Voando de pé no chão

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{Este capítulo é dedicado a FernandaSilva175 }

-Você não acha melhor por uma roupa? - eu digo olhando para cima e focando apenas em seus olhos.

Então ele ri. Ele abre um sorriso enorme e apoia uma mão na cintura e a outra ele coça a ponta do nariz. Logo depois destes gestos ele se ajoelha na minha frente.
Eu sento de pernas cruzadas e carrego muitos travesseiros comigo:

- Primeiro, eu estou de cueca. - ele tira a toalha, que susto. - Segundo, você acha que eu sou idiota?

- Não, isso é tudo por causa do maracujá? - ele tira a mecha infeliz de cabelo que escorregou no meu rosto, a que me ajudava a esconder alguma coisa. Ele me olha nos olhos , profundamente, logo depois desvia o olhar para o machucado. Ele encaixa sua mão do lado do meu rosto e com o dedão ele acaricia o bendito lugar que eu tanto lutava pra esconder. Ele não olha mais pra mim, foca apenas naquela parte.
Quem falou pra ele ? Ou eu sou idiota o suficiente pra enganar o cara que me conhece o suficiente pra saber quando há uma coisa mínima fora do lugar:

- Quem te contou? - eu sussurro.

- Ninguém. Quem sabe disso? - depende do que seja isso pra você.

- Eu cai. - então ele me olha, senta na minha frente e cruza as pernas pegando uma almofada.

- Se por um acaso você tivesse caído , eu aposto a minha vida que você não tentaria esconder.

- Eu não tentei esconder. - para de mentir , pelo amor de Deus.

- Vou te dar a oportunidade de ser sincera comigo e me contar o que aconteceu sem eu ter que perguntar nenhum detalhe. Nenhum.

- Zac! - eu sussurro de novo.- Eu apenas cai. Tudo bem? Agora fale você. Me diz como anda seus machucados e esse corte na sua boca?

Ele fecha os olhos e coça a testa com o dedão. Ele sorri e depois morde o lado oposto do corte em sua boca:

- Se você chegasse aqui normalmente , com um machucado e falasse que caiu, tropeçou, bateu o rosto na porta do carro. Sei lá, eu entenderia. Mas eu conheço você e sei que isso não é um machucado comum, porque você não está comum. Algo está errado e eu quero confiar em você e não ter que pegar o meu maldito celular pra tentar descobrir o que foi isso. Porque se eu ouvir de outra boca a história pode ser dez vezes pior do que realmente é. Isso se não foi apenas um machucado qualquer que por um motivo qualquer que você não quer me dar, você resolveu esconder, tacar essa coisa colorida em cima e tentar fingir que tudo está bem.
Sim, meus machucados estão melhores, porque todos sabem deles e assim fica mais fácil de tomar as devidas precauções.

- Precisa disso tudo? - eu digo olhando cansativa pra ele.

- Você pode contar ?

Então eu reviro os olhos e ele faz um olhar de desaprovação.

- Eu realmente caí. - ele suspira. - Calma! - eu alerto.- Eu fui para a editora e encontrei Tyler na minha sala e ai eu mandei ele embora, ele me beijou e o Jonh viu , se irritou e eu me assustei e me desiquilibrei e acabei batendo meu rosto na quina da mesa. Foi isso. - eu sinto minha garganta seca e ele me olha pensativo.

- Você se assustou?

- Sim. - eu sussurro bem baixo.

Então ele se levanta e se vira até a cozinha sem falar nada. Ainda com sua maldita e sexy cueca box.
Ele abre a geladeira do outro lado do balcão e pega um copo d'água e logo depois duas vasilhinhas de por sobremesa:

- Quer sorvete? - ele diz sem me olhar e desenrrola o pacote, abre e põe em uma das vasilhas.

- Desde quando você tem vasilhas de sobremesa?

- Desde de quando você se separou do maldito Tyler.

Eu olho para o lado, para a janela e vejo a noite e pingos de chuva cairem sem nenhuma cerimônia. Então eu me levanto e paro ao lado de Zac:

- Eu disse tudo que tinha pra dizer.

- Eu perguntei se você quer sorvete. - ele para e me olha nos olhos.

Um olhar cortante, sincero, real e que parece querer dizer algo. Eu suspiro e ele não retira os olhos de mim e eu não respondo sua pergunta inútil:

- Eu as vezes não entendo você. - finalmente ele fala algo. - Porque você tentou me esconder ?

- Eu não.- então eu paro. Eu não posso me enganar, eu não posso enganá-lo.

- Eu gosto tanto de você. As vezes me cansa ser o amigo bonzinho toda hora.

Eu olho para ele sem desviar meu olhar, eu não consigo desviar meus olhos desse homem? Eu estou vendo Zac como homem?

Então ele acaricia meu cabelo e deixa seus dedos deslizarem por uma das mexas:

- Então você quer ser mal? - eu sussurro.

Uma trovoada juntamente com um relâmpago, cai fazendo um grande barulho, mas nada separa nossos olhos. Que maldita sensação é essa ? Porque eu sinto borboletas na minha barriga? Ou será que é dor de barriga? Ai meu Deus:

- Até assim você é linda. - ele toca devagar na marca dolorida do meu rosto e assim chega mais perto. Eu posso sentir sua respiração, posso sentir sua mão deslizando para o meu pescoço. O que há de errado com meu coração? O que há de errado com essa maldita mania de me sentir arrepiada? Isso é só comigo?
Ele chegou onde eu não imaginaria que pudesse ser capaz de chegar. A ponta de nossos narizes se tocam e nossos olhos se afundam um no outro, nossos lábios se tocam. Ô meu Deus, o que há com minhas pernas?

Ele envolve minha cintura com um de seus braços e prende sua mão ao meu cabelo. Eu não posso evitar que minhas mãos o sintam. Que elas busquem uma parte confortável para repousar e de repente nossas línguas se cruzam, nossos movimentos se desenrrolam completamente sincronizados. Intensidade. A palavra certa para definir esse momento. Um raio cai e o relâmpago junto com o estrondo cai também. A luz acabou, mas quem liga.
Zac parece outro, ele me segura pela cintura e me põe sentada no seu balcão. Mas nunca se separando de mim. Sem luz, sem medo, sem pensar. Como descrever? Eu o aperto contra mim , sentindo que uma pequena fenda entre nós possa ser algo ruim, algo que nos separe. Então, nós nos separamos e sem ar nos encaramos , com a chuva lá fora ea luz da noite. Ele encosta sua testa na minha e fecha os olhos enquanto respiramos completamente desincronizados.

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