito, o resto nem me importava muito.
Pensando melhor, ainda bem que ela me deu a calça ao invés do casaco, senão eu teria que ter ido pra casa usando o casaco como se fosse uma saia e isso não seria nada legal.
Tive que ir pra escola sem o meu casaco, foi estranho, eu odiava mostrar a minha tatuagem, cada um que passava olhava torto pra mim, e claro os mais velhos falavam pelas costas "o que esse moleque fez no braço?!" Aquilo era irritante, sei que não era uma das melhores tatuagens que poderia ter feito, mas fiz algo que eu achava legal é que ninguém entendia, se pelo menos eu estivesse com meu celular podia estar ouvindo música e ignorando todos.
Estava muito nublado durante a entrada, lembro de ter ficado com receio de chuva e molhar o caderno que levei, na mão mesmo já que estava sem mochila... Após um tempo, virou um dia chuvoso bem melancólico, deveria ter ficado revoltado com isso, mas eu tava pouco me fudendo, era só água e era apenas um caderno.
Adorava o fato de que quando chovia ou estava simplesmente nublado demais, quase todos os alunos faltavam e aquilo abria brechas para aulas vagas. Um tempo só meu pra relaxar, sendo que eu deveria estar estudando, também adorava ser contraditório, sempre fui mesmo.
Agora não estava fazendo nada além de esperar por ela com as minhas coisas e também estava pensando se devo me manter neste ideal ou largar tudo, quase tudo, pelo menos não mudar drasticamente que nem ela, aos poucos vou chegar no novo ideal.
Mudar vai ser ruim...era o que eu achava.
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Mudanças Pelo caminho
Novela JuvenilPor volta dos meus 15 anos sempre fui diferente visualmente para as outras pessoas, eu era aquele mais cogitado como, o esquisitão que tá sempre sozinho. Realmente eu só queria ficar na minha de forma calma e não me meter em briga ou provocações nov...