Capítulo 8

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   Os dias correram rapidamente; e eu mal tinha visto Alexander. Sua ausência tinha se tornado comum na casa. Cassandra dizia que ele saiu cedo; que não viria almoçar e que havia chegado tarde. As três sentenças se tornaram tão comuns que parei de perguntar por ele. O ponto positivo era que havia Wallace para me fazer companhia. Eu passava o dia inteiro ao seu lado; falávamos sobre tudo, e eu e ele já nos conhecíamos bem. Ele tinha 24 anos, morava em Londres há 5 anos e veio para cá depois dá morte dos pais.
    Não posso dizer que não gostei de saber isso sobre ele; gostava de pensar que estávamos nos tornando próximos. Infelizmente, hoje era domingo, e Wallace não trabalhava hoje. Ele ganhava o dia de folga por fazer ronda noturna no sábado.
   Por esse motivo, estou sozinha no jardim comendo uma maçã e observando o movimento lento dos seguranças. Cassandra estava avaliando o trabalho dos demais funcionários; Alexander, como a semana inteira, estava trabalhando. Não fora de casa, porque ele não trabalha em dia de domingo, mas no seu escritório. Cassandra havia levado o café da manhã dele lá e ele não havia dado as caras hoje.
   Toda essa informação me deixou irritada. Estava cansada de ficar aqui. Estava cansada de ficar presa. Estava cansada de não saber sobre nada.
   Olhei envolta, agradecendo por não estar sendo muito bem notada.
   Havia feito muitas caminhadas com Wallace, e posso afirmar que havia um portão na parte lateral da casa; era por onde o jardineiro entrava.
    Ganhei um sorriso travesso. Se eu chegasse lá, poderia muito bem fazer meu próprio tour por Londres.
   Me pus de pé e comecei a caminhar rente ao muro de grades; os seguranças me olhavam rapidamente, e eu agradecia por fazer isso todos os dias; talvez já tenha se tornado comum para eles me verem caminhar por aqui, porque seus olhares não demoravam em mim. Fiquei muito satisfeita quando me afastei o suficiente deles para já não ser avistada. Corri para mais longe, e abri o portão do jardineiro. Senti a adrenalina e o nervosismo se tornarem uma sensação de liberdade.

    Caminhei por um longo tempo, decorando o caminho de volta, até finalmente me encontrar no centro da cidade, onde tudo acontecia. Ônibus de dois andares passavam pelas ruas; táxis pretos paravam ali perto; turistas batiam fotos e mais fotos, e eu estava encantada com tudo aquilo. Continuei a andar, absorvendo o lugar inteiro para poder contar tudo para meus pais depois. Naquele ponto eu já havia decidido que não mencionaria o fato de ter saído escondida.
— Emma?— saltei quando uma voz conhecida falou o meu nome

   Virei para olhar, sorrindo assim que o rosto de Wallace tomou o meu campo de visão. Ele parecia feliz em me ver, e completamente surpreso.
— Oi...— fui até ele
— Que faz aqui?
— Vim fazer um tour.
— Mesmo? Nossa, que legal. Quer companhia?
— Mesmo? Não seria um problema?— corei
— Vamos. Vou te levar para conhecer a bela Londres — ele sorriu mais, mostrando suas belas covinhas

    Wallace notou minha surpresa quando ele disse que íamos de moto. Eu nunca tinha andado de moto, mas o garantiu que era como voar, e que era seguro. Eu confiei, e não me importei em subir na garupa e agarrar ele.

   Era como voar. Apertava a cintura de Wallace com os braços enquanto andávamos pelas ruas de Londres.
   O que dizer sobre ​Londres? Era tudo incrível. Os veículos, as ruas, os prédios e até as pessoas. Wallace deu-me seu celular, eu pude bater fotos de tudo. Até bati umas minhas com Wallace e tudo mais. Ele era atencioso o suficiente para fazer algumas paradas.
— Que incrível!— falei no ouvido dele
— Tire quantas fotos quiser, depois eu revelo para você— ele permitiu, e eu tive que sorrir com sua gentileza.

    Depois de muitas fotos e muitos lugares, Wallace me levou a um restaurante para almoçarmos. Eu achei o lugar um mimo.
— Está com fome?— ele perguntou
— Sim— sorri
— Pode pedir o que quiser— ele deu de ombros— eu posso pagar.
— Não sou tão abusada.
— Eu sei.
— Para onde vamos depois?— perguntei, analisando o menu.
— Posso te levar para ver o parlamento, pontes e por fim o parque de diversões.
— Um parque de diversões?— olhei para ele— nunca fui em um parque!
— Então, hoje é seu dia de sorte— Wallace piscou, e eu corei, obviamente.

    Eu conheci Londres. Não suficiente para andar por aí sozinha e informar onde ficavam certos lugares, mas eu poderia dizer onde eu estive ou não.
   Já passava das 17h quando Wallace e eu chegamos ao parque de diversões. Ele estacionou sua moto ali perto e me guiou entre todos que ali estavam.
  Eu não parava de sorrir. Ver aquele lugar e todos aqueles brinquedos, me faz lembrar de quando via um parque na TV e pedia para meu pai me levar em um.
— Qual vamos primeiro?— perguntei a ele
— Vamos começar pelos radicais— ele me olhou, sorrindo— e se você não gritar, eu te compro um sorvete.

     Corremos um ao lado do outro, subindo na montanha russa.

   O sol sumiu, e as estrelas surgiram, foi assim que decidimos que já estava tarde. Fomos em todos os brinquedos, e eu ganhei um sorvete. Não porque eu não havia gritado; na verdade, eu gritei muito. Eu ganhei porque meus gritos fizeram Wallace rir.
— Foi incrível— disse quando paramos diante da moto
— Fico feliz que gostou— ele me olhou, parecendo realmente encantado
— Gostei mesmo. Obrigada por tudo.
— Por nada. Fico feliz que o senhor Lewis deixou você sair.
— Bom, eu não pude pedir permissão— contei
— Como assim?— Wallace franziu o cenho
— Ele esteve muito ocupado essa semana, e eu não o vi direito. Então, não sabia se ele ia aparecer ou não. Então eu simplesmente saí.
— Simplesmente saiu?— Wallace parecia assustado— mas você avisou para a Cassandra, né?
— Hã, não— corei
— Emma, ninguém sabe que você veio passear?— ele perguntou, agora, completamente em pânico

   Senti um bolo no meu estômago, tendo a certeza de que fizera algo muito errado.
— Não— respondi em um gemido

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