Acordei a meio da noite, acho que tive um pesadelo, mas não consigo lembrar-me.
Levantei-me da cama com algum cuidado para a Anabelle não acordar. Caminhei em passos leves até à cozinha, para ir beber um copo de água. Normalmente quando acordo a meio da noite, tenho muita sede.
"Au!" Disse baixo. Choquei outra vez com o mindinho num armário. Penso que é a pior dor de todas.
Entrei no quarto e encostei a porta. Peguei no meu telemóvel e nada de mensagens do meu pai.
O que se passa com ele? Ultimamente anda tão pensativo. Talvez quando acordar possa ligar-lhe, ou até mesmo ir para casa, visto que a chuva já não se faz sentir.
(…)
"Acorda dorminhoca!" Ouvi uma voz conhecida.
"Daqui bocado." Disse escondendo a cara com a almofada.
Comecei a sentir água a cair aos pingos na minha cara. O quê? Abri os olhos e reparei que a Anabelle estava a deixar cair água em cima de mim. "Que estás a fazer?" Perguntei cobrindo a cara ainda mais.
"Acordar-te, caso não reparas-te, são onze horas da manhã." Abri rapidamente os olhos.
"Onze horas? Tenho de ir embora." Disse pegando nas minhas roupas indo em direção à casa de banho para me ir vestir. Tenho de ir para casa ver como está o meu pai. Pensei em acordar às nove. Como adormeci assim tanto? Ultimamente não ando cansada...
Depois de vestida olhei-me ao espelho e ajeitei o meu cabelo com as mãos. "Adeus, obrigada. Depois vemo-nos." Disse apressada. Não era caso eu estar mesmo apressada, eu também acho que não aguentava nem mais um bocado naquela casa, ou melhor, as pessoas. A Anabelle quando está sozinha é diferente do que quando està com as amigas. Parece que estou com duas personagens ao mesmo tempo.
Pelo caminho choquei com alguém que me fez cair.
"Porquê a pressa?" Olhei para cima e vi o Syn.
"Tenho de ir." Disse levantando-me.
(…)
Abri a fechadura da porta com cuidado, este prédio de três andares não era lá muito novo.
"Pai?" Chamei pela casa. A casa estava.... limpa, será que foi o meu pai que limpou a casa? Se foi ele, tem jeito, ele deveria fazer isto mais vezes.
"Estou aqui." Ouvi uma voz vinda da cozinha. "Tudo bem?"
"Sim. Queres ajuda com o almoço?" Peguei no telemóvel e desliguei-o, estava a ficar sem bateria, odeio quando desliga-se por falta de bateria, então poupo-lhe o trabalho.
"Claro, põe a mesa e depois vem ajudar-me com a comida." Assenti com a cabeça e caminhei indo em direção ao armário dos pratos. Peguei em dois pratos e alguns talheres e levei-os à mesa.
"Pronto." Sorri e caminhei para o lado dele. "Que vais fazer para o jantar?" Disse espreitando para o prato com alimentos.
(…)
"Pai..." Olhei para o lado. "Cheira a queimando..."
Ele levantou-se do sofá onde estava sentado ao meu lado e correu até à cozinha. Não sei porquê mas comecei a rir alto. Levantei-me também e andei até à cozinha, vendo o forno a deitar fumo. Não conseguia parar de rir.
"Não tem piada Kam." Disse limpando o prato. "Agora..." Começou. "Queres repetir um novamente ou encomendar uma pizza?"
"Vou pela segunda opção para não haver mais desastres." Peguei no telefone de casa e marquei o número.
Acabei o telefonema e sentei-me junto ao meu pai no sofá.
"Daqui a trinta minutos temos um almoço como deve de ser." Disse provocando uma gargalhada entre os dois.
Passado uns quarenta minutos, ouve-se o toque da campainha. Levantei-me e tirei uma nota de vinte dentro das minhas calças. Paguei e peguei na pizza.
"Chegou." Gritei pela casa. "Estou esfomeada." Disse pousando a pizza em cima da mesa e indo ao frigorifico buscar umas bebidas. Sentei-me e peguei numa fatia de pizza, o meu pai fez o mesmo.
"Então..." Comecei e olhei para ele. "Como foi o teu dia?" Disse falando com a boca cheia de pizza.
"Pai, nunca te ensinaram que nunca se deve falar com a boca cheia?" Perguntei rindo.
"O meu dia foi, mais ou menos, igual a todos os outros, e o teu?" Reparei que ele ficou muito pensativo. "Pai?" Chamei-o para acordar-lhe dos seus pensamentos.
"Sim...?" Olhou para mim.
"Perguntei como foi o teu dia e de repente ficas-te muito pensativo, o que se passa?" Perguntei levando a bebida à boca.
"Hoje... passei o dia todo a pensar, e bem... cheguei a uma conclusão, agora só queria saber qual é a tua opinião..." Estou a começar a ficar assustada...
"O que se passa, pai?" Houve uns minutos de silencio. "Pai? Está-me a deixar preocupada."
"Eu...hm... Acho que nos devíamos mudar." Como assim?
"O quê? Porque? Como assim?"
"Mudar de cidade, iriamos para o norte, aqui aconteceram muitas coisas que queríamos esquecer."
"Eu não quero esquecer a minha mãe."
"Espera...Não estou a dizer isso, apenas estou a dizer que devíamos começar a nossa vida do zero, e para isso devemos mudar para um sitio onde não conhecemos ninguém, fazias novas amigas... A tua mãe sempre e estará ao teu lado, a observar-te, mas se continuar-mos nesta casa estamos muito presos ao passado, e eu não quero que o passado interfira no presente e no futuro..." Respirou fundo. "Olha, eu sei que isto é uma ideia que ainda tem de ser pensada, mas por favor, pensa."
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Hey, desculpem pelo capitulo estar pequeno, mas hoje vou publicar outro também.
Ps- Já estou a escrever a outra fic, se eu a publicar, vocês lêem-na?
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Rough life
Fiksi RemajaUm pouco a demonstrar o que é a sociedade de hoje em dia. //