12° Capítulo

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Estava a tentar alcançar a pizza quando sinto alguém a tocar-me no ombro por trás e viro-me rapidamente para ver quem é.

"Estás-me a seguir?" - a pessoa que me tocou no ombro perguntou-me.

"Que eu saiba foste tu ter comigo, e não eu. Eu como tu me pediste, retornei à minha vida." - disse olhando nos olhos do rapaz, eram verdes, aqueles verdes que se o tempo estiver a chover ficam azuis, um verde muito claro, e quando parece estar zangado o verde claro parece que muda para verde escuro, mas nunca vi esse lado do rapaz.

"Pois é, esqueci-me. Mas queres ajuda a tirar a pizza ou não?" - ele disse olhando para mim e apontando para a pizza que estava em cima de mim a uma altura que eu não chegava nem em bicos de pés.

"Quero, se faz favor." - disse fazendo um sorriso e vendo a pizza a ser tirada da prateleira onde ela estava.

"Toma. Vais comer com quem?" - ele pergunta-me desconfiado.

"Não te interessa, mete-te na tua vida que eu meto-me na minha, lembras-te?" - disse de tudo para não responder à pergunta.

"Levas-te isso mais que a sério, não foi?" - ele disse rindo e virando as costas.

"Espera! - chamei-o indo em direção dele e perguntei baixinho só para nós ouvir-mos "Nós ainda nos vamos voltar a ver?"

"Sim, se quiseres é só ires ter naquele sítio onde eu disse-te que iria ficar escondido, mas só irei ficar lá uma semana..." - ele disse avisando-me.

"Tudo bem. Depois vemo-nos, até logo." - disse, e sem que ele visse também tirei um hamburger da mesma prateleira, mas estava mais em baixo.

*  *  *

"É o 3" - disse tentando acertar.

"Não, é o 7, vai uma aposta? 2€. " assenti logo.

Nós apenas estavamos a passar o tempo, em vez de irmos pensar na minha mãe, em vez de ficar-mos tristes, brincava-mos connosco próprios e fazendo apostas com a televisão sem ambos querendo saber o resultado, era mesmo apenas um passatempo para não pensar nela...

"Ganhei!" - gritei anúnciando a minha vitória,  o meu pai começou a rir-se levando a mão ao bolso pegando um cigarro de um maço de tabaco. Espera... o meu pai fuma? Eu sei que ele quer relaxar...mas matar-se a si próprio? Não basta a minha mãe morrer e agora ele ir matar-se aos poucos? Esqueci-me completamente  de lhe perguntar quando será o funeral, enquanto pensava no funeral, fui-me esquecendo aos poucos a pergunta do tabaco.

"Quando irá ser o funeral?" - perguntei com medo da resposta.

"Ainda não sei, tenho ainda de ligar para lá, quando souber alguma coisa digo-te." - ele disse-me em um tom triste.

"Queres mais pizza?" - pergunto com ainda fome, e desviando o assunto anterior

"Não, podes comer tudo" - ele disse virado de costas para mim e ficar a ver a vista que se encontra na janela.

Depois de ter acabado a pizza resolvi ir ao meu quarto. Quando me sentei na cama ouvi chuva a bater na janela, e lembrei-me logo do Syn. Ele está debaixo de uma árvore, a passar fome e frio e ainda chuva. Acho que os amigos não são assim, mas eu nem sei se sou amiga dele, mas tenho de ir lá ajuda-lo.

Peguei no hamburger que comprei no supermercado e meti-o na minha mala. Peguei no guarda chuva e avisei o meu pai que iria sair, ele não se preocupa muito onde eu iria ou assim. Comecei a andar pela floresta e confesso que isto mete-me medo à noite, mas com a chuva a cair já não se ouve tantos barulhos, e é mais calmo para mim. Estava a caminhar pelo lugar onde ele disse-me que iria ficar escondido. De repente sinto alguém a tocar-me nos ombros, fiquei assustada, mas quando me virei era o Syn e comecei a sorrir.

"Que fazes aqui?" - ele pergunta indo para debaixo do guarda-chuva.

"Resolvi que precisases de ajuda, então... toma" - tirei o hamburger que estava na minha mala, e dei-lhe na mão dele.

"Obrigada…" - ele disse olhando para mim nos olhos. Odeio olhar nos olhos das pessoas, é tão desconfortante.

"Bom, já não faço aqui mais nada, vou andando, fica bem" - disse dando o guarda-chuva para as mãos dele.

Quando estava a ir em caminho de casa lembrei-me logo de que amanhã iria para a escola... o meu maior problema. Eu não podia ir para a escola eu odeio aquele sítio, e como todas as outras vezes que eu me mudei, tudo foi por causa disso. A minha mãe nem o meu pai me ajudaram com a escola, mas eu também nunca contei a eles, ainda irão levar-me a um psicólogo, como já fizeram, mas nada aconteceu, por tanto está aprovado que eles não compreendem pelo o que eu passo.

Voltei para casa, quando entrei pela porta principal senti um arrepio, mas é sempre normal. E fui ao quarto do meu pai e vi que ele estava deitado na cama em cima dos lençois e ainda com roupa vestida, fechei a porta do quarto com cuidado para ele não acordar.

Dirigi-me ao meu quarto e vi que a janela estava aberta e estava a chover sem parar. E fechei-a devagar.

"Eu não me lembro de ter aberto a janela!" - disse escapando-me nos lábios.

Vi que eram 22:03 as horas aqui passam bastante rápido, se as estiveres a viver parece que estão a correr. E como ainda era cedo para eu ir dormir liguei a televisão. Vi o meu telemóvel que estava na secretária a piscar, levantei-me com preguiça para ir à secretária e peguei no telemóvel e abri as mensagens.

"Temos trabalhos?" Era da Sammy.

Ela deve pensar que eu sou um computador para dizer se ela tem trabalhos ou não. Ela que pergunte ao namoradinho, e faz-me lembrar de quando era mais pequena também deixava os trabalhos de casa do fim se semana para último. Soltei um risinho baixo. Resolvi não responder, digo a ela que vi e depois esqueci-me de responder.

Estava a caminhar para a minha cama quando vi alguém a passar da casa de banho para a sala, muito rápido. Mas espera... o meu pai está a dormir na cama e se ele se levantasse ele diria-me, ou iria ver-me se cheguei a casa. Mas deve ser apenas impressão minha, acho que não iria existir alguém a morar cá em casa ou até mesmo espíritos. Acho que estou mesmo a ficar maluca.

Não costumo ser coragosa, mas tenho mesmo muita curiosidade em tudo, até podia morrer, mas queria ver como iria ser a morte, será dolorosa? Eu espero para ver, pois, todos passam por isso. Até a minha mãe... Escorregou uma lágrima na minha cara devido ao lembrar da morte da minha mãe.  Fui em direção onde vi a tal coisa a passar, e não vi nada. Deve ser mesmo impressão minha. Estou a passar-me e até já vejo coisas.

Dirigi-me de novo ao meu quarto e sentei-me na cama e senti de novo um arrepio, adoro sentir arrepios, mas também é uma sensação estranha. Apaguei a televisão e comecei a ficar com sono, deixando os meus olhos caírem normalmente. Amanhã irá ser um novo dia, com escola e com sol... um novo dia que já se tornou repetitivo com os dias que se foram passando. Isto nunca mais acaba, quando é que recebo uma notícia boa? Pois parece que esse dia nunca mais irá chegar... Espero que corra tudo bem amanhã. Inacreditável, pareço uma criança a desejar que tudo amanhã corra bem, mas porque eu nunca sei logo? Claro que irei apanhar porrada sem motivo algum, é sempre isso que me acontece, portanto não sei o porque de eu estar sempre a 'imaginar a minha vida perfeita'.

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Nunca mais vejo o dia em que irei ganhar um computador novo, unf. Comentem a dizer o que acharam sff. *-*

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