Capitulo 11

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Era meu aniversário de três anos, eu estava tão ansiosa, me lembro de pouquíssimos detalhes daquele dia, talvez por ter dito o meu último dia com mamãe, me lembro da sala com decoração, palhaços, eu odeio palhaços, mas com três anos não se odeia nada, e eu me lembro vagamente daquela sala, então a porta se fecha, e seja lá o que entrou na sala, eu não sou capaz de me lembrar, como um grande borrão.

****
- Morgana fique quieta!
- Ela uma hora vai acabar descobrindo, por que esconder? Eu sempre fui contra esconder a verdade, querem que ela fuja mais quantas vezes para criar teorias até descobrir a verdade?
Olhei para minha avó, totalmente perdida no assunto, afinal por que não queria me dizer? E o que ela não queria dizer?
- Vó, do que estão falando?
- Mia...
- Eu quero saber agora!
- Não está na hora Mia...
- Hora? Foda-se a hora vó! Eu mereço saber a verdade!
"Eu não vou chorar"
- Quer mesmo saber o que houve aquele dia? - Meu tio apareceu de repente.
- Eu mereço a verdade...
"Não posso chorar"
- Vem comigo, o assunto vai ser delicado.
Me levantei e fui com ele até um quarto, parecia ser de minha mãe julgando que haviam apenas dois filhos e só um deles usaria um papel de parede feminino.
Ele se sentou na cama que ali estava e deu tapinhas nela para que me sentasse ao seu lado, me olhava de forma sombria, aquela dor e angústia quando olhava pra mim estava bem mais nítida agora.
- O que aconteceu com ela?
- Ela estava dirigindo em...
- Isso eu sei, mas porque? O que aconteceu? Quando aconteceu?
- Foi no seu aniversário de três anos, todos sempre se sentiram melhor por você não se lembrar de nada.
- Por que?
- Porque seria uma lembrança dolorosa... Mas acho que depois de Arya...
- Não fala dela... - disse.
- Tudo bem... - ele esticou os braços e secou o suor das mãos em seus joelhos, visivelmente nervoso, precisa enrolar tanto?
- O que houve naquela festa?
- Eu tinha um amigo... Ele e eu éramos grudados desde a adolescência, ele foi ajudar em sua festa, Krysten decidiu que iria embora com você após a festa, ela é Johnny começaram uma briga e você correu para a sala de decorações, para não ouvir...
Pequenos flashes vieram a minha mente, meu pai estava lá, furioso e gritava "você não pode ir! Não pode levá-la! Eu a proíbo" e mamãe gritava "Você tem sorte que eu não chamei a polícia pra você! Fique longe de mim e de minha filha" ouvi o som de um tapa e corri para aquela sala, vi imagens de palhaços e balões que seriam enchidos, então fui para perto de um dos palhaços, havia um homem fazendo algo na parte elétrica da sala..
- Você ficou na sala com ele, ninguém viu problema Mia, pois ele sempre teve jeito com crianças, mas quando Krysten entrou ele estava...
E então como num passe de mágica tudo me veio a mente, eu pedi a ele para encher um dos balões para mim, o verde, então ele disse " eu encho, mas só se fizer uma brincadeira com o tio aqui, pode ser?" E eu concordei, me lembro então dele fechando a porta bem devagar, o som daquele rangido ainda me vinha a mente às vezes, então ele se aproximou de mim, e disse "promete ser o nosso segredinho?" Não me lembro de dar resposta a isso, afinal, eu tinha três anos, me lembro dele me colocar em seu colo e me fazer ficar com a pernas abertas, me lembro dele se mexendo em mim e da sensação, me lembro dele levantar meu vestido e por a mão dentro de minha calcinha, e me lembro especificamente do momento em que ele me colocou no chão e abriu seu zíper, me lembro dele se enfiando em minha boca e pela primeira vez em anos eu derrubei uma lágrima. "Estou chorando?"
- Ele abusou de mim... - Falei em um tom tão baixo que ele provavelmente não me ouviu.
- Sua mãe abriu a porta e viu algo que não pode suportar, naquele dia vi como ela mudou, ela tinha medo desse tipo de cara, mas quando foi com você, ela apenas foi mãe, ela sentiu uma fúria, gritou de ódio e correu até você, te abraçou, ele aproveitou o tempo que demorei a chegar na sala para fugir, ouvimos o som do carro, então ela disse "minha filha terá justiça" beijou sua testa e correu para o carro dela... Ela foi muito rápida, e em uma curva perigosa ela acelerou quando ele diminuiu, e foi aí que os carros de bateram e ambos acabaram mortos na hora com o impacto.
- Minha mãe morreu por minha culpa? - Então senti que se ainda não estava chorando começaria agora.
Era muita informação para uma noite, muitas imagens em minha cabeça, corri do quarto e desci as escadas correndo, Morgana tentou falar comigo mas corri para fora e vi Lua chegando, sem pensar duas vezes eu a abracei, não era uma mania que eu tivesse, ou algo que nós fizéssemos normalmente, então eu finalmente chorei, as lágrimas caíram e eu soluçava, me sentei no não.
- Eu matei minha mãe - dizia em soluços.
- O que? Como assim?
- É minha culpa, minha culpa, ela se foi e é tudo culpa minha. - Ela apenas se ajoelhou e me abraçou, me deixando chorar em seu abraço.
Oi oi gente
Tá aí capítulo novo hoje já porque tava com saudade de postar aqui então ja fiz outro em seguida
Espero que tenham curtido
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Até semana que vem
Bjos 😘😘

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