Mais uma contração se passa, meu corpo treme e dói tanto que consigo ver estrelas.
Tia Jess pede para que eu mantenha calma e fica dizendo que nós já estamos chegando ao hospital, mas sei que ainda faltam alguns bons minutos até lá.
- Está aguentando aí, Kat? - Juli que está no volante, se vira rapidamente quando paramos em um semáforo.
Respiro fundo antes de falar, meu fôlego parece quase inexistente nesse momento.
- Ninguém me contou que iria doer tanto. - digo devagar, entre uma respiração e outra.
O carro começa à andar novamente. Eu me arrumo no banco, colocando a cabeça no encosto e as minhas duas mãos na barriga.
As janelas são abertas por minha tia, ela comenta algo sobre estar eu estar suada, realmente não havia percebido, mas meu cabelo e vestido estão completamente grudados em minha pele como se estivesse tomado um banho e esquecido de me despir.[...]
Quando chegamos no hospital, sou levada diretamente para o quarto. Uma enfermeira me ajuda a colocar a roupa de hospital e depois a deitar na cama.
Minutos depois Steff entra no quarto.
- Você veio cedo. - ela se apoia na cama. - Tinha mais três semanas até a data marcada. - fala, enquanto olha meu prontuário.
- Steff, tem algo errado com eles. - falo, enquanto meus olhos se enchem de lágrimas. - Eu consigo sentir.
- Não, Kat... - ela se aproxima de mim e segura em minhas mãos. - Eles estão otimos em todos os sentidos, são grandes e são saudáveis. Eu prometo que não vai demorar muito até os bebês estarem em seus braços. Tudo bem?
- Ok. - falo.
Mais uma contração vem, e meu choro aumenta, a dor é enorme e parece atingir das minhas coxas até a espinha.
- Segura minha mão. - Steff diz. - Logo vai passar.
Aperto a sua mão com toda a força que tenho, fecho os olhos e os mantenho assim até que a dor se ameniza. - Essa foi uma das longas. - fala, olhando no relógio quando solto sua mão que está avermelhada. - Foram quarenta segundos. Há quanto tempo foi a última?
- No caminho, à uns dez minutos atrás. - digo, enquanto procuro uma posição mais confortável na cama.
- Eu vou fazer o exame para ver a dilação, assim saberemos se vai demorar para os bebês nascerem. - a Dra. diz.
Eu concordo.
Normalmente acharia esquisito uma outra mulher colocando a mão em minhas intimidades, mas sinceramente, desde que engravidei eu nem ligo mais, considerando que dois bebês enormes vão sair de lá em pouco tempo. Ficaria feliz se fosse só ela me tocando.
- Você está com seis centímetros de dilação. - ela tira as luvas, jogando-as na lixeira do banheiro. - Como sua bolsa já estourou falta pouco para o parto.
- Isso é bom, eu acho. - falo.
A mesma enfermeira que estava aqui quando eu cheguei, entra no quarto novamente, mas dessa vez acompanhada por tia Jess, Juli e Trubs.
- E aí, mamãe? - Juli fala. - Doendo muito?
- É terrível. Por que vocês me deixaram passar por isso? - pergunto.
- Você quem engravidou amiga. - Trubs fala se sentando na ponta de minha cama.
- Maldito Chandler. Isso é tudo culpa dele. - digo, enquanto a enfermeira coloca um monitor cardíaco em mim e arruma o monitor ao lado da cama.- Eu vou acabar com aquele infeliz.
- Você também teve culpa, meu amor. - ela fala.
- Se você não tivesse aberto as pernas não estaria aqui agora, minha linda. - Juli fala e depois ri.
Eu reviro os olhos.
- Você devia me dar apoio. Não interessa se eu estou errada, essa é sua obrigação como minha amiga.
- Desculpe, mamãe. - diz. - Eu posso ajudar em alguma coisa? Fazer uma massagem, a mesma que minha mãe fez em mim quando tive Theo e Kate.
- Por favor. - falo, fazendo um biquinho e me deitando de lado.
-Isso vai ajudar a relaxar um pouco por um tempo. - ela fala e começa a fazer movimentos circulares em minhas costas.
A massagem é feita por alguns minutos e até me faz relaxar, mas não por muito tempo.
- Está vindo de novo. - digo, segurando a grade da cama com as duas mãos.
Assim que a contração está acontecendo a Doutora Steff volta para a sala e fica conosco até que o período passa.
- Ela está com quanto de dilatação doutora? - minha tia pergunta.
Eu abraço o meu travesseiro e evito olhar as meninas enquanto as lágrimas escorrem livremente por meu rosto.
Eu não consigo fazer isso.
Sinto as minhas pernas serem abertas e a Dra. me examinar.
- Uou. Boas notícias. Você já está com dez centímetros, Katelyn. - ela fala, mas eu ainda evito olha-las.
- Precisa de quantos centímetros Dra.? - Trubel pergunta.
- Exatamente dez. - ela responde com um sorriso e depois se volta para mim. - Seus bebês já estão quase chegando agora.
- Graças a Deus, eles vão chegar! - Juli fala dando palminhas.
- Graças à Kat, você quer dizer. - minha tia diz e se senta ao meu lado, eu encosto minha cabeça em seu peito. - Esse sofrimento já vai acabar, Kit Kat.
- Se não fosse por Deus eles não iriam vir. - Juli fala. Eu olho minha tia e sei que pela pequena careta que ela faz que está evitando sorrir. É como eu já falei antes. Ela não é religiosa. - Dra. ela já vai para a sala de parto?
- Em alguns minutos. Você pode descansar por enquanto, Kat.
- Okay, obrigada. - falo.
- Esta pronta amiga? - Trubel pergunta animada
- Eu nunca estive tão assustada em toda minha vida. - falo, quando Steff sai do quarto. - À quem eu estou enganando? Eu não posso fazer. Eu não posso fazer isso sozinha.
- Pode sim, você conseguiu até agora, Kat... chegou a hora de ter seus filhos nos braços. Tem certeza que não pode fazer isso por eles? - Juli pergunta.
Minha boca se abre, mas nenhuma palavra sai. Eu não sei o que dizer.
São os meus filhos de quem estamos falando, será mesmo que não consigo deixar de ser covarde nem por eles?
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Unbreakable
FanfictionLivro 2. Era pra Ser: Unbreakable. Katelyn Nacon, de 18 anos, tem que lidar com os últimos acontecimentos em sua vida: o término de seu relacionamento e a descoberta de uma gravidez não planejada. Entre todos os recentes conflitos e mistos de novas...