Capítulo Quatorze

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"As estrelas são todas iluminadas...

Não será para que cada um possa um dia encontrar a sua?"

Jaque acabou tendo dificuldades para conseguir uma condução devido ao trânsito que se formou na região, pela curiosidade da imprensa presente no local. Pensou em ligar para Léo, mas havia esquecido o celular em casa e somente se lembrou naquele momento, quando foi procurá-lo em sua bolsa e não o encontrou.

Resolveu pegar um táxi para chegar logo em casa, que a deixou em frente à mansão. Durante o trajeto, concluiu que deveria mesmo guardar segredo sobre sua descoberta naquele dia. Sua mãe não merecia sofrer com a apreensão pela qual ela mesma estava passando, e Léo não precisava de mais problemas — vira a angústia em seus olhos ao sair da clínica, a culpa ainda era nítida em seu semblante enquanto recebia os xingamentos. O coração de Jaque sangrou ao assistir, de forma impotente, toda aquela cena, e ela se sentiu egoísta por não ajudá-lo devido ao medo de ser reconhecida.

Ao descer do táxi, a sensação de um frio na espinha a acometeu. Atribui o fato ao medo atordoante que a dominou desde sua descoberta. Mas, para sua surpresa e também para azedar de vez o seu dia, Jorginho estava parado em frente ao portão da mansão, bloqueando seu caminho.

— O que faz aqui, Jorge? — Resolveu que enfrentá-lo seria a melhor opção, pois estava com a cabeça cheia e ansiosa para ver Léo.

— Estava te esperando, precisamos ter uma conversinha.

— Eu não tenho nada para conversar com você! — Jaque tentou passar por ele, que a impediu, segurando-lhe de forma bruta no braço.

— Tem sim, e vai me ouvir quietinha — Jorginho respondeu, em tom ameaçador.

— Se você não me soltar, vou começar a gritar aqui. — Jaque se debateu para ele soltá-la, sem sucesso.

— Você não fará nada disso. Sabe por que, Ana? Eu tenho informações importantes para te passar. — Ao ouvir seu primeiro nome, Jaque sentiu um arrepio subir por toda sua coluna, fazendo-a congelar onde estava. Nem mesmo Léo sabia que ela se chamava Ana Jaqueline. Por puro medo, parou de se debater e encarou Jorge, com receio de suas descobertas.

— Sabe, Ana, é assim que devo chamá-la, correto? — Jorge falou em tom baixo e intimidador depois de soltá-la, confiante de que Jaque não faria nenhum escândalo. — Eu fui impedido de entrar na mansão, sabe por quê? — Ele respondeu em seguida, como se estivesse em um monólogo: — Porque uma negra intrometida, que não sabe o seu lugar, encheu a cabeça do meu amigo com acusações fantasiosas.

— Eu só abri os olhos dele, você se queimou sozinho.

— Você tem como provar? — Jorginho desdenhou dela.

— Ainda não, mas tenho certeza de que não precisarei fazer nada. Você se entregará com suas próprias ações.

— Quanta confiança para uma pessoa que está na minha mão... Eu vou falar exatamente o que você irá fazer e não vou me repetir.

Jaque resolveu dar crédito a ameaça dele, pois já havia descoberto seu nome, e ela temia pelo o que mais ele poderia saber.

Jorginho continuou sua ordem:

— Você dará um jeito de limpar todas essas mentiras que inventou para Léo e também para o Leônidas.

— Eu não tenho como fazer isso, as evidências falam por si.

— Não me interrompa! — Jorge gritou com ela. — Dê um jeito, se vire, eu não quero saber... Você vai fazer isso e depois vai sumir do meu caminho.

Amor Abstrato - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora