Eu devia estar louco, mas essa era a minha oportunidade de liberdade e eu não podia a desperdiçar.
Estava assustado, obviamente, porém não era apenas o medo que havia me feito estancar na porta, e sim certo... Receio. Receio do que aconteceria assim que eu saísse daquele quarto, receio de como encontraria minha família.
Receio... De que nunca mais visse Max.
Mas isso não fazia sentido, fazia? Afinal ele me sequestrou, me fez chorar e... Agrediu aquele homem na rua. Por que será que havia o feito? Max bateria em alguém sem motivo? Ele havia me tratado tão bem, havia cuidado de mim, e era bem notável. Me olhei no espelho da penteadeira do quarto, e, visivelmente estava bem cuidado. Nunca havia visto meu cabelo tão arrumado e macio, minha pele cheirosa, coisas tão pequenas como até mesmo minhas unhas estavam bem cuidadas e feitas, nunca havia me atentado a esses pequenos detalhes.
Mas Max sim.
Max havia cuidado de mim.
A muito custo, abri a porta, lentamente, atento para não fazer qualquer ruído, me deparei com um corredor de paredes creme com vários quadros preto e branco. As imagens eram realistas, retratavam curvas, formas belas de um corpo branco, as poucas coisas coloridas eram pontos rosados em lugares específicos como a ponta dos ombros ou os ossos da bacia, não podia negar que eram muito bonitas. O teto detinha uma iluminação de LED, amarelada, baixa, as outras luzes no mesmo estavam apagadas. Cada luz era posicionada de maneira pensada para os quadros, o chão escuro feito de madeira, era muito bonito.
Mas não é hora de admirar a decoração, Flinn! É hora de sair daqui!
Analiso o lugar, no corredor, além do quarto em que estava, haviam mais quatro portas e eu não tinha a menor vontade de saber o que havia atrás delas. Ando devagar, com medo de fazer o assoalho de madeira ranger, prendo minha respiração, o final do corredor possui uma curva, e dá mesma o que vejo, acredito ser a luz do sol.
Vou em direção a mesma, quem sabe é uma janela, uma porta de saída, qualquer coisa! Não podia ficar mais tempo ali, ficaria completamente louco! Não podia estar pensando direto, durante todo o caminho só conseguia pensar o quão triste eu deixaria Max ao ir em bora.
Aliás, será que ele ficaria triste? Furioso? Será que eu realmente era importante para ele nesse nível...?
O final do corredor está tão próximo, tão próximo...
Sou chegado brevemente pela luz, ponho uma mão próxima aos meus olhos e uma silhueta alta esconde o sol de me atingir diretamente.
Merda.
Era Max.
Ele segurava um facão sujo numa das mãos, o corpo levemente inclinando e um grande pedaço de carne sangrenta nas mãos. Sem camisa, seu rosto estava um pouco vermelho, seu peito subia e descia devagar, ele morria o lábio inferior.
Puta merda.
Ele olhou diretamente para mim, abaixando o facão e limpando as mãos com um pano branco.
- Goiabinha. - ele disse, lento, rouco. -- algum problema? Precisa de algo? O almoço logo ficará pronto.
Nego com a cabeça, estático demais para abrir a boca, olho ao redor discretamente e vejo uma outra porta, provavelmente a saída. Oh, céus, a saída estava bem ali, a poucos metros de mim, eu preciso correr, preciso sair. Preciso sair.
Sair.
Por que minhas pernas não se movem!?
Max deixou o pano de lado e veio andando lentamente em minha direção, ele estava descalço, trajava apenas a calça jeans e rasgada, a mesma estava um pouco caída, ao que me permitia ver o V perfeito em seu corpo, com algumas veias aparentes, agora sim, eu podia ver todas as tatuagens do seu torso.
- Você está tão bonito. - suas mãos firmes se agarraram a minha cintura. - e cheiroso... - roçou o nariz em minha bochecha, sorrindo. - desculpe ter te deixado sozinho, bebê, você vai dormir no meu quarto a partir de hoje.
- No seu quarto? - o olho, encolhido, aperto minhas mãos na altura do peito, mordo o lábio. - Por quê?
- Quero você perto de mim. Me sinto só.
A forma como ele falou, tão clara e honesta, de certa forma, eu entendi o que ele falava. Sim, eu tinha uma família, e meu amigo Will, porém haviam dias em que me sentia tão só e incompreendido. Olhei para o rosto de Max, e ele parecia tão feliz com a minha presença.
Sair daqui.
Essa idéia já não me parecia tão atraente, Max se importava comigo, Max cuidava de mim e me achava lindo. Cheiroso. Eu não podia deixar de admirar ao rapaz, Max podia me elogiar, porém ele era muito mais belo e talentoso. Ao olhar a bancada cheia de comidas gostosas e organizadas os pratos de porcelana eu pude constatar isso, se elas fossem tão gostosas quanto pareciam; Max era para casar.
Casar.
Essa idéia me fez dar uma risada baixa, D'Angelo me encarou, com uma sobrancelha erguida, encostou a testa a minha e segurou delicadamente meu queixo com a mão direita, sua respiração soprou sob meus lábios, seu hálito cheirava a laranjas, era gostoso.
- Diga-me o que está pensando. - não era um pedido, e sim uma ordem.
- ... - fiquei na dúvida se deveria ou não acatar tão ordem, porém não via nada de mal nela, Max não iria me machucar de qualquer forma. - Estava... Estava pensando no quanto você é bonito é perfeito para casar.
Assim que terminei de falar, me senti um pouco envergonhado, acabando por baixar o olhar, na minha cabeça aquelas palavras não haviam soado tão constrangedoras, porém a risada rouca de Max seguida se um apertado em meu quadril me fizeram abrir os olhos.
O encaro, e ele, com o olhar tão quente e - eu até diria - apaixonada me olha, seus dedos quentes deslizam lentamente por minha bochecha e se agarram aos meus fios ruivos. Inclinou a cabeça para o lado e, naquela explosão calorosa, tomou meus lábios de forma dominante e devastadora.
Beijar Max era sempre inexplicável.
Como voltar para casa, e ao mesmo tempo ser jogado sobre gravidade zero. Era congelar no tempo, mas derreter sobre seus braços.
Era amar a um anjo, e se entregar ao pecado.
Estou tão ferrado.
▪ ARRASTE-ME ▪
Olá meus queridos leitores, desculpas pela demora, estou em época de provas na faculdade.
Também estava organizando a história e, pelos meus esquemas, serão vinte capítulos!
Muito obrigada por lerem.
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Arraste-me
Teen FictionISSO NÃO É UM ROMANCE. Max era sinônimo de encrenca. E eu, é claro, tinha que me apaixonar. "- Alguém cai nas suas cantadas? - Até hoje elas nunca falharam, ruivinho."