Capítulo 13

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    Chegamos no zoo e tudo ficou para trás. Alexander e eu riamos e falávamos sobre nossos animais favoritos​. Ele ficou surpreso quando eu disse que era cobra o meu. O dele era o jaguar, e eu fiquei fascinada com isso.
   No almoço,  ele me levou para um restaurante bem modesto. Sentamos em uma mesa próximo ao jardim. Era um lugar lindo, mas quando notei que havia muito visgo crescendo acima de nossas cabeças, eu fiquei muito desconfortável. Alexander notou, e evitava olhar para mim.
    Todo mundo sabe que quando se para embaixo do visgo, tem que beijar aquele que te acompanha. Que constragendor.
— Então?— limpei a garganta— como vai seu trabalho?
— Bem. — Ele sorriu — estamos...eu estou enfrentando uma certa resistência. Mas nada preocupante.
— Espero que dê tudo certo.— sorri
— Vai dá.— ele piscou

    Tão lindo!!!
   Não conseguia entender. Realmente não conseguia. Como Alexander, lindo, inteligente, determinado, educado e gentil, do jeito que é, poderia estar solteiro? Ele, no mínimo, deveria ter uma noiva. Mas aqui estava eu, almoçando com o homem mais solitário que conheço.
— Que foi?— ele franziu o cenho

   Droga! Tenho que aprender a me expressar menos.
— Por que você é tão sozinho?— perguntei
— Sozinho?— ele indagou— não sei. Deve ser o trabalho. Mas vejo meus irmãos de tempos em tempos.
— E namorada? Por que não tem?
— Qual o motivo dessa curiosidade?— ele deu meio sorriso
— Você não é o tipo de homem que merece está sozinho. Então fiquei curiosa.
— Bom, eu já tive cinco relacionamentos sérios em minha vida curta.— ele fixou seus olhos nos meus— os dois primeiros foram no colegial, e eu não tinha muita certeza das coisas. Foram romances jovens, entende? O terceiro foi na faculdade, com 21 anos. Terminou na noite de formatura, seguimos caminhos diferentes. O quarto, eu estava começando meus negócios, tinha 22 anos. Durou alguns meses, eu terminei devido a morte do meu pai. O quinto foi mais forte. Ficamos dois anos juntos, acabou porque...ela recusou meu pedido de casamento.

   Fiquei de queixo caído. Claro que isso não era impossível, e uma mulher sempre pode dizer não, mas sei que deve ter sido horrível.
— Depois disso...— ele continuou— ela se mudou para a Irlanda, e eu segui em frente. Estou há um ano solteiro. Já me acostumei, eu acho.
— Nenhuma delas ocupou o seu porta retrato?— perguntei
— Não.
— Nem a quinta?— eu me sentia uma enxerida
— Nem ela.
— E por que a pediu em casamento!?— chega, Emma!
— Gostava dela.— Ele afirmou, parecendo não se importar em responder— mas sentia que não era a foto dela para ficar lá. Meu pai disse que pôs a foto da minha mãe no porta retrato dele, porque queria passar o dia trabalhando, mas tendo a visão do rosto dela. Eu não sentia necessidade disso. Meus pais se amaram muito, menina.
— Quer por a foto de alguém que realmente represente algo em sua vida.— compreendi— assim como sua mãe era para seu pai.
— Exatamente.— ele deu um meio sorriso e mexeu a mão para apanhar algo ao seu lado. Depois, vi a pequena planta branca felpuda que ele carregava.— É para se fazer desejos. Tome. Sopre.

   Ele me entregou, e eu fitei a plumagem branca.
— Desejo que você encontre a mulher que deseja. A mulher que cuide do seu coração e saiba valorizar o seu amor.— soprei a plumagem, fazendo os pequenos tufos brancos voarem.
— Era algo para você.— ele disse, gentil.
— Se isso acontecer, ficarei feliz, e me sentindo bem. Então, de certa forma, é para mim. Certo?

   Ele sorriu; olhando para mim como se eu fosse transparente.
— Certo.— sussurrou ele, docemente.

   Almoçamos em silêncio. De vez  em quando, nossos olhares se encontravam, e dávamos um sorriso tímido.
   Quando a garçonete levou nossos pratos, Alexander puxou assunto.
— Então, menina. Eu falei sobre meus relacionamentos. E você? Tem alguém especial que você deixou antes de vir para cá?
— Não.— respondi rapidamente— tive apenas três relacionamentos sérios. Dois duraram alguns meses apenas. O terceiro foram três anos de namoro. Até que ele foi para a universidade e eu não pude ir. Foi triste, mas foi o certo.
— Lamento. Mas deve ter pretendentes.
— Tem uns na minha cidade. Mas não sinto nada por nenhum deles.
— Mas sente algo por alguém.— Alexander retrucou tão rápido, que fez meu coração saltar.
— C-como?— pisquei
— Você disse que não sente nada por nenhum deles, e não por ninguém. Ou seja, há alguém.

    Corei fortemente.
— Você é um bom observador.
— Gosto de pensar que sou.— ele prendeu meu olhar, como se tentasse me decifrar.
— Também me considero uma boa observadora.
— De qualquer forma.— ele desviou o olhar— quem tem seu coração, tem sorte. Devia deixar ele saber disso.

    Sorri para ele, de um jeito apaixonado, então, respondi:
— Quem sabe um dia.

    Estava escuro lá fora. Eu estava deitada na cama pensando no dia que mais parecia um sonho inventado. Chegamos em casa assim que o crepúsculo tomou o céu; eu agradeci a Alexander e ele disse que havia se divertido. Depois cada um foi para seu quarto. Eu não sabia se ele estava pensando em mim, mas eu não conseguia mudar o rumo dos meus pensamentos.
    Lágrimas caíram por meu rosto, e eu comecei a chorar. Não estava conseguindo me livrar desses sentimentos. Eles estavam crescendo, e eu estava à beira de um ataque de pânico. Alexander mesmo dissera que eu iria embora, o que não sustenta essa paixão boba que queria se formar.
   Saltei da cama, saí do quarto e desci os degraus da escada. Precisava manter a mente ocupada.
   Entrei na sala de estar e a mente adormeceu, deixando espaço para meu coração frenético.
   Alexander estava na sala; usava um terno elegante e fitava seu celular. Seus olhos vieram para mim, e eu me sentir voar.
— Oi..—disse ele
— Olá.— respondi
— Já jantou?
— Não. E você?
— Não, mas...— ele guardou o celular— já estou de saída. Tenho um encontro.
— Um encontro?— quase engasguei
— Pois é.— ele riu e abriu os braços.— como estou?

    Lindo? Divino?
   Fitei seus olhos, depois olhei suas roupas, notando a gravata torta. Andei até ele, ficando próxima. Arrumei a gravata e por fim olhei seus olhos mais uma vez.
— Perfeito.— respondi

    Ele piscou várias vezes, como se quisesse recuperar a sua concentração.
— Obrigado, menina.— disse, dando  um passo para trás.— Vou indo. Boa noite.

   Ele saiu antes que eu pudesse dizer " divirta-se" ou "até mais". Me joguei no sofá, certa de que Alexander teria que sair da minha cabeça.
   Eu iria construir uma barreira para manter ele longe do meu coração.

A T R I B U Í D AOnde histórias criam vida. Descubra agora