Já está ficando bem irritante isso de acordar em lugares diferentes.Ou melhor, acordar sem saber se estou vivo ou em algum mundo pós-vida, porém o cheiro de docinhos me dizia que estava no mundo real.
Bem real.
Me encontrava numa casa bem aconchegante, com lençóis macios nas cores vinho e preto, travesseiros enormes e fofos, o quarto estava com a iluminação baixa e as cortinas escuras fechadas.
Estou na casa do Drácula por acaso? Que lugar é esse!? E de onde vem esse cheiro doce?
Algo que é novo para mim, nesses dias, não estou preso a nenhum lugar, pelo contrário, facilmente levanto dá cama macia, minhas pernas estavam meio moles e consegui equilíbrio após alguns longos segundos de concentração. Andei devagar, sentindo um pouco de dor por ter passado tanto tempo parado. Sigo o cheiro doce, havia uma porta de correr no quarto e a abri bem devagar, com medo de que alguém me prende-se novamente.
- Boa noite, goiabinha. - a cena a minha frente era completamente sem nexo ao andar dos últimos dias.
Max, vestindo roupas casuais, uma bermuda e o elástico de sua peça intima preta aparecia. O local aonde estava era uma cozinha de tamanho mediano, com belas bancadas de mármore e eletrodomésticos prateados. As prateleiras meticulosamente organizadas, tudo em cores neutras e, contrastando a isso, uma única parede era preenchida por diversos ladrilhos belíssimos que formavam o desenho do que acredito ser uma das tatuagens de Max.
Ele estava com o rosto um pouco sujo de chocolate, as mãos cheias de um pó branco e, sobre o balcão, pequenos docinhos com uvas. Max moldava entre os dedos algo redondo...
Uma miniatura de goiaba.
Okay, isso está estranho.
- Que lugar é esse? - pergunto. Na verdade, queria lhe perguntar muitas coisas, mas não parecia que ele iria me responder.
- Minha casa, obviamente. - ele disse sem tirar os olhos do docinho que moldava.
- Sua... Casa...? - definitivamente um delinquente rabiscado não teria condições financeiras de pagar sequer o piso daquele lugar.
- Gostou? É um pouco morta, mas eu gosto assim. - Max colocou a goiabinha de massa doce em cima de um cupcake e foi até a pia, lavando as mãos e secando em um pano detalhadamente bordado. - se não gostar de algo, nos podemos mudar.
- Nos? - franzi a testa.
- Claro, nos, eu e você.
Isso realmente, REALMENTE, está estranho.
- Max quero ir para casa.
- Você está em casa.
- Você está me assustado. Eu quero ir para casa! - e pela primeira vez, no acredito terem sido dias, minha voz estava fraca não pela falta de uso, mas pelo choro que me explodiu pela garganta e transbordou por meus olhos, um soluço alto ecoou pela cozinha. - me deixe ir...
- Não chore.
- Então me deixe ir embora!
- Eu não posso.
Meu rosto se contorceu todo pelo choro, estava assustado. Minha "masculinidade" havia descido pelo ralo dá banheira, estava fraco, dolorido e preso a dias. Só queria ir pra casa, para minha família, eles deviam estar preocupados, e eu sentia tanta falta deles...
- Por favor, Max... Quero ver meus pais... Sinto saudade... - escondi o rosto com as mãos, soluçando, enxarcado meus dedos.
Max segurou meus pulsos e os afastou, devagar, mas com força o suficiente para eu não o desobedecer. Encontrei seus olhos, e eles pareciam tão assustadoramente frios que engasguei com o choro.
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Arraste-me
Ficção AdolescenteISSO NÃO É UM ROMANCE. Max era sinônimo de encrenca. E eu, é claro, tinha que me apaixonar. "- Alguém cai nas suas cantadas? - Até hoje elas nunca falharam, ruivinho."