A neve caía lentamente naqueles dias. Fazendo a entrada da casa de Seokjin quase não abrir. Todo dia desde que chegara na ilha e comprara aquela casa (que na verdade era galpão não utilizado) de uma família usando umas cartas na manga, precisa fazer um esforço descomunal para abrir aquela porcaria. Raios, odiava neve.
Então todo santo dia, saia cedo e pontualmente em busca de emprego. Já tentou nos campos, mas simplesmente não tinha habilidade com enxadas. Hoje iria para o castelo e sentia que ali havia mais oportunidades para si, tendo em vista a infinidade de coisas para fazer (lavar paredes, chão, fazer as roupas da família real...) e estava ansioso para provar todas as possibilidades.
A melhor parte de seus dias chatos, a válvula de escape que tinha guardada em casa quando voltava abatido e de cabeça baixa por conta de mais um emprego negado, eram as cartas ali colocadas na caixinha de correio feita de latão amassado. As pegava com um sorriso e sentia seu coração esquentar, eram palavras tão doces, que afastava o frio constante e solidão naqueles dias invernais.
Todo passo que dava fora ou dentro de seu abrigo precário como todos os outros, era pensando em sua admiradora secreta (ou admirador, quem escrevia as cartas nunca revelou sua identidade. Se fosse um homem ou não pouco se importava também, só queria ouvir aquelas frases tão bonitas da boca de alguém antes de dormir e ao acordar). E os suspiros pesados e sôfregos soltados quando notava o quanto tinha apresso por simples linhas de tinta em um papel também eram por conta do anônimo. Queria tanto saber quem era que levara as cartas, muito bem protegidas da geada em seu bolso, para Taehyung dar seu veredito (se havia alguém capaz de o ajudar, era seu "irmão". Poxa, era o príncipe daquele lugar, meio que deveria saber de cor e salteado quem sabia escrever ali) porém não recebeu resposta nenhuma além daquele olhar de quem guarda algo.
Sabia identificar aquele tipo de coisa desde muito novo. Nessa nova vida, nascera em uma família de piratas e lá aprendeu á saquear, fingir muito bem e descobrir quando mentiam para si. Seus pais? Apenas o viam como mais um para ajudar nos assaltos e o batiam quando se recusava á não participar daquela patifaria, por isso mesmo passou as mãos em algumas coisas valiosas e um pequeno bote, juntamente de um mapa e suprimentos. Demorou um pouco? Sim, entretanto não se perdera, estava acostumado á ler mapas e estrelas.
Conseguiu finalmente abrir a porta, tinha medo de acabar a quebrando um dia desses. Foi para a caixa de correio... Mas não tinha nada. Queria não ter se importado tanto, mas o fez e sem motivo para voltar e ficar em casa mais uns minutinhos, vagou de uma vez em direção ao castelo soltando uns suspiros de vez em quando. De repente o caminho pareceu mais frio
Havia desistido de si? Achara alguém mais interessante? Talvez não fosse isso... Apenas tinha acabado o papel ou tinta por exemplo. Mas enfim... Chegado aos portões do castelo , teve que explicar sua situação para o guarda já que não era o mesmo de quando fora lá pela primeira vez a fim de marcar uma entrevista de emprego. Quando fora permitida sua entrega, foi até a porta do castelo e ao pisar uma servente veio o atender.
-Sim, em que posso ajudá-lo? -Teve que admitir, ela era realmente muito bonita.
-Ah, oi. Vim para a entrevista de emprego.
-Pode entrar. Te levarei até o chefe, aí ele vai te ajudar á descobrir o melhor jeito que você pode servir ao castelo. -Disse tudo isso com uma voz calma, seu sorriso eram sem dentes mas mesmo assim era fofo.
Suas pernas doíam de tanto andar. Como raios o lar de alguém poderia ser tão grande? Cruzes, ninguém precisava viver em um lugar tão grande mesmo tendo nascido na realeza, nem quando era dono de tudo aquilo gostava daquele exagero. Aprendeu que o luxo em excesso se torna lixo, algo descartável e nem um pouco reutilizável. Se a intenção era mostrar que tinha, porque não deixavam o dinheiro fluir pelo reino sem deixar a pobreza tão gritante? Se a intenção era não deixar os príncipes das gerações morrerem de tédio, falharam miseravelmente, não importa quão grande seja a gaiola ainda assim é uma prisão e não conseguiria substituir o direito que deveriam ter de ir e vir, conhecer o reino e aqueles que nele habitam.
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Happily Ever After | Taeyoonseok!au
FanfictionKim Taehyung, o único herdeiro (ao menos, legítimo e vivo) do trono da dinastia de sua terra. A maravilhosa ilha de Wonderwell está passando por maus bocados pela falta de recrutas para seu exército, tão necessário com a possibilidade de ataque imi...