As crianças corriam pelo patio da escola, felizes por estarem indo para a casa, indo para o abraço de suas mães sorridentes, eu estava caminhando devagar, afinal, eu era a unica da segunda serie que não tinha uma mãe, quando cheguei no portão, vi meu pai de braços abertos como sempre, e havia uma mola alta e loira com algumas partes rosa no cabelo, ela sorriu pra mim, não foi dificil de entender que meu pai estava namorando, ao menos ele esperou um pouco, sera que minha mãe gostaria disso?
- Mia essa é Morgana.
- Oi meu anjo. - ela disse.
- É minha nova mãe?
- Você quer me chamar assim?
- Não, seu cabelo ta sujo de suco de morango. - disse apontando para as partes rosa.
- Oh, não, é tinta, eu mesma pintei.
- Ficou muito esquisito.
Passei reto e entrei no carro, no banco de trás, vi como ela olhou para meu pai, segurei meu medalhão, e decidi que eu não deixaria ela tomar o lugar da minha mãe.****
Teoria número três, minha mãe era uma alcoólatra, certa noite foi a um bar e bebeu tanto que se esqueceu de onde estava, não se aguentava e tentou ir a pé para casa, mas tropeçou em seus pés e caiu na rua, enquanto um onibus com motorista cansado dirigia desatencioso e passou por cima dela acidentalmente.
- Você parece palida. - Minha avó disse assim que entrou no quarto, me fitando com seus olhos azuis, era tão claros, ficavam mais claros a cada ano, logo serão quase brancos.
- Estou bem vó.
- Mostre os braços.
Arregacei as mangas de minha blusa e mostrei.
- Nenhuma marca de vacina vó, ainda não to tão na merda, relaxa.
- Desde que foi pega com maconha na escola temo por você Mia. Sua mãe não...
- Vai me dizer como ela morreu?
- Mia...
- Então não me fale dela.
Eu não gostava de ser grosseira com minha avó, mas como ela podia esconder de mim o que houve com a minha mãe? Como ela podia esconder tantas coisas? A desculpa e ser para o meu bem não vai colar, tudo o que eu queria era saber a verdade, ter alguma ideia do que aconteceu, eles me negam isso. Todos eles.
Meu celular tocou, Morgana.
- Não me lembro de ter mandado sms pro disque vaca. - Disse quando atendi.
- Sempre um amor não é Mia?
- Aprendi com você docinho!
- Por que você faz isso?
- Por que você ta na minha casa e não minha mãe? São coisas que nunca iremos saber.
- Sabe Mia, eu tentei der boa pra você.
- Quando mandou meu pai me jogar nessa escola ridícula estava pensando em mim também? Ou só em você? Pelo menos contou a ele?
- Contei o que?
- Não seja idiota, eu vi seu teste de gravidez na maquiagem, não esta velha pra querer filhos?
- Por que mexeu nas minhas coisas Mia?
- Por que não me diz o sobre minha mãe?
- Eu desisto, liguei para saber se precisava de algo mas sinceramente, dane-se!
Ela desligou, me virei para minha avó.
- Advinha quem irritou Morgana?
- Pergunta difícil. - ela sorriu.
Eu amava minha avó, ela não tinha nada contra Morgana, mas estava sempre irritada com meu pai, eu não sabia o motivo, talvez fosse por que ele é um bosta.
- Bom, eu só quero te falar que não vai ficar totalmente sozinha nessa escola.
- Como sabe?
- Foi aqui onde eu conheci as melhores pessoas, seu avô, Lilly, sua mãe nasceu quando eu estudava aqui, claro que esta tudo muito diferente agora, mas vir para cá foi bom para mim.
- Por que minha mãe veio para cá?
- Seu melhor amigo estava vindo, Tommy, queria ficar perto.
- E foi bom pra ela estar aqui?
- Não, ela odiava esse lugar, e não queria que você viesse, mas essa escola fez ela conhecer o amor.
- Meu pai - revirei os olhos.
- Também. - ela disse. - tenho que ir, fique longe dos bares da região, aqui é perigoso.
- Relaxa vó.
Ela saiu, peguei minha bolsa e sai da escola, comecei a caminhar pela rua mandando sms para um colega chamado Bryan, ele me ligou.
- Oi... Então, eu to indo pro parque, quer trazer?
- To no parque agora, me encontra no cara do cachorro quente.
- Ok.
Estava com calor, desliguei o telefone e desabotoei a camisa, deixei a chadrez vermelha aberta pois estava com uma regata preta embaixo, coloquei o celular no bolso da bermuda e segui em frente, passei por um bar, olhei bem e pensei em comprar algo, mas tinha uns caras velhos com cara de estupradores ou sei lá maníacos do parque, achei mais inteligente não entrar, passei reto e ouvi um deles comentar "bela comissão de costas", então a calma foi embora, voltei com a mão fechada e fui até ele.
- Que porra você disse? - cheguei bem perto daquela cara velha e nojenta.
- Bela.comissão.de.costas. - ele disse pausadamente.
Dei um soco na cara dele e ele caiu no chão.
- Aposto que falar merda pra mulher na rua nunca te ajudou a transar, velho imundo. - virei as costas mostrando o dedo do meio para ele enquanto ele estava no chão.
Os outros caras o zoaram, ele parecia ter uns cinquenta anos, agora minha mão estava machucada, mas eu estava feliz por socar alguém.
Segui até o parque, reconheci Bryan pelo boné, fui até ele e peguei o boné em sua cabeça e coloquei na minha.
- E a Mia chegou. - ele disse.
- A própria. - eu disse e me sentei em um banco. - Ta com o que eu pedi?
- Tem grana?
- Desde quando você cobra?
- Desde que gastei a grana da passagem com cachorro quente. - ele rio.
- Eu te dou grana pro taxi ok? - estendi o braço - agora me da.
- Em quem você bateu? - ele segurou minha mãe.
- Um velho tarado, relaxa.
- Não se meta em problemas. - ele colocou um saquinho com as ervas na minha mão.
- Pode deixar. - eu disse. - Como foi a fogueira ontem?
- Todos perguntam de você, não tem graça ficar chapado sem você perto, e aquela garota bonita parecia bem triste.
- Alice? Ela foi a unica que eu não fiquei das meninas novas.
- Você não quis?
- Cala a boca - empurrei ele - Ela é legal demais pra mim, acho melhor ficar na amizade.
- Qual o nome dela?
- Alice.
- Ela bebeu por você na fogueira.
- Serio? Vou fugir daqui e ir na próxima.
- Seria bom.
- Acho que vou levar uma pessoa.
- Quem?
- Uma garota daqui, agora, - dei o dinheiro na mão dele - Entra num táxi, eu tenho que fazer uma pesquisa.
- E desde quando você faz as pesquisas?
- Desde quando elas não tem a ver com as matérias. - ri.
Então voltei para a escola com o saquinho no bolso da bermuda, fui direto para a sala de TV com esperanças de Lua aparecer lá novamente, me sentei e fiquei esperando.
- Aqui parece até ponto de encontro. - ela disse e se sentou.
- Lua, não esperava de ver - ri.
- Ela se sentou ao meu lado, no final das poltronas e colocou os pés na poltrona da frente.
- Eu tenho uma coisa aqui - mostrei o saquinho - quer dar uma volta?
- Acho que ir em uma lanchonete seria bom. - ela disse.
Levantamos e saimos no mesmo instante, fomos a lanchonete mais proxima e compramos alguns salgados, ela esperou na mesa, então sai com o saquinho, confiante de que haveriam pequenos papeis específicos dentro, mas quando abri, vi apenas salgados.
- A vaca não pois guardanapos. - eu disse.
- Ela não é idiota. - ela tirou a mão do bolso. - Mas eu sou mais esperta - ela tinha bastante nas mãos.
Então fomos a uma praça, o canto mais vazio, e começamos a fumar juntas, tirei uma foto dela soltando a fumaça despercebida com minha camera.
- Por que tem uma camera?
- Eu vou ser fotografa. - respondi.
- Devia tirar fotos de todos, e se oferecer pro anuário.
- Isso é gay. - eu disse, e traguei.
- Então faz uma selfie comigo, agora. - ela disse praticamente subindo em minhas costas.
- E o que eu ganho com isso?
- Uma foto com uma garota gostosa. - ela disse, de risada. - e um beijo.
- Me convenceu.
Então arrumei a camera em posição e bati uma foto, e ela me deu um beijo no rosto e se levantou.
- Eu nunca disse que tipo de beijo. - ela sorriu e começou a se afastar. - Vamos, se não dormimos na rua, tem toque de recolher.
Sorri e me levantei a seguindo.
Preciso ter essa garota.
Bom gente
Ta ai o cap
Espero que gostem
Comentem o que acharam
Votem
E até o próximo.
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As teorias de Mia
HorrorEu cresci sem ela, tenho dezesseis anos e acho que isso não é importante agora, ela não esteve por perto em meus aniversários, não esteve na porcaria da minha festa gay de quinze anos, não esteve aqui a minha vida inteira, ela não estava aqui para m...