Em vão

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A porta se abre do nada e Claire olha assustada para a nossa pequena cena:

- O que é isso? Eu ouvi gritos! - ela corre até mim e Jonh senta no chão.

- Nada aconteceu. - eu digo e ela olha pra mim com os olhos arregalados e Fox aparece na porta também sem entender.

- Algo me diz que a culpa é desse cara. - ele para ao lado de Jonh e aponta para ele.

Claire toca no meu rosto machucado e faz careta, não deve estar sangrando , mas algo me diz que isso vai ficar mais roxo e aparente do que eu necessitava nesse momento:

- O que aconteceu? - Claire pergunta devagar.

- Eu me exaltei acabei . - Jonh começa e Fox serra suas mãos, fechadas muito fortemente.

- Não foi nada, ele se exaltou , veio ma minha direção e quando fui me afastar eu cai, mas a culpa não é dele.

- O que ? - Jonh sussurra. - Eu a segurei pelos braços ela se desiquilibrou , caiu e bateu com o rosto na mesa. Foi isso que eu fiz. A culpa foi minha.

Fox me olha e depois olha para Jonh, ele o pega pelo colarinho e eu levanto totalmente tonta:

- Não! Não faça isso Fox, porfavor!

- O que ? - Ele me olha confuso. - Então ele te agride e fica tudo por isso mesmo?

- É o meu escritório, eu praticamente acabei de ganhar o cargo que tanto queria. Então porfavor Fox.

Claire está de pé ao meu lado me segurando como se eu fosse uma criança aprendendo a andar e Fox volta a sua posição anterior. Jonh respira, que raiva, em outras circunstâncias eu deixaria que ele aprendesse uma lição, mas nada é perfeito.

- Bom, não vamos resolver mais nada agora. Certo? Então, vamos por gelo nesse rosto, Fox vem com a gente e Jonh, vá embora. - ela diz ainda me segurando. Protetora Claire.

- Não, eu preciso de pedir desculpas Melanie, eu preciso que você saiba.

- Sai agora cara. Você tem sorte dela gostar de você e eu estar de bom humor. Por enquanto. - Fox dá de ombros.

Jonh sai e eu me sento em minha cadeira, finalmente. Então Fox desse e  vai buscar o gelo. Enquanto Claire está a minha frente me encarando como uma professora mandona:

- O que foi? - eu lhe pergunto mesmo sabendo a resposta.

- Me diz porque estava tentando esconder a verdade?

- Não estava tentando nada.- eu reviro os olhos e sinto a dor queimar no meu rosto e sem querer faço careta.

- Viu, mentir dói.

- Quer que eu dê um jeito nele? - Fox logo de volta me pergunta .

- Não, porfavor, foi um mal entendido ele só estava um pouco irritado.

- Se pouco ele estava assim, imagina quando estiver fora de si. Ele poderá matar você.

- Vocês podem mudar de assunto?

Eu pergunto e Claire e Fox se olham como se não quizessem esquecer nada disso. Então Fox se aproxima e me abraça:

- Zac receberá alta mais tarde. Eu ia perguntar se poderia ficar com ele esta noite, mas já vi que não.

Ele me solta e eu cruzo os braços. Ora , porque não?

- Se ele sentir que tem algo errado. É capaz dele matar alguém.- diz Fox.

- Não foi desse jeito. Não foi tão grave.- eu sei que pode até ter sido algo assim, mas eu não vou por mais lenha na fogueira.

- Tá, pra você. Seu rosto vai ficar marcado e com certeza Zac vai perceber. Ele não é idiota e ultimamente ele tem prestado bastante atenção.- Claire revira os olhos de forma estranha.

- Eu cuido dele. Maquiagem. Pronto.

- Você acha que ele é idiota?- Fox ri.- Estamos falando do Zac. Você não percebe?

- O que ? Que ele pode ser maníaco? Olha só, eu sei lidar com ele.

- Você que sabe. - Claire anda em direção a porta puxando Fox. - Não me convide pro enterro de ninguém. Beijos.

- Tchau , Melanie.- diz Fox sorrindo.

- Obrigada. - eu dou um sorriso doce e um tchau breve com minha mão.

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Eu paro no espelho do banheiro do meu andar e vejo o quão inchado e vermelho meu olho está, eu não posso fugir de Zac , isso vai fazer ele voar pra saber o que houve, mas se eu aparecer assim ele voa para matar Jonh. Eu não sei o que fazer. Minha cabeça doi e tudo que posso pensar é em maquiagem , mas se Fox disse que não vai contentar Zac , imagina agora com esse inchasso.
Eu mesmo com dor de cabeça tento terminar uns poucos documentos que me faltam e depois de um meio dia , quando o sol já se foi, eu me levanto e vou corajosamente para o banheiro ver o que me reserva. Que bom, meu rosto agora está roxo, porém menos inchado, acho que dá pra conter. Dizer que o inchado foi um bicho sei lá.
Mas que ridículo, eu como basicamente feminista, contra qualquer tipo de agressão , tentando me esconder. Mas eu sei que não foi desse jeito e se foi eu não consegui sentir desse jeito. Agora eu só posso rezar. Rezar para Zac se fazer de bobo e abstrair.

Eu passo em casa antes de ir para o apartamento de Zac e troco de roupa, Jeans e um casaco branco rasgado de propósito em muitas partes.
Eu faço o milagre que posso com a maquiagem e vejo que ficou muito bom, o inchasso diminuiu depois de muito tempo no gelo e eu me sinto mais confiante. Eu estou usando o banheiro da casa e Claire aparece do nada atrás de mim no espelho, cruzando seus curtos braços:

- Você vai fazer isso? - ela pergunta .

- Tudo bem, ela vai estar com sono. Remédios dão sono.

- Você sabe que ele se safou muito bem desse acidente e está bem selelépe. Ele só quer uma atenção. A sua, principalmente.

Eu reviro os olhos e ela segue para fazer xixi,eu prefiro imaginar que seja xixi. Então eu termino minha obra e estou pronta pra sair.

Passo no mercado e levo tudo que ele gosta e maracujá na maioria dos doces , só pra domar a fera.
Então eu chego em seu apartamento e o vejo parado no meio da sala, de pé, com uma toalha pendendo em seu quadril e outra em suas mãos secando descuidadosamente seu cabelo. Ele está com marcas, seu machucado na boca ainda está lá e eu abro a porta sem poder evitar de sorrir , mas me recordo do machucado que incomoda meus movimentos, então me concerto e fecho a porta fazendo barulho para ser notada, não que eu queira:

- Mel ! - ele diz sorrindo vindo em minha direção. Ele vem na intenção de me abraçar e encostar seu rosto logo do lado que está ferido, então eu me adianto e lhe oferesso o outro lado, que não é nada convencional para ele.
Depois de um abraço demorado ele me ajuda com as sacolas, as levando pra cozinha:

- Você não estava com dor nas costas? Achei que ia cuidar de um idoso e não um belo garanhão.

- Eu estou com dor nas costas. - ele ri. - no corpo todo aliás. Porém, eu não estou morto.

Ele mexe nas sacolas fazendo cara de questionador:

- Senhora Melanie , você quer me dopar ? - Ele me pergunta franzindo o cenho e eu instantâneamente jogo meu cabelo na cara.

- Porque ? Você está louco?

- Nada, só essa quantidade absurda de coisas de maracujá. Nada contra, mas, você comprou isso aonde ? Feira dos plantadores de maracujá? - ele diz me mostrando o sorvete que lhe trouxe.

- Nossa, eu sô pensei que ia gostar. Algumas coisas você nunca comeu. Tipo esse doce ai. - eu digo apontando de longe.

- Hum! Você está bem? - ele pergunta vindo na minha direção, me olhando sem piedade e eu me recuo e corro para sentar na sua "cama" . Ele para no meio da sala novamente, cruza os braços e joga a bomba:

- Eu não sei o que está acontecendo, mas é melhor me dizer antes que eu descubra sozinho.

Então naquele momento eu sei que ele já percebeu a marca no me rosto, que ele já entendeu o que está rolando e que hoje aquela famosa giripóca pia.

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