Don't break me again

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Os pesadelos com Kyle me atormentam, neles eu sempre acabo morrendo, jogada da janela, levando um tiro no peito, na barriga, na cabeça, sendo esfaqueada, enforcada, afogada, decapitada, empalada, tendo o coração arrancado do peito ou meus filhos arrancados da barriga, tem vez que vejo toda minha família morrer, primeiro os bebês, depois Ju, Geanna, Peter, Rick, Trubel, Dom, Chandler - que sempre aparece na última hora -, Jessie, Juli e finalmente eu.
Faz alguns dias que eu não durmo direito, quando me deito e apago, sou atormentada pelos pesadelos, quando acordo, normalmente de madrugada, durmo horas depois, somente se estiver abraçada a Ju que vem dormindo comigo nesse tempo em que minha tia está aqui, e Vênus que se deita ao meu lado.
Os dias tem sido um pouco difíceis, talvez eu esteja com Estresse pós-traumático, ou talvez seja a privação de sono, junto ao estresse da gravidez e o medo que tenho pelo fato de Kyle ainda estar à solta por aí, tudo misturado. Talvez seja isso.

[...]

2:30 da tarde de um sábado qualquer. Eu me arrumo na cama, tentando descansar nem que seja um pouco. Meu sono está terrível.
Meu celular começa à tocar, me sento na cama e meio confusa, tateio a mesinha da cabeceira à procura dele.
- Alô? - eu falo com uma voz meio brava assim que atendo.
- Kat. - escuto a voz de Dom e me deixo cair para trás no colchão. - Posso falar com você? Ou você vai se recusar à falar comigo outra vez?
Desde aquela noite, eu meio que venho evitando falar com ele. Já se passou quase uma semana e eu ainda não sei o que fazer.
Eu simplesmente estou fugindo outra vez.
- Eu tenho a opção de desligar, mas não vou. Fale o que tem a dizer.
- Uau, como você é grossa. - diz em um tom de deboche.
- Eu sei. Fale.
- Só queria saber porque você correu de mim daquele jeito.
Me calo por um segundo.
- Tem muita coisa acontecendo na minha vida nesse momento, Dom. - falo. - Eu não quero ter que falar, pior ainda se for pelo telefone, não tenho vontade alguma. E principalmente, não quero te envolver em toda minha loucura.
Ele faz silêncio, posso escutar sua respiração baixa do outro lado da linha.
- Você disse que não quer contar por telefone? - diz calmamente.
- Sim. - confirmo. Eu me sento na cama novamente.
- Então vem abrir a porta para mim.
- O quê?
Dou um pulo da cama, e corro até a porta da varanda, ele está parado em frente a casa e olha para cima.
- Não vai vir? - pergunta.
- Estou indo. - respondo com um vestígio de sorriso no rosto.

Assim que abro a porta, Dom me olha de cima à baixo com um sorriso no rosto.
- Você fica bonita mesmo bagunçada.
Eu me arrependo de ter descido correndo, me lembro que estou de pijama, uso apenas um short rosa e um blusão azul de manga comprida, meu cabelo provavelmente está uma bagunça.
Eu dou espaço para ele entrar e então fecho a porta, bloqueando o vento frio que entra.

Coloco café em uma xícara para ele e me satisfaço com um pedaço de bolo de chocolate que a Juli fez.
- Certeza de que não quer? - pergunto. Ele apenas acena que não com a cabeça.
- Eu só quero saber o por quê. - ele tem um rosto sério.
Eu me sento no banquinho ao seu lado. Não queria ter essa conversa.
- Eu sou louca, e tenho problemas. - digo simplesmente e vejo um sorriso passar por seu rosto. - Não ria.
- Eu não estou. - diz sério.
- Não gosto muito de clichês, mas dessa vez é preciso. Não é você, Dom, sou eu.
Ele me observa e faz um sinal para que eu continue.
- A minha vida nesse momento está uma bagunça, eu tenho todo esse pessoal para me preocupar, o marido da minha tia está no hospital, parece que ela está perdendo os parafusos que restam, o marido da minha prima morreu, ela está devastada e tem gêmeos para cuidar e além de tudo isso, aparentemente eu estou ficando louca, tendo pesadelos todas as noites e sou pessima no meu trabalho que seria cuidar de todos eles que não estão bem nesse momento. - eu desabafo meio sem pensar.
- Parece que sua vida está bem cheia mesmo.
- Sim, está. - eu concordo com a cabeça.
- Sabe, você me deu todos esses motivo, mas nenhum realmente esclareceu o motivo pelo qual você está evitando ficar comigo. - ele olha no fundo dos meus olhos, e eu me sinto profundamente intimidada.
Posso correr agora?
- Eu realmente não quero ter que falar sobre isso. - respondo e me levanto da cadeira, ficando à alguns metros dele.
- Eu quero ouvir de você. Se você não quiser nada comigo fale, eu não vou te forçar à nada. Eu só quero que diga.
Fecho meus olhos por alguns segundos.
- Eu gosto de você, essa é a verdade.
- Mas...
- Eu estou grávida, Dom. - eu levanto a blusa e deixo a barriga de cinco meses à mostra.
Ele cruza os braços.
- Eu sei que você está grávida. - ele responde. - E?
- O pai dessas crianças.
- Não estou pedindo para substituir ele. - diz calmo. - Você o ama?
Sim.
- Eu não sei... Talvez. - respondo. Mentir é feio, Katelyn. - Ele foi muito importante para mim, nós quase nos casamos, não posso dizer que não sinto mais nada.
- Eu só queria uma chance. - diz. Ele se levanta da cadeira e anda até mim. Deixando poucos centímetros de distância. - Eu gosto de você, sabe? Gosto do seu cabelo bagunçado, do jeito louco, o modo como não liga para nada, mas é centrada ao mesmo tempo.
Eu o olho.
Ele sabe tanto sobre mim.
- Meio que gosto de você também, Dom. Mas tem tantas coisas...
Ele coloca as mãos trêmulas em minha barriga, eu sinto um carinho estranho emanar do meu corpo.
- Eu quero você... vocês. - ele para. - E estou disposto à esperar você se decidir.
Eu dou um sorriso.
Talvez ele tenha conseguido tocar meus sentimentos.
- Tudo bem. - digo. - Você venceu.
Ele me olha com um sorriso confuso no rosto, e então meio que sem pensar, eu o beijo.

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