É, a madrugada fora meio... Conturbada, digamos assim. Os meninos tinham apenas uma hora de sono na biblioteca, quando despertaram ao som de socos e gritos. Estavam todos assustados, o único que previa algo do tipo era o ruivo sempre atento. Ah, ele avisara, tantas e tantas vezes e ninguém lhe dava ouvidos.
Os camponeses haviam dado um jeito de ultrapassar os portões (quebraram? Escalaram? Derreteram as barras? Não sabia dizer por estar razoavelmente longe do conflito, porém isto era de menos. Haviam chegado lá, e que se danem os métodos), uma rebelião estava acontecendo.
-Idiotas... -Bufou Hoseok, na mesma hora em que se tocou do que estava acontecendo longe de sua vista. Claro que naquelas condições, considerando o azul que corria por suas veias, qualquer um poderia supor que ele ofendia os pobres. Muito pelo contrário, amaldiçoava os seus pais que deveriam ser os governantes do povo. Entretanto, obviamente falhavam em sua obrigação.
O herdeiro não tirava a razão da plebe. A terra era deles, nada mais justo eles terem sim o poder de reclamar e até o faziam por meio das assembleias, onde os letrados transmitiam suas preocupações em uma sala específica para esse fim dentro do próprio castelo. Tudo ia as mil maravilhas no começo, até notarem que não se passava de panis et circences para calar o bico dos agoniados.
Os otários com togas caras não sabiam o básico da natureza humana: nunca se cala um coração selvagem. Apenas estavam colhendo os frutos da raiva regada á indiferença que cultivaram com tanto afinco.
O engraçado, é que logo ele, herdeiro de todas as coisas que ocupavam a extensa faixa de terra que encostava no salgado horizonte, se considerava rebelde. Apenas não havia se aliado a eles porque, ao menos, gostaria de tentar ser um bom soberano e concertar as merdas dos antecessores e, se não desse certo, faria tudo ao seu alcance para jogar a coroa para longe. Se a monarquia não funcionasse consigo e seus maridos, daria um basta, simples.
Mas como diria isso para eles? Qual modo seria esse para deixar claro que se não fosse o suficiente, então o próximo da sucessão não herdaria a posse de sua terra natal? Enfim, problemas para o futuro.
E ai, os gritos cessaram, de modo decrescente, os leões amordaçados foram postos em jaulas. Ou mortos. O calor do momento agora só era lembrado por gargantas roucas ou o sangue brilhante gotejando por feridas abertas ao tingindo o chão em poças desregulares. Todavia, sabia até mesmo os mais desatentos, que a sede de mudança não acabaria ali e que, talvez, apenas fora alimentada por aquela atitude nada condizente com a imagem diplomática que cuidadosamente pintavam para todos que queriam ver. Essa verdade fora uma das duas coisas que cutucou a consciência do ruivo, sentindo-se impotente.
Ele era o príncipe, deveria fazer alguma coisa, qualquer coisa. Era seu dever não ter deixado as coisas tomarem essas proporções... Poderia ter, talvez, insistido mais; feito os pais lhe ouvirem a força. Por outro lado, deveria ter permanecido calado e não ter dito sobre o iluminismo para os filósofos (poderiam sim ser a classe mais estudada da sociedade, mas os que detém o poder sempre irão reter o saber pelo bem de si mesmos). Porque, porventura , com aquelas conversas, os diplomatas que um dia pisaram naquele castelo, ficaram sabendo de seus direitos e transmitiram a ideia para a grande massa.
E agora, sofriam as consequências de tentar construir um futuro melhor para seus filhos, netos, ou qualquer um que por acaso do destino parece ali naquelas terras e passassem a compartilhar da mesma miséria causada pelos crápulas em roupas engomadas bebendo do melhor vinho.
-Eu vou mudar isso... Tenho que resolver as coisas. -Murmurou na intenção de ser ouvido apenas por si, mas claro que seus dois amores estavam atentos á qualquer som naquela noite conturbada.
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Happily Ever After | Taeyoonseok!au
FanfictionKim Taehyung, o único herdeiro (ao menos, legítimo e vivo) do trono da dinastia de sua terra. A maravilhosa ilha de Wonderwell está passando por maus bocados pela falta de recrutas para seu exército, tão necessário com a possibilidade de ataque imi...