APENAS RI, JUNTO COM ELES.
E lá vamos nós, a espera do maldito farol, de novo.
- Ele vai ficar na minha casa por um tempo. - Disse a Mônica, enquanto atrevessavamos a rua.
- Um tempo? - Arqueio a sobrancelha e olho para ela, enquanto subo o degrau da calçada de costas.
- Sim. - Jonathan responde antes dela. - Até eu terminar o colegial.
- Entendi. - Aceno com a cabeça, enquanto me viro para frente.
Não ouso questionar, acredito que não seja da minha conta.
Parece que foi ontem, que conheci um garotinho fofo e ele já está um garoto. Um garoto bem desenvolvido, na verdade.
Eu e a Mônica, como eu disse anteriormente, somos amigas de infância. Temos um longo histórico.
Nossas mães são amigas, e foi assim que resultou nessa amizade.
Quando eu tinha uma festa para ir, Mônica ia comigo e vice-versa. E foi o que aconteceu. Na festa do primo dela, o Jonathan, eu estava lá.
Deve estar se perguntando, como diabos eu caí em cima do aniversariante? Pois bem, lhe contarei.
Como qualquer outra criança, eu entrei correndo no salão quando a minha mãe me liberou. Eu corri, e gritei, feito o Tarzan na mata. Pois é, quem diria que eu fiz isso, não?
A Mônica estava com mãe dela cumprimentando alguns conhecidos. E eu? Fui me divertir, como toda criança normal.
Nessa animação toda, o improvável aconteceu. O aniversariante - que eu só soube que ele era o felizardo ao completar anos, quando fomos cantar parabéns - estava em cima de um banco de madeira, não sei o por quê, mas sei que estava lá. Enquanto eu corria, olhei para trás, durante uns 5 segundos - 5 segundos que me deu um belo galo, que quase carcarejei ali - Quando me virei para frente, toda alegre - nem sabia pelo que me esperava, coitada de mim - Me deparei com aquele obstáculo, com um garoto em cima. Não pude parar a corrida, e foi aí que eu bati com tudo naquele banco e caí. Como se não bastasse, o pobre do aniversariante - que na época eu nem sabia seu nome - se desequilibrou e caiu. Foi traumático, pelo menos para mim. Além de ter caído, eu ainda recebi de brinde um garoto , que tombou sobre mim.
O engraçado é que eu comecei a chorar, impurrei a vítima do meu ataque, derrubando-o no chão, novamente, e sai correndo. Ao invés de me desculpar, é ajudá-lo levantar, fiz tal façanha.
Eu simplesmente saí sem rumo,o que é hilário. Pois, eu estava dentro de um salão e só precisava sair da linha reta, para ir ao banheiro.
Não sei como, mas achei um esconderijo, que aos meus olhos de criança era perfeito. Limpei as lágrimas, e me aconcheguei lá. Ninguém iria me achar ali.
Embaixo de uma escada havia um suporte com nada em cima, mas e tinha uma abertura como o de uma mesa, e para quem se adentra embaixo dele, pode ser o melhor dos melhores esconderijos.
Pensando melhor, deve ser esse o motivo de eu gostar tanto de viver a vida me escondendo, porque o que aconteceu ali, momentos depois, foi o dia mais feliz - acho que interessante, cairia melhor - da minha vida.
Lá estou eu, encolhida debaixo daquele suporte. Logo, escuto o meu estômago roncar, mas prefiro ficar ali.
De repente, ouço pisadas, me encolho mais. O dono das pisadas, abaixa-se, sorri e logo fala:
- Nossa, que garota chorona você é. - Disse, tomando um espaço ao meu lado.
Se fosse a eu atual, o olharia com incredulidade e provavelmente, daria uma cabeçada na boca dele.
Mas, eu não disse nada, apenas me afastei para o lado esquerdo, deixando o espaço direito mais folgoso para ele.
- Você... Não está com fome? - Me perguntou, como se ele se importasse.
Provavelmente, ele escutou o discurso do meu estômago.
- Estou. - Afirmei com a cabeça.
Ele tira balas de goma do bolso e me entrega.
- Toma, eu reparto com você.
Eu peguei e devorei em segundos. Mas, óbvio que ainda estaria com fome.
- Não tem mais? - Pergunto para ele.
- Lá dentro tem, vamos pegar?
Ele pegou a minha mão e me puxou, tirando-me daquele esconderijo e se adentrando na festa.
E foi assim que eu comecei a gostar daquele garotinho, à qual nem o nome eu sabia.
Mais tarde, soube que ele iria embora no mês que posterior e nunca mais soube dele, como também, nunca mais me apaixonei de novo - se é que se pode considerar aquele acontecimento como algo assim.
**
Mônica sempre morou em frente a minha casa, o que facilita tudo. Mas me pergunto se isso tudo vai mudar, agora que tem um integrante a mais na família dela. E esse integrante, na verdade, me preocupa bastante...
Atravesso a rua, em meio aos meus pensamentos, encaro - o, e vejo que ele faz o mesmo. Desvio o olhar e suspiro. Aceno para eles com a mão. Eles acenam de volta.
Entro em casa, e grito:
- Mãe? Estou em casa!
E já corro para o meu quarto, o lugar onde tenho refúgio.
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A Jogada Do Destino
RomanceJéssica Pulmonares, encontra-se em uma situação, que para ela é causa de vida ou morte. A estória desenrola a cada atitude da protagonista, que por sua vez, é teimosa, briguenta e acima de tudo, leva consigo um orgulho maior que ela própria. Mas, pa...