5º Capítulo

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Como estava com muita sede resolvi levantar-me e ir buscar um copo de água. Quando me levanto à noite sozinha tenho sempre de acender alguma luz, tenho medo do escuro, e o que pode aparecer nele. Acendi a luz mal me levantei da cama, e fui andando pelo corredor da cozinha. Olhei para cima onde estava situado o relógio e vi as horas, eram 3 da manhã. Peguei um copo e liguei a água até encher o copo, e levei-o para o meu quarto. 

Era demasiado cedo, portanto resolvi ir deitar-me de novo. Tentei, tentei e tentei, e nada. O sono simplesmente não me chegava. Liguei o telemóvel e tenho uma mensagem da Sammy, mas como é que ela conseguiu o meu número? Provavelmente o Rúben deve-lhe ter dado. Odeio que dêem o meu número sem a minha autorização.

"Olá, tudo bem? Sou a Sammy, acho que ainda te lembras. :)" 

Aquele smile era tudo sem ser um sorriso num boneco. Um boneco sinistro, um boneco a dizer que me vai matar. Respondi-lhe, sem me lembrar das horas que eram. Espero que ela tenha o som do telemóvel ligado, pelo menos já não era a única acordada.

"Sim, como conseguiste o meu número? E por favor, não faças esse smile."

"Sabias que me acordas-te? Agora estou com mau humor. Estive no computador a falar com o Rúben e ele deu-mo."

Não sabia que eles já se eram íntimos para falar no computador. Ignorei a mensagem e fui dormir, finalmente o sono já me tinha aparecido. Às vezes prefiro que as pessoas ficassem caladas do que sair o que por vezes sai.

Acordei com o meu pai a abanar-me, parece que ele já estava assim há muito tempo.

"Calma pai, já acordei, vai com calma ainda é de manhã." - disse baixinho.

"São duas da tarde, e eu já estava aqui há uns 5 minutos a acordar-te, o que se passou?"

"Nada, apenas ontem acordei de noite e fui buscar um copo de água e voltei a dormir. Mais nada." - digo enquanto levanto-me para ir comer alguma coisa. Antes de sair do quarto perguntei ao meu pai se ele já sabia de uma tal carta, ele por incrível que pareça disse que não. Eu não acredito que a minha mãe não lhe contou, ou então apenas não teve ainda o momento certo...

Cheguei à cozinha e abri o frigorífico para comer ou beber alguma coisa, e pego no pacote de leite e bebo directamente, sou a única da casa que bebe leite, por tanto, posso. Apenas bebo leite porque de manhã não tenho muita fome.

Fui ao quarto da minha mãe e falei com ela sobre o meu pesadelo, normalmente os meus pesadelos não se tornam realidade, porque é tudo estranho, este está a descrever o que irá acontecer daqui a 2 dias, a última coisa que eu quero. Contei tudo o que aconteceu no pesadelo, até o que ele falou. Ela reagiu normalmente e nem teve uma pergunta para o que acabei de dizer. Espero que ela pense muito bem em relação de ir ou não, ela depois pode-se arrepender, e eu não quero que nada de mal aconteça. Se acontecer algo à minha família vem duplicado em mim.

Levantei-me da cama da minha mãe e fui em direcção ao meu quarto, enquanto estava a andar bato com o meu dedo mais pequeno do pé no bico do móvel da minha sala. Acho que é a dor mais dolorosa que há. 

- "Au. Acho que preciso de ir ao hospital, o meu dedo morreu." - grito para todos ouvirem.

- "Para a próxima vês para onde andas." - o meu pai diz rindo.

- "É a segunda vez que bato com o dedo esta semana, e isso para não falar quando mordo a língua." - digo triste.

- "Não sejas medricas e vem comigo às compras, eu compro-te algo." - ele diz e rapidamente o meu rosto ganha um sorriso. "Quero-te pronta as três e meia." - vou a correr para o meu quarto, já me tinha esquecido da dor do dedo com tanta emoção. 

Pego numa camisola qualquer do meu roupeiro, e vi que era dos 'Red Hot Chili Peppers', sorri logo em ver a camisola, peguei numas calças de ganga e uns vans. Fui em direcção da casa de banho e lavei a cara e os dentes, depois de tudo, penteei-me.

Corri até a sala e sentei-me ao lado dele no sofá, onde ele estava. 

- "Vamos?" - perguntei contente.

- "Sim, e quando estivermos lá, não me chateies que queres coisas" - ele diz seguro no que diz.

- "Está bem, mas anda lá." - digo levantando-me e esticando a mão para ele se levantar também.

Entramos no carro e liguei o rádio, estava a passar uma música calma, e o tempo estava razoável, dava para ver o sol, e estava nuvens, eu apenas queria que chovesse para o resto do ano. A chuva alegrava-me o dia, o barulho das gotas de água a tocarem no vidro faziam-me pensar, e a deslizarem pelo vidro fazia-me sono... era tudo mágico quando estava a chover.

Quando entramos no supermercado o meu pai disse-me logo para eu ir escolher o que quisesse, mas claro, não passasse dos limites, então iria escolher duas coisas baratas. Estava a andar demasiado rápido, estas pessoas com carrinhos e multidão e barulho dão cabe de mim, por tanto apressava-me para não ter de ouvir isto tudo. Quanto mais me apressava mais desejava sair dali. E fui contra uma pessoa, ele ia caindo, mas felizmente apenas se desequilibrou-se. 

- "Desculpe." - digo arrependida.

- "Kam? Moras por estes lados? Não sabia. E está tudo bem." - Ele diz sorrindo

- "Olá Rúben, eu moro aqui perto, ainda se tem de andar de carro." - Estava a espalhar o quanto feliz que estava e nem reparei que estou a ser simpática.

- "Ah está bem. Vemo-nos na Segunda-feira. Fica bem." - ele diz apressado saindo da minha vista.

Continuei a andar para o corredor onde queria comprar os chocolates, que era o corredor dos doces, e pego em dois chocolates. Ele disse duas coisas, então irei comprar dois chocolates.

Eu odeio estar num supermercado e estar perdida da pessoa com quem vim. Andei às voltas por lá, e nada. De repente sinto alguém a tocar-me no ombro.

- "Estás perdida à muito tempo?" - ele diz rindo.

- "Não tem piada. Já podemos ir para a caixa?" - pergunto cansada.

- "Sim, vamos." - Caminhamos até à caixa e ficamos à espera da nossa vez, estava muita gente num supermercado ao sábado.

Quando saímos daquela multidão toda fomos em caminho do carro. Estava ao lado do meu pai, enquanto alguém toca-me no ombro e eu viro-me.

- "Sim?" - digo virando-me e dizendo para o meu pai esperar.

- "Tem algum cigarro?" - a pessoa que me tocou perguntou.

- "Não, eu não fumo." - digo e enquanto me virava a pessoa toca-me novamente, e eu viro-me.

- "Um dia eu vi-te a fumar, não sejas assim, dá lá, não sejas egoísta." 

- "Qual a parte que o senhor não percebeu que eu não fumo?" - começo a ficar furiosa.

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Podem-me dar alguma opinião?

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