Acordei sentindo meu corpo pesado, minha cabeça girava e minha garganta doía, não queria abrir os olhos, então permaneci deitada, queria chamar Morramed mas não tinha certeza se conseguiria dizer algo convincente para fazê-lo me ajudar.
Estendi meu braço, tateando entre os lençóis, e com surpresa, notei que a cama estava vazia.
Levantei a cabeça rapidamente, sentido o mundo girar de repente. Me sentei devagar, olhando em volta, mas não havia sinal de meu marido.
Me levantei lentamente, eu sentia como se o próprio deus Brahma*, com suas quatro faces estivesse sentado sobre meus ombros.
- Preciso ir trabalhar - Murmurei. – Meu marido vai ficar irritado.
Sentindo-me tonta, vi todo o quarto girar e tive que me apoiar na parede.
Esperei um minuto para tontura passar, porém, quanto mais tempo esperava, mais lembranças tomavam conta da minha mente;
Morramed me bateu,
Não me quer mais como esposa,
Perdi tudo,
Zombavam de mim,
Entrei na água,
Fiquei com frio, mas não podia sair,
Anne,
Eu sou seca.
Abri os olhos, alerta, eu não estava na minha pequena casa, aquele era o quarto de Anne.
Onde ela estava?
Olhei em volta, em cima do seu enorme baú havia um sari* dobrado cuidadosamente, não sabia onde ela havia conseguido ele, mas agradecia imensamente.
Vesti a anágua e depois peguei a ponta do sari azul claro e enrolei em volta da cintura, coloquei o choli* rosa bebê de mangas finas, era tudo tão lindo, tão fino, eu não estava acostumada com aquele tipo de tecido.
Peguei o pallu com vários tons de azul e rosa e amarrei sobre meu ombro direito, eu queria rodopiar e poder apreciar minha vestimenta, mas me sentia muito lerda e pesada, Anne deveria ter gasto boa parte do seu salário comprando aquilo para mim, e assim que arrumasse dinheiro eu a pagaria por tudo.
Estava trançando meu cabelo quando notei um brilho no chão me abaixei e peguei um maang tikka*, era simples, mas muito bonito, então soltei meu cabelo e os penteei com os dedos, essa era minha primeira joia fora do casamento, pois Morramed havia pego todas as minhas.
Fora do casamento.
Essa frase me causava calafrios.
Abri a porta devagar, sentindo-me bonita.
- Você demorou.
Me assustei, procurando pela voz.
Dei um passo para traz.
O homem com o rosto queimado.
Ele usava um turbante, mas seu rosto estava a mostra.
-Namastê* – Fiz uma reverência.
Fazendo pouco caso, ele apenas me empurrou de volta para o quarto, fechando a porta atrás de si.
Meu coração começou a bater forte, eu não me sentia bem para lutar com um homem, provavelmente mesmo que me sentisse, não seria capaz de vence-lo, no que quer que fosse.
Fechei os olhos, apenas esperando pelo pior.
Mas não veio.
Espiei cuidadosamente e encontrei o homem com uma expressão engraçada.
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Flor da Índia
Romance- Dance para mim - Ele pediu. O véu tremulou com minha respiração entre-cortada. - O que ganho com isso? - Perguntei baixinho. - O que quiser: Jóias, ouro, diamantes, adornos, será tudo seu. - Sorriu de forma solicita - Peça. Meus lá...