20° Capitulo

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Acordei a meio da noite, acho que tive um pesadelo, mas não consigo lembrar-me.

Levantei-me da cama com algum cuidado para a Anabelle não acordar. Caminhei em passos leves até à cozinha, para ir beber um copo de água. Normalmente quando acordo a meio da noite, tenho muita sede. 

"Au!" Disse baixo. Choquei outra vez com o mindinho num armário. Penso que é a pior dor de todas.  

Entrei no quarto e encostei a porta. Peguei no meu telemóvel e nada de mensagens do meu pai.

O que se passa com ele? Ultimamente anda tão pensativo. Talvez quando acordar possa ligar-lhe, ou até mesmo ir para casa, visto que a chuva já não se faz sentir. 

(…) 

"Acorda dorminhoca!" Ouvi uma voz conhecida. 

"Daqui bocado." Disse escondendo a cara com a almofada. 

Comecei a sentir água a cair aos pingos na minha cara. O quê? Abri os olhos e reparei que a Anabelle estava a deixar cair água em cima de mim. "Que estás a fazer?" Perguntei cobrindo a cara ainda mais. 

"Acordar-te, caso não reparas-te, são onze horas da manhã." Abri rapidamente os olhos. 

"Onze horas? Tenho de ir embora." Disse pegando nas minhas roupas indo em direção à casa de banho para me ir vestir. Tenho de ir para casa ver como está o meu pai. Pensei em acordar às nove. Como adormeci assim tanto? Ultimamente não ando cansada...

Depois de vestida olhei-me ao espelho e ajeitei o meu cabelo com as mãos. "Adeus, obrigada. Depois vemo-nos." Disse apressada. Não era caso eu estar mesmo apressada, eu também acho que não aguentava nem mais um bocado naquela casa, ou melhor, as pessoas. A Anabelle quando está sozinha é  diferente do que quando està com as amigas. Parece que estou com duas personagens ao mesmo tempo. 

Pelo caminho choquei com alguém que me fez cair. 

"Porquê a pressa?" Olhei para cima e vi o Syn. 

"Tenho de ir." Disse levantando-me. 

(…) 

Abri a fechadura da porta com cuidado, este prédio de três andares não era lá muito novo. 

"Pai?" Chamei pela casa. A  casa estava.... limpa, será que foi o meu pai que limpou a casa? Se foi ele, tem jeito, ele deveria fazer isto mais vezes. 

"Estou aqui." Ouvi uma voz vinda da cozinha. "Tudo bem?" 

"Sim. Queres ajuda com o almoço?" Peguei no telemóvel e desliguei-o, estava a ficar sem bateria, odeio quando desliga-se por falta de bateria, então poupo-lhe o trabalho. 

"Claro, põe a mesa e depois vem ajudar-me com a comida." Assenti com a cabeça e caminhei indo em direção ao armário dos pratos. Peguei em dois pratos e alguns talheres e levei-os à mesa. 

"Pronto." Sorri e caminhei para o lado dele. "Que vais fazer para o jantar?" Disse espreitando para o prato com alimentos. 

(…) 

"Pai..." Olhei para o lado. "Cheira a queimando..." 

Ele levantou-se do sofá onde estava sentado ao meu lado e correu até à cozinha. Não sei porquê mas comecei a rir alto. Levantei-me também e andei até à cozinha, vendo o forno a deitar fumo. Não conseguia parar de rir. 

"Não tem piada Kam." Disse limpando o prato. "Agora..." Começou. "Queres repetir um novamente ou encomendar uma pizza?" 

"Vou pela segunda opção para não haver mais desastres." Peguei no telefone de casa e marquei o número. 

Acabei o telefonema e sentei-me junto ao meu pai no sofá.  

"Daqui a trinta minutos temos um almoço como deve de ser." Disse provocando uma gargalhada entre os dois.

Passado uns quarenta minutos, ouve-se o toque da campainha. Levantei-me e tirei uma nota de vinte dentro das minhas calças. Paguei e peguei na pizza. 

"Chegou." Gritei pela casa. "Estou esfomeada." Disse pousando a pizza em cima da mesa e indo ao frigorifico buscar umas bebidas. Sentei-me e peguei numa fatia de pizza, o meu pai fez o mesmo. 

"Então..." Comecei e olhei para ele. "Como foi o teu dia?" Disse falando com a boca cheia de pizza. 

"Pai, nunca te ensinaram que nunca se deve falar com a boca cheia?" Perguntei rindo.

"O meu dia foi, mais ou menos, igual a todos os outros, e o teu?" Reparei que ele ficou muito pensativo. "Pai?" Chamei-o para acordar-lhe dos seus pensamentos.  

"Sim...?" Olhou para mim. 

"Perguntei como foi o teu dia e de repente ficas-te muito pensativo, o que se passa?"  Perguntei levando a bebida à boca. 

"Hoje... passei o dia todo a pensar, e bem... cheguei a uma conclusão, agora só queria saber qual é a tua opinião..." Estou a começar a ficar assustada... 

"O que se passa, pai?" Houve uns minutos de silencio. "Pai? Está-me a deixar preocupada." 

"Eu...hm... Acho que nos devíamos mudar." Como assim? 

"O quê? Porque? Como assim?" 

"Mudar de cidade, iriamos para o norte, aqui aconteceram muitas coisas que queríamos esquecer." 

"Eu não quero esquecer a minha mãe." 

"Espera...Não estou a dizer isso, apenas estou a dizer que devíamos começar a nossa vida do zero, e para isso devemos mudar para um sitio onde não conhecemos ninguém, fazias novas amigas... A tua mãe sempre e estará ao teu lado, a observar-te, mas se continuar-mos nesta casa estamos muito presos ao passado, e eu não quero que o passado interfira no presente e no futuro..." Respirou fundo. "Olha, eu sei que isto é uma ideia que ainda tem de ser pensada, mas por favor, pensa." 

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Hey, desculpem pelo capitulo estar pequeno, mas hoje vou publicar outro também.  

Ps- Já estou a escrever a outra fic, se eu a publicar, vocês lêem-na?

Rough lifeOnde histórias criam vida. Descubra agora