Capítulo 13 - Corrente de perdas

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"Quando finalmente confiamos em uma pessoa, ela se vai, nos deixando para trás sem ao menos dizer adeus."

Abram a porta! — Uma voz assustadora ecoou.
   
Paul suspirou e abriu instintivamente, Kally, Mirian e Kylie apontaram suas armas para a porta, vendo um casal entrando no trailer acompanhado de um garoto. Kylie destravou a arma enquanto as outras duas abaixaram.

— Estava mais seguro lá fora.— Disse a moça, com a mão para cima.— Abaixem essas armas.

— Vejo que você conseguiu.— Bryan sorriu.

— É, você também.— Kylie abaixou a arma e respirou fundo.

— Vocês se conhecem? — Paul perguntou, confuso.

— Pode se dizer que sim. Ela estava no lugar de onde surgiu o zumbis, alguém abriu todos os portões e ela os trouxe para cima.— Bryan falou.— E ela matou a garota que eu gostava.

— Eu precisava me manter viva. A culpa não foi minha que as pessoas ao seu redor são psicopatas o suficiente para quererem trazer pessoas para se tornarem prisioneiros e apostam quem vai ganhar e quem vai perder num duelo de vida e morte.— A menina deu de ombros.

— Eu abri os portões.— Haily os encarou, enquanto observava a janela.— Vamos embora antes que alguém nos veja. Não quero problemas em excesso e já arrumamos problemas demais essa semana.

— Eu estava lá embaixo, eu podia ter morrido.— Kylie resmungou.— Você não pensou nisso antes de abrir os portões?

— Você é esperta! Me deixaram cuidando dos portões por eu ter ficado no grupo dos idiotas de preto, foi a nossa chance, eu sabia que podíamos fugir.— Ela sorriu e sentou para descansar.— Não tenho culpa se você estava lá...e bom, você está bem agora. Isso é a única coisa que importa.

Paul respirou fundo e fechou a porta, logo voltando a sentar e pisando no acelerador após colocar a chave na ignição. Bryan e seus pais sentaram perto de Kylie e relaxaram, respirando pesadamente. O caminho estava silencioso, Kally pediu para que a menina explicasse todos os acontecimentos desde o começo e a menina passou a tarde inteira contando os absurdos que teve que passar. Tudo se passou tão rápido, mas para ela foi como se o tempo tivesse congelado e como se nada fosse voltar ao normal.
Foi um sacrifício se manter viva e ela não queria ter que lutar com outras pessoas para decidir quem vive e quem morre, enquanto os outros ficavam apostando nas arquibancadas e agindo como se fosse um jogo de futebol.

Quando terminou de contar, Kylie observou a expressão de Bryan e seus pais e achou o casal um pouco esquisitos. A mulher suava frio e não parecia estar muito bem, além do garoto estar segurando as lágrimas com sua expressão triste, ele tinha um olhar vazio e totalmente perdido.

— Mãe, está tudo bem? — Bryan perguntou, encarando sua mãe.

— Sim querido, eu só preciso de água...— Respondeu a moça.

— Deixa que eu pego.— Kylie suspirou e se levantou para pegar, já que estava bem mais perto do que eles e porque conhecia mais.

Após alguns minutos, a menina voltou com um copo D'Água e parou por um momento para observar a moça, que tinha uma aparência meio abatida, quase como se estivesse doente. Ela estava pálida e sua boca estava seca, os lábios rachando gradativamente e os olhos entre abertos oscilando entre abrir e fechar.

— Está tudo bem com a senhora? — Indagou a menina, franzindo a testa em preocupação com aquela estranha.

— Sim, minha esposa está ótima.— O homem proferiu de um jeito arrogante, fazendo Kylie se afastar.

Contágio HT-Vírus 349 (2015)Onde histórias criam vida. Descubra agora