1º Capítulo

4.8K 141 28
                                    

Porquê fazer isto tudo, se um dia iremos morrer? Porquê trabalhar? Nós iremos morrer um dia, porque nos esforçamos para trabalhar? Para arranjar comida? Porque não morremos logo? Qual é o significado de "vida"? Tantos pensamentos me ocorrem todos os dias na minha cabeça. É tudo tão estranho, e se eu estiver num jogo, e se alguém estiver a "manipular-me"? Porque quando caímos, dói no corpo? E porque existem dores que não é no corpo, e sim na alma, dentro de nós. Tenho estes pensamentos todos os dias, a toda a hora, e nunca obtenho a resposta.

Neste momento estou a ouvir música no computador, e apenas estou a pensar coisas que nunca ninguém pensa e que nunca irá pensar. Amanhã tenho aulas, numa escola nova. Estou sempre a mudar de escola, devido a faltar muito às aulas, pode ser que nesta eu fique, depende das pessoas. Ninguém me compreende o porquê de agir assim, e depois apenas julgam para ficarem bonitos na história. Sou interrompida dos meus pensamentos quando alguém bate à porta.

- "Kam, vamos comer. " - Disse a minha mãe.

- "Estou a ir."

Estou sentada à mesa, quando estou a comer, apenas penso em comida, não consigo pensar em problemas da escola ou da vida. Apenas em comida, a comida é uma das coisas que me anima.

- "Estás muito calada, está tudo bem?" - perguntou a minha mãe.

- "Sim está, apenas estou estranha por amanhã ir para uma escola nova, de novo." - Digo triste.

- "Kam, se te portasses bem na escola, nada disto acontecia e quando te pergunto o porquê do teu comportamento, tu apenas não dizes coisa com coisa."

- "Acabei, vou para o quarto, Boa noite mãe" - digo ignorando o que me ela disse anteriormente.

Neste momento estou à janela do meu quarto, a ver as gotas a caírem, nada me ocorre para pensar, estou demasiado nervosa para o que vai acontecer amanhã. E se eles me tratarem como me tratam sempre? Se eles precisam de mais provas do que está a acontecer, que me vejam o corpo, as marcas que me fazem, de certeza que depois já ninguém iria dizer nada.

Vou lentamente para a cama e como não tenho sono, coloco os meus fones e começo a ouvir música, para tentar adormecer. A lua está a iluminar-me a cara, e com isso posso concluir que estou a ganhar sono. As pálpebras vão fechando... fechado... até adormecer.

Novo dia, não irei dizer vida nova porque sempre que digo isso algo de mal acontecerá. Eu não sou aquelas meninas que usam maquilhagem, que se preocupam com a beleza, com a roupa que se usa, não sou anti-social, apenas sou alérgica a pessoas com mania a mais, e isso não falta cá na minha horrível vida.

- "Kam, toma o pequeno-almoço, não estás a pensar em ir para a escola sem comer, pois não?"

- "Não." - Digo desorientada.

- "Está a chover lá fora, leva um casaco, e certifica-te que levas a chave de casa." 

- "Sim mãe, eu já percebi, e eu também não sou uma criança." - Digo ao mesmo tempo que levanto-me e pego na mochila.

Saí de casa, estou a caminho para o meu próximo inferno, sinceramente, preferia ir trabalhar do que ir para a escola. É sempre a mesma coisa, acordar às 8 da manhã, sair tarde, tirar negas, sofrer, mas prontos enfim, parece que querem mostrar a vida às crianças, só sofrimento.

- "Bom dia, pode-me dizer onde é a sala B11?" - pergunto a uma auxiliar.

- "É mesmo ao lado das escadas, mas não subas as escadas." 

Rough lifeOnde histórias criam vida. Descubra agora