(06) It's not your fault.

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     No dia seguinte houve um imprevisto, Taehyung amanheceu doente. Começou na hora do café, quando não quis comer nada e alegava estar com tontura e sentindo frio, características essas que não faziam parte dele que já acordava com uma fome desgraçada, sempre disposto e com o solzinho agradável que fazia.

     Os reis com medo de que fosse contagioso, mandaram o filho ficar de repouso no quarto, trancado.

     -Mas pais...tenho deveres para cumprir...  -Falou de maneira fraca o príncipe, em meio a tosses secas que lhe castigavam a garganta.

    -O melhor a se fazer nessas situações é esperar o médico chegar, querido. O curandeiro já foi chamado então fique na sua cama quietinho e poupe suas forças.

      Bufou levemente e se colocou a marchar como um zumbi até o quarto, parecia que vestia botas de ferro. A barriga vazia de nada lhe tirava a paz todavia a dor nas juntas transformavam a situação num inferno.

     A barra da sua calça do pijama arrastava no chão, produzindo um leve barulho, o mesmo que fazia quando pequeno andava devagar até o quarto dos pais em plena noite arrastando um cobertor pois tinha medo de algo que vira.

     Por falar em ver coisas, ele tinha saudade disso. Sentia falta das aparições do irmão, dos amigos desafortunados que infelizmente nasceram em posições mais baixas que ele e por conta disso foram separados. Oh, que saudade sentia da adrenalina caindo em sua corrente sanguínea quando escapulia das garras da nobreza para buscar conforto nas palavras sussurradas dos camponeses que tanto sentia apreço. Dos conselhos do irmão mais velho vivo? Do morto? Deixavam um vazio em seu coração.

      O jovem até pensou em fugir do castelo, mas com aquela dor incômoda nos joelhos, cotovelos e até nas dobras dos dedos não ajudaria muito. Vai que desmaiava no meio do caminho ou ficasse fraco demais para subir de volta? Pelo menos dessa vez o pequeno príncipe teve uma decisão sensata.

     Conseguiu ao menos entrar no quarto, fechou a porta mas não a trancou pois o médico logo chegaria e se recusava a levantar apenas para abrir aquela porcaria. Desfeie-se na cama como o mais pesado dos sacos de batatas, nem notou que as pálpebras já pesaram e que um bocejo sôfrego iria romper de sua garganta logo logo ... 

    Dormiu roncando, uma versão masculina da Aurora, uma imagem bela se não fosse pela boca escancarada e a baba...além dos barulhos nem um pouco atraente. Sem esperar que o príncipe encantado do de sua terra chegasse para que o livra-se  da maldição o médico chegou, abrindo a porta bem lentamente, fazendo um som inconfundível.

     -Vossa Alteza...majestade? -Cutucou gentilmente o adormecido.

     De repente os roncos cessaram e os olhos grudados pelas remelas abriram lentamente.

    -Majestade, poderia se sentar para mim, sim?

      O de sangue azul obedece, parece que com a cochilada a dor nos joelhos diminuira.

    -Assim está melhor... -Xiumin põe-se á fuçar em sua maleta algumas coisas, como termômetro, um palito descartável, ervas e o recipiente onde as amassaria.  

   Colocou o termômetro na boca do paciente e esperou até o mercúrio parar de subir. 38 graus, uma puta febre. Com uma precisão e delicadeza de um bom  artesão amassou as ervas certas no pilão, colocou-as no copo que trouxera da cozinha real depois se dirigiu ao banheiro do quarto de Tae, apenas para usar a água da torneira para finalizar o remédio.

     -Beba tudo, essa cara feia aí bota medo nem em barata meu filho, isso pra mim é fome.  -Xiumin falou com um sorriso no rosto, arrancando risadas do enfermo. Graças aos deuses o curandeiro não ia lá com muita frequência, contudo fora ao castelo vezes o suficiente para conhecer o príncipe. Não diria que são amigos...mas colegas que o Santo bateu de primeira.

     Ele bebeu é claro, sabia que o mais velho era bom e experiente no que fazia. Engoliu tudo sentindo a garganta arder, se tinha pimenta na receita? Sei lá, ardido com certeza era. A careta fora inevitável.

    -Não acredito que ainda é desacostumado com o gosto, menino. Já tomou tanto.

    -Se está falando em tomar no cu, isso com certeza.  -Os dois riram como alunos novinhos em aula sobre sexo.

    -É uma figura mesmo, esse futuro rei. Agora me diga...sintomas?.

    -Tirando a febre, cansaço, dor nas juntas, tontura, falta de apetite...

    -Dor nas juntas é isso? Vou dar uma confirmada, deve ser alguma espécie de virose... -Assim fez pegando um livro grosso da bolsa e o folheando rapidamente, os olhos puxados concentrados nas palavras que iam e vinham velozmente.  -Oh sim, exatamente o que imaginei. Se a febre persistir pode ser algo sério, todavia creio que não seja o caso já que os sintomas apareceram cedo. Porem me enganei na primeira alternativa...nada de virose.

     -Ótimo, quanto tempo de cama?. 

     -Três dias de repouso total, nos outros pode se divertir com os seus amiguinhos.

     - A-Amigos? Que amigos? Que tempo tenho para isso?.  -De repente ficou com medo dele ter descoberto sua relação com certos camponeses.

    -Bem creio que os dois jovens que vi a caminho daqui sejam seus amigos, já que o único traço físico que tens em comum é a beleza extraordinária. Pareciam preocupadíssimos com o senhor se me permite dizer.

   -Oh sim...bem...é uma relação complicada...

     Xiumin que torcia uma toalha na pia do banheiro colocou a cabeça para fora apenas para dizer:

   -Ixi tá dando pra um deles, safado? Ou para os dois? Eu hein na sua idade eu comia terra ainda.

      Taehyung não pôde deixar de rir alto, muito alto, por muito tempo ao ponto da barriga doer.

   -Nada disso! Tenho que escolher um deles para casar.

      O sorriso eterno do mais velho vacila por um tempo.

   -Ah sim... casamento arranjado.

    Notando, teve que perguntar:

   -Está tudo bem, hyung?

   -Sim sim...mas sabe, por sermos um reino relativamente pequeno pensei que por um momento, sabe...você...

   -Teria o privilégio de amar? 

   -Isso mesmo.  -Caminhou até o outro e sinalizou para se deitar. Depois de feito colocou a toalha de rosto úmida na testa dele, felizmente notando que o remédio já fizera efeito pois a febre estabilizara.

  -Por sermos pequenos, hyung, acabamos precisando ainda mais de alianças. Imagine que nosso reino seja um camponês, trabalhador guerreiro e forte que apesar da força de vontade todo dia é um desafio para permanecer em pé.

  -Vendo desse ponto de vista consigo entender. Bem, pedirei á Afrodite e Atena que iluminem vosso caminho, alteza.

    -Obrigado. Vou precisar mesmo.

     O curandeiro lavou o pilão, tirou alguns frascos com suas respectivas rolhas.

   -Vou precisar de água fervente para os próximos remédios, então volto logo.

    Saiu deixando um Tae entediado para trás. Que sem um motivo para se manter acordado, dormiu novamente.

    



      Ao mesmo tempo, um Hoseok andava sem rumo pelo castelo. Estava cansado de ir para a biblioteca, sem falar que lugares como aquele o faziam se lembrar... dele... e se não fosse suficiente ainda estava preocupado com Taehyung, não vira sinal do menino desde o café quando o mesmo se mostrava fora da saúde perfeita.

     Estava curioso com relação ao grande palácio da linhagem Kim. Deveria admitir que o decorador (ou os, desconhecia a quantidade dos trabalhadores do lugar porque deixara de ler sobre a construção. Pulara logo para coisas mais interessantes). Tão intrigado que andava por ali desenhando quase tudo que via, para ter uma “cópia perfeita do lugar” quando voltasse para casa.

     Falando em casa, sentia falta dos conselhos sábios dos pais, das palestras semanais dos mais velhos das vilas, da biblioteca com o dobro do tamanho daquela da qual se recusara a sair desde que chegara ali. Até mesmo sentia saudades de Dawon e seu eterno luto. 

     Foi quando vagueando, acabou por se deparar com um moreninho andando em sua direção, olhando para o chão. Aquele que chamava sua atenção parou ao olhar para ele.

     Jung engoliu em seco, desviou o olhar, virou-se  e começou a seguir pela mesma direção da qual viera.

    Reunindo a coragem junto da determinação que guardara todos esses anos, levou a perna direita para a frente  (com um pouco de dificuldade porque seu vestido era justo, apenas uma fenda daquele lado possibilitara esse movimento) bradou:

    -Hey! Preciso falar com você.  -Admirou-se por ter conseguido se manter firme.

    O ruivo congelou no lugar, suando frio, coração apertado. Apostava a vida que o príncipe de Warm Herde jogaria os cachorros em cima dele por conta da morte de Cheol.

    Yoongi andou o mais rápido que conseguiu por conta de sua roupa (inclusive pensava em o trocar depois) tinha medo que o outro fugisse. Chegando perto dele, ainda de costas, tocou em sua mão.

    Hoseok virou rapidamente, quando seus olhos se encontraram o coração de ambos falhou uma batida juntamente com um choque gostoso percorrendo suas espinhas.

   -Sabe... sou incapaz de julgar e jogar a culpa em Dawon pelo que aconteceu.  -Jogou tudo assim, abriu o jogo de bandeja. Sabia que se tentasse falar qualquer coisa com ele mesmo que fosse para passar o sal no jantar o clima ficaria estranho.

    Demorou para assimilar aquelas palavras. Só podia ser uma brincadeira de péssimo gosto.

    - E-Está falando sério?.  -Obviamente teve de perguntar, inclusive estava esperando uma resposta grossa do baixinho, como um “claro que estou te zoando, otário”.

     O Min recolheu sua mão que ainda possuía a ponta dos dedos encostando na dele antes de falar.  -Sim, eu estava lá vendo tudo e acompanhei de perto o amor que nossos irmãos nutriam um pelo outro. Cheol fez uma escolha e com certeza puniria todos aqueles que desrespeitassem sua esposa.

      Em momento algum seus olhos se desgrudaram, com aquele contato misturado com a suavidade das palavras ditas com o mesma sensação de um rap composto por um poeta apaixonado, aquela sensação de alívio carregado de verdade. 

    -Minha irmã não pensou direito também, podemos então dizer que a culpa é exclusivamente da circunstância inevitável?.  -Respondeu sorrindo tentando ser simpático.

    -Claro...podemos sim.  -O ranzinza conseguiu, por um método desconhecido por mim, deixar de retribuir o sorriso com tanta intensidade.  -Aliás nunca nos apresentamos formalmente um ao outro. Satisfação, Min Yoongi.  -Estendeu a mão, a mesma que momentos antes roçava na do outro.

    -Prazer, Jung Hoseok.  -O aperto de mão fora dado em meio aquele clima amigável com uma pitadinha de curiosidade.  -Oras mas por que satisfação?.

    -Saberá um dia, talvez.  -Não conseguiu deixar de rir.  -Acho que me lembro de ti das pouquíssimos vezes que visitei sua terra. Aposto que tem orgulho, Blomma Falt é adorável.

   -Realmente, contudo a arquitetura gótica dos Herdesians me encanta. 

      Claro que não era apenas isso que o encantava, Min Yoongi era um dos homens mais belos e corajosos que já vira. Ao contrário dele, este daqui visitara o território do outro com mais frequência e sempre vira aquela coisinha branca, emburrada e belo senso fashion. O fato de suas roupas serem majoritariamente femininas era um ato tão bravo  de auto afirmação deveras atraente, no entanto não era só isso que lhe chamava atenção no mais velho... já o vira ordenar, mandar e até mesmo discutir com outros.

      Teve que concordar, a voz de Yoongi era linda de morrer (ok, sensual para ser mais exata). O tom autoritário, sutil e refinado apenas colocavam uma pimenta á mais no pacote completo que era aquele pedaço de mal caminho.

     Jung sempre quis puxar assunto com seu cunhado (quando ainda eram isso) mas nunca teve coragem nem sabia o que sentia... atração? Simples admiração ? Tantas alternativas...nada disso importa agora, apenas o fato que eles estavam um de frente para o outro agora. 

    -Então... o que gosta de fazer, saeng?.  -Quebrou o silêncio que durara alguns minutos nem um pouco incômodos, já que ambos haviam perdido a noção do tempo nas faces um do outro.

    -Gosto de ler, escrever... narrativas são as que mais gosto.

    -Ficção, realismo ou verossimilhança? .

    Aprumou as sobrancelhas, o estereótipo que montara sobre o povo rival de nada correspondia com tal indagação, achava que todos daquele lugar eram trogloditas que fugiam de livros como vampiro da cruz. Impressionado define como está agora.

    -Ficção. Para que copiar a realidade se a mesma é limitada e chata o suficiente?.

    -Penso o mesmo. Gosto de ler mas prefiro a música, minha área é mais poemas mesmo.
     -Amor é um fogo que arde sem se ver.  -Começou a citar o de cabelos alaranjados.

    -É ferida que dói, e não se sente. – Já começa a completar.

    -É um contentamento descontente.

    -É dor que desatina sem doer. Esse poema é muito lindo. -Disse o Min.

    -Não sou o maior fã desse tipo de literatura, mas esse em especial me fascina.





     E claro sabemos que não era só isso.






     Continua.





   Assim gente é o seguinte, atualizei rápido porque esses dias estou inspirada e com tempo pra isso, saiu um resultado satisfatório dessa vez! ♡ tudo isso graças aos comentários fofos de vocês.

    A fic tá com quase 500 views no Wattpad e no Spirit tá com mais de 50 favoritos, então vou lançar algo em comemoração! Poxa são números bem grandinhos vai. Nunca dei um centavo por essa belezinha aqui.

    O que querem de especial? Estava pensando em um 50 fatos sobre mim por ser rápido de escrever. Quanto mais cedo me responderem, mais cedo sai.

    Amo vocês meus churros de brigadeiro com amendoim ♡♡
   

   

   

 


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