11. Ele é cuidadoso

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Existia apenas uma coisa certa em minha cabeça: Max não era como os outros rapazes.

Não apenas pelo fato de ser todo tatuado e estiloso em uma cidadezinha pacata, afinal, aonde passava, os idosos indiscretos já falavam "ali o maconheirinho", bem, um dia serei idoso... Tenho certeza de que diria coisas piores.

Aliás, eu acho que serei idoso.

Olhando o lugar aonde estava e minhas pernas já doloridas dá mesma posição, estava começando a duvidar que eu sequer voltaria a ver meus pais novamente. A cada vez que mulher de cabelos cor-de-rosa - que descobri se chamar Haruka - me trazia no que acredito serem alguns intervalos de hora algo para comer.

Nas poucas vezes que fui ao banheiro, havia sido escoltado pela mesma, com uma arma encostada as minhas costas e um canivete sobre meu pescoço.

Tentei fugir? Tentei. O que me rendeu num belo nocaute. O que aquela mulher tinha de bonita, tinha de habilidosa, mesmo com seu salto gigantesco, se movia muito melhor que eu. Minha boca beijou o chão tantas vezes que acabei desistindo de lutar naquele momento, antes que eu ficasse todo roxo.

Havia contado oito refeições desde que Max veio.

Aonde ele estava? E por que eu estava aqui? Minha família não tinha dinheiro e eu não era relacionado com nenhum tipo de ilegalidade ou algo assim.

Então por quê?

Haruka, que até o momento estava me encarando comer, colocou a mão no bolso e pegou o celular, digitando alguma coisa, ela quase nunca falava, nossas conversas eram limitadas a "coma" ou "fique quieto", ela era bem impaciente.

Suas unhas pintadas de preto batiam contra a película de vidro, seguido de um pequeno toque do celular, seus olhos percorreram a tela do mesmo e ela sorriu.

Sorriu.

Se havia algo mais assustador que Haruka irritada, era Haruka sorrindo. Eu fiquei agoniado na cama, agarrado a minha colher - Não me permitiam usar faça ou garfo - temi o que podia estar por vir. Umedeci os lábios, que seja o socorro chegando, não aguentaria muito tempo antes de enlouquecer naquele maldito quarto.

- Finalmente vai acabar a nossa tortura, hm? - ela olhou para mim. - dê tchau a esse lugar, você está sendo transferido.

Transferido? Eu queria perguntar para aonde, mas ela saiu do quartinho batendo a porta.

Oh, qualquer um que esteja me vendo lá de cima, ajude-me, pois não aguento mais.

ARRASTE-ME ▪

Quente.

Molhado.

Espere, molhado?

Ouço o som de água caindo e cócegas sobre minha pele, meus olhos parecem tão pesados. Quando peguei no sono?

De novo a sensação de molhado e calor, com muito esforço consigo me mover, lentamente os músculos do rosto, abro os olhos devagarinho, me deparando com água e espuma. Uma banheira?

Algo me acaricia novamente, consigo de forma retardada mover minha cabeça, me deparando com aqueles lindos olhos azuis.

Max.

- Bem vindo pequeno - o que me pareceu ser a mão dele acariciou meu rosto, a mesma úmida. - desculpe, você estava precisando de um banho.

Arraste-meOnde histórias criam vida. Descubra agora