Eu não sabia que horas eram, mas era dia. Eu já tinha andado por todo o quarto, e nada havia mudado. Eu estava perdida, estava aqui, e estava tudo ruim.
Neste instante, a porta se abriu. Uma garota que aparentava ter uns 25 anos entrou no quarto com uma bandeja de frutas.
— Olá..— ela sorriu e foi até a cama
— Não quero isso.— apontei para as frutas
— Foi nosso marido que mandou
—Ele não é meu marido!
— Ah. Eu sei que no início...
— Não tem nada de início! Como pode aceitar algo assim!?
— Minha mãe me vendeu!— a mulher quase gritou— Ele me aceitou. O que seria de mim? Eu não sei. Mas poderia ser pior.
— Você é a primeira, não é?
— De certo modo.—ela cruzou os braços— você vai se acostumar. Não dá pra fugir dele. Esse lugar é uma prisão, é uma fortaleza. Se não acham Alexander Lewis em uma cidade e vizinhança a não ser que ele queira, imagine o nosso marido. Ele não está em um lugar povoado, e nem aberto. E não quer ser encontrado. Então, lamento. Essa é sua vida agora. Aceite.Ela saiu e eu senti as lágrimas caírem.
Ela tinha razão. Alexander não vivia escondido, e ainda era difícil achar ele. Esse lugar é escondido, quais as chances de me acharem?
Me sentei na cama e olhei para as frutas. Meu estômago não mostrou ânimo, e eu não tentei. Não queria nada, eu só queria acordar e descobrir que isso é um pesadelo.Fui até a janela. Pude ver diversas garotas ali ainda. Algumas liam, outras se falavam, e tinha algumas na piscina. Algumas faziam ioga, e até tinha umas pintando. Eu devo ter contado umas vinte, mas deveria haver mais.
— Ele é louco...— sussurreiUm homem chegou lá embaixo. Eu abri a janela para escutar.
— Jenny!—chamou o homem— o senhor deseja sua companhia.A menina que lia abaixou a cabeça; a que pintava foi até ela, ergueu seu queixo e disse algo baixinho. Jenny assentiu e se foi.
É assim? Ele escolhe com quem e quando? Nós só temos que...?
Tremi. Isso era tão horrível! Tão horrível!Saí do quarto escondida, consegui não ser vista. Tinha muitas salas ali, nada tão lindo como a mansão de Alexander, mas era tudo muito caro. Esse cara devia ser muito ilegal.
Achei a cozinha e travei. Havia muitos empregados ali.
— Deve ser a senhora Emma.— sorriu uma das cozinheiras— bem vinda. Deseja algo?
— Sair daqui.—quase chorei
—Oh, meu bem..— a mulher veio até mim, cheia de doçura— Você é daquelas que não queriam estar aqui, não é?
— Eu não quero.— chorei
— Eu lamento.— ela me abraçou— quer um copo de água?
— Não. Eu quero morrer. Sei que não tem como eu sair daqui, e eu não vou me submeter a ele.
— Menina, não pode fazer isso.
— Eu posso!— bati o pé.
— Se matar não é a solução.
— É a minha única.— sussurrei
— Nunca é. Pense bem. Talvez você goste daqui, as garotas são boas..
— Nunca vou me deitar com ele. Nunca. Ele vai ter que me matar! E eu vou pedir por isso!Saí da cozinha e corri pelos corredores até chegar no quarto que havia acordado. Senti vontade de quebrar tudo, mas não o fiz.
Sentei na cama e olhei para o anel que Alexander havia me dado. Olhei bem o anel. A última coisa que havia feito foi ter ficado com raiva dele; e gritado. Passei o dia inteiro longe dele, e a última visão que tenho dele é preso naquela cadeira.
Ia chorar quando notei o brilho incomum na pedra do anel. Quer dizer, a pedra vermelha parecia estar piscando...
Meu coração saltou dentro do peito.
— Não pode ser...— sussurreiCorri para a janela e olhei para todos os lados. Aproveitei o silêncio, e tentei ficar calma.
Olhei para as árvores e eu juro que vi algo se mexer nelas.
— Não pode ser...— sussurrei mais uma vez.A porta se abriu e eu me virei. O mafioso estava ali.
— Olá, minha querida—sorriu o homem— vim tentar ser mais cordial. Prazer, sou Orlando.Um som a longe. Um helicóptero?
— Você está pronta para me aceitar?Mais sons. Motores?
— Emma, querida, você é minha. Não há nada que possa fazer. Sabia que seu pai te apostou para querer te dar uma vida melhor? Mas perdeu. É claro que sim. O jogo era...feito para eu ganhar. Sempre é.Ouvi murmúrios entre os capangas e conversas entre as outras garotas.
— Não pode ser...— olhei para o anel, ele estava piscando mais forte.
— O que disse?— perguntou Orlando
— Você tá ferrado..— eu ri e olhei para ele— se ferrou. Você está ferrado.
— Como é?— ele parecia ainda mais confuso
— Você vai ser preso. Finalmente será preso. Vai apodrecer na cadeia. Talvez até morrer. Fim da linha.
— Do que está falando? — ele franziu o cenhoMais sons altos. Motos? Carros? Mais helicópteros?
— Estou falando de agentes...— olhei bem nos olhos dele— polícia. FBI. CIA. Guarda nacional e exército. Todos vindo atrás de você por causa de mim.
— E quem você pensa que é pra ter tudo isso a sua disposição?— ele zombouNo mesmo instante um voz ecoou:
— Atenção! Aqui é a polícia. A casa está cercada por todas as forças da lei. Se rendam ou iremos entrar com liberação do uso de armas!O mafioso correu até a janela, olhou envolta e então olhou para mim, espantado. Eu sorri convencida e respondi sua pergunta no ar:
— A namorada de Alexander Lewis.

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A T R I B U Í D A
Romantika"Você sabe o motivo para eu ter sido mandada para cá?" E se sua vida mudasse assim que você completasse 18 anos? E se isso não fosse tão bom assim? Emma Maison vivia tranquilamente com seus pais em uma casa pequena perto de um bosque com vista para...