No way

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Estava sentada na recepção há quase uma hora, minhas costas e pescoço doiam, mas a pior coisa era não saber nada sobre o que estava acontecendo à minha tia.
Assim que ela passou pelas portas que davam para o corredor cirúrgico, fiquei completamente no escuro, ouvi apenas uma única frase da médica: "Não se preocupe, faremos o possível", ela disse, mas isso não me acalmou nem um pouquinho.

- Terra para Katelyn. - Mariah estala os dedos na frente do meu rosto. - Ainda está aí?
Eu balanço a cabeça algumas vezes antes de voltar a prestar atenção no mundo outra vez.
- Seu café. - diz enquanto me entrega um copo grande e quente, que seguro com as duas mãos.
Ela se joga na poltrona ao meu lado, e observa o horizonte, assim como estou fazendo no momento.
Liguei para Mariah sem querer na verdade, o seu número era um dos primeiros nas minhas últimas ligações e assim que disse o que estava acontecendo, ela chegou aqui em minutos. Fico feliz que tem sido ela para que eu liguei.
Também falei com Juli e quando contei tudo, ela disse que já havia descoberto o que estava acontecendo, achei esquisito porém não falei nada naquele momento, ela disse que já estava à caminho, mas até agora nada.
- Conversa comigo. - peço à ela.
- Sobre o o quê?
- Sei lá. Qualquer coisa. Algo que me faça parar de pensar na minha tia.
Um silêncio caí sobre nós, alguns segundos passam até que ela fale novamente.
- A única coisa que eu consigo pensar é sobre seu irmão. - Mar me olha. - Tipo... literalmente. Eu acordo e durmo pensando nele.
Eu solto uma pequena risada incrédula.
- Você realmente está apaixonada por ele, não é? - pergunto e ela dá um aceno positivo com a cabeça.
- Isso é terrível. Ele é comprometido e tudo que eu consigo pensar é sobre como ele ficaria ainda mais bonito na minha cama. - ela diz pensativa.
Eu faço uma careta rápida. Argh.
- Você está ferrada.
- Eu sei, e você é uma pessima amiga.
- Eu sei e sinto muito. - sorrio para ela. - Mas ele é meu irmão e não tem muito o que eu possa fazer para te ajudar, não é como se eu pudesse fazer ele se separar da Zoey. Só ele pode fazer isso, e se ele não quer...
- Você não está ajudando. Na verdade, acho que está tentando me fazer sentir ainda pior.
- Eu realmente não estou. - tento me defender, mas eu sei que não estou sendo de grande ajuda. - Eu estou apenas dizendo a verdade.
- Tanto faz. - ela dá de ombros. - Mas o que eu deveria fazer? Superar ou tentar fazer ele ver o quão desejável eu sou?
Dessa vez eu dou de ombros.
- Talvez eu deva arrumar uma nova amiga que realmente saiba o que fazer da vida.
- É, essa pessoa definitivamente não sou eu.

- Katelyn! - Juli finalmente aparece, com uma cara aflita.
Nós nos levantamos enquanto ela vem até nós.
- Como nossa tia está? Alguma noticia? - ela pergunta colocando uma mão em meu ombro.
- Não, nenhuma. - digo com um suspiro, então me aproximo e encosto minha cabeça em seu ombro. - Eu estou tão cansada disso, Juli.
- Eu sei querida. - ela mexe em meus cabelos. - Eu também estou. Kat, eu acho melhor você ir para casa descansar. Sei como estar grávida de gêmeos é cansativo.
- Não, eu estou bem e eles devem dar notícias a qualquer momento.
Mar que saio para falar ao telefone  poucos segundo atrás volta para nosso lado.
- Kat, eu detesto ter que deixar vocês, mas o preciso voltar para o hotel. Tudo lá está uma loucura. - ela diz e sai correndo.
- Já que vamos ficar aqui, eu vou te levar para tomar um lanche. - ela fala.
- Eu realmente não sinto vontade de comer agora. - digo me sentando de novo.
- Katelyn Nacon, se você vai ficar aqui até tarde como da última vez, você vai comer! Vamos! - Juli me segura e puxa meu braço, saimos andando.
Não tenho outra escolha a não ser ir com ela, quando chegamos na cafeteria, me sento em uma das mesas e ela vai até o balcão, voltando em poucos minutos.
- É bom você comer tudo. - ela se senta colocando muitos salgados na mesa.
- Odeio esse hospital. - falo tomando um gole do suco de laranja. - Odeio ter que trazer gente para cá, odeio vir aqui por mim mesma... Apenas odeio.
- Queria poder explodir este lugar. - ela coloca os cotovelos sobre a mesa.
- Sinto o mesmo. Toda vez que preciso vir nesse lugar algo de ruim acontece. - falo. E logo mudo a direção do assunto. - Eu estou me sentindo tão miserável, Juli e sei que estou insuportável esses dias por toda minha reclamação. Não quero mais me sentir assim.
- Que tal falar sobre outra coisa então? - ela sorri.- Sabe, sei que nossa tia vai ficar bem, ela é muito forte.
- Ela pode até ser forte, mas não nesse momento, olha o que aconteceu.
- Ela vai dar a volta por cima dessa. - fala, mas parece dizer isso mais para se convencer do que para mim.
- Espero. - falo. - Ela não pode ir agora.

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