— Sobe!— mandou Wallace saltando na moto— pelos deuses, espero que o senhor Lewis ainda esteja ocupado.
— Eu...Estou encrencada?— perguntei, subindo na garupa
— Quer mesmo saber?— ele me deu uma olhada rápida e avançouNão demoramos para chegar, talvez porque a velocidade que Wallace estava usando foi suficiente para me deixar com trauma de moto. Ele parou na frente na mansão, e quando eu desci, não tinha certeza se queria entrar.
— Você não pode entrar comigo?— perguntei para ele
— Vai ficar tudo bem— ele disse, olhando para a casa— mas você não devia ter fugido.
— Eu achei que...
— Que iam te impedir de sair? Emma, você não está presa.
— Eu sei,mas...— me interrompi, eu tinha sido uma idiota mesmo— Ah! O que eu fiz?
— Vai dá tudo certo. Só tenta...Ficar calma...E...
— Vou pedir desculpas para Alexander— falei, decidida— é o certo.
— Bom, certo— Wallace pôs o capacete— te vejo amanhã.Ele arrancou com a moto, e eu segui caminho.
Os seguranças não me olharam como se fosse novidade eu estar do lado de fora, e eu não sabia se isso era bom ou ruim. Pareceu ser uma eternidade até que eu chegasse na porta da frente, abri-a devagar, e, assim que pisei na entrada, encontrei a governanta saindo da sala de estar. Seus olhos se arregalaram ao me ver, e eu fiquei com medo disso.
— Olá, Srta Emma— ela cumprimentou
— Me desculpe por ter saído sem avisar— pedi
— Hum? Oh, certo. Quer que eu leve seu jantar na cama?— ele perguntou, dando uma olhada nervosa para a sala de estar
— Onde está Alexander?— perguntei
— Ele... Está na sala de... Estar— ela respondeu, tensa— mas não aconselho a falar com ele hoje. Espere por amanhã.
— Não. Eu preciso me desculpar hoje. Não devia ter saído assim. Ele está zangado?
— Ele... Não... Está muito... Estável. Espere até amanhã, Srta— ela pediu mais uma vez— levo seu jantar no quarto.Ela saiu, e, assim que o fez, eu me pus a caminho da sala de estar. Abri a porta delicadamente, o cheiro de uísque preenchia o ar, e o ambiente estava tenso. Olhei na direção do movimento, captando a presença de Alexander na janela. Ele estava de costas para mim, com um copo de uísque na mão e uma garrafa pela metade na outra. No criado mudo ao lado do sofá, havia outra garrafa, mas esta estava vazia.
Ele bebeu .... E muito.
Estava pronta para me anunciar quando ele se virou; seus olhos frios e severos encontraram com os meus, e só pareceram ficar com mais raiva. Andei um pouco para o lado, usando a parede como apoio; meu coração estava acelerado, com muito medo do que estava por vir.
— Voltou...— disse ele, com uma voz cortante.Ele esvaziou o copo e deixou a garrafa sobre o criado mudo. Seus olhos prendiam os meus, e seus passos calculados na minha direção me faziam lembrar um ataque de onça.
— Diga-me, Emma— pediu ele, parando distante o suficiente de mim— na cidade de onde você veio, ensinam o significado da palavra "avisar".Meu coração saltou.
— S-sim— gaguejei
— Oh, e não está muda— ele riu, sem humor— já estão descartados os motivos para você NÃO TER AVISADO QUE IA SAIR!!!Ele lançou o copo vazio para o outro lado da sala, fazendo ele se estilhaçar em um som violento que me fez saltar em meu lugar. Meu coração já batia forte demais, meus olhos já estavam marejados, mas isso não o fez recuar.
— Sabe o que você fez, porra?!— ele gritou— Você está presa?!! HEIN??? ACHA QUE ESTÁ PRESA AQUI? Você não está!!! — ele se aproximou mais, seus olhos eram fogo puro— você sumiu e depois de seis horas inteiras achando que algo havia te acontecido — ele falou baixo, mas não menos severo.— Seis horas! Mandei seguranças rondarem toda Londres! Até que eles me dizem que você estava almoçando com um dos seguranças, rindo, e bem. Sabe o que isso significa?? QUE EU FIQUEI PREOCUPADO SEM MOTIVO!! QUE EU ESTAVA ARRANCANDO OS CABELOS E VOCÊ ESTAVA RINDO!!!Ele virou de costas e passou as mãos no cabelo, de forma frustrada. Eu estava tremendo, congelada e zonza. As lágrimas já haviam caído, e quando ele me olhou de novo, eu solucei.
— Se você estiver pensando em fazer algo assim de novo— ele se aproximou, até está com o rosto quase grudado no meu— pode sair por aquele portão e sumir. Vai embora e me livra dessa preocupação do caralho sem motivo algum.Ele se esquivou, e saiu, batendo a porta com força. Minhas pernas fraquejaram e eu caí de joelhos, chorando violentamente. Meu peito convulsava, e eu sentia minha garganta arder.
— Srta. Emma— Cassandra surgiu, caindo ao meu lado — Oh, Srta. Por que veio aqui?
— Desculpe... Desculpe...Eu...
— Shh...— ela me abraçou— não chore. Ele realmente não estava bem.No meu quarto, eu não conseguia tocar na comida, Cassandra surgiu ali mais uma vez; o rosto parecia cansado, e mais preocupado.
— O senhor Lewis dormiu— ela comunicou
— Eu não queria ter deixado ele assim.
— Ele ficou muito mal— ela suspirou — quando contaram que você havia sumido, ele parecia a ponto de chamar o exército. Ele ficou muito aflito, Srta. Muito preocupado. Não acho que já o tenho visto assim. Infelizmente, quando descobriram que você estava feliz e bem. Ele ficou zangado, como se ...Ele estivesse sido feito de...
— Idiota — suspirei — eu sou uma estúpida — solucei
— Ele vai se desculpar— Cassandra afirmou— ele não é assim. Nunca o vi dessa forma, e se ele gritou daquele jeito, tenho certeza que não queria. Então, tente dormir. Amanhã você verá que estará tudo melhor.
— Nunca mais vou fazer algo assim, Cassandra. Eu prometo— afirmeiNo dia seguinte, meus olhos estavam inchados. Eu havia chorado por muito tempo. Não estava com fome, porque me sentia muito errada. Não queria sair do quarto, e nem nada parecido, eu queria apenas ficar ali, quieta e solitária. Infelizmente, lembrei que ainda devia desculpas para ele.
Saltei da cama, pus um vestido bege e saí do quarto. Analisei as portas do andar de cima até encontrar um com placa "Escritório" pendurado. Bati duas vezes, torcendo para que ele estivesse ali.
— Entre...— sua voz suave atravessou a porta.Eu entrei lentamente, e quando a porta se fechou atrás de mim, eu fiquei boquiaberta. Era o cômodo mais lindo da casa. Móveis polidos e brilhando com verniz. Prateleiras cheias de livros históricos, e uma mesa ampla de madeira também polida. Atrás dela Alexander estava sentado, escrevendo algo de forma calma e sedutora. Na direção do seu rosto havia um quadro, e eu imaginei que fosse o quadro que o seu pai lhe dera para preencher com a foto de sua amada.
— Você não sabe obedecer ordens?— a voz dele ecoouOlhei para ele. Seus olhos me fitavam, e, em um movimento causal, ele abaixou o quadro na mesa, deixando ele deitado sobre a mesa com o espaço vazio para baixo.
— Hã, o que?— perguntei
— Falei que você não podia entrar no meu escritório— ele lembrou
— Bem, eu só vim pedir desculpas. E, eu bati antes de entrar.Ele semicerrou os olhos, e eu senti um nervoso novamente.
— Desculpe por ontem— falei— não queria ter te deixado preocupado.
— Mas deixou— ele retrucou
—Eu não sei o que deu em mim.
— Certo — ele voltou a escrever, e a me ignorar— já acabou?
— Eu já vou indo— sussurrei, notando que ele não me perdoaraAbri a porta devagar, sentindo que ia chorar de novo.
— Emma?— ele chamou, e eu virei para olha-lo— não entre no meu escritório.
— Sim, senhor— Saí, deixando as lágrimas rolarem.Me sentia péssima, e completamente desolada. Sei que não devia ter feito o que eu fiz, mas o pior era ser tratada assim. Corri para meu quarto e me joguei na cama, mandando embora qualquer empregado que batesse na minha porta convidando para o café. Eu só queria ficar na minha cama até essa culpa passar.
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A T R I B U Í D A
Romance"Você sabe o motivo para eu ter sido mandada para cá?" E se sua vida mudasse assim que você completasse 18 anos? E se isso não fosse tão bom assim? Emma Maison vivia tranquilamente com seus pais em uma casa pequena perto de um bosque com vista para...