10° Capítulo

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Oh, quase ninguém anda a ler o capítulo, isso para mim é triste, talvez eu dêva parar com a fic... vou andar a pensar nisso.

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Estava tão bem deitada no chão, a relaxar... a chorar... apenas queria ir ter com a minha mãe, para mim isso é mesmo triste. Talvez eu vá todos os dias aqui, para 'falar' ou 'matar saudades' da minha mãe... Ela ainda ontem foi comigo às compras, e sempre pensativa. O último comer que ela fez... foi lasanha, o último comer que eu comi dela, e nem aproveitei... Porque talvez sou uma má filha. Estou tão bem deitada no chão que alguém da minha idade diz-me que é aqui onde os animais fazem as suas necessidades, tinha graça, mas depois de tudo... não conseguia rir.

"Não tem piada." - digo e olho para o lago mesmo à minha frente.

"Apenas queria te animar, ou apenas queria dizer a verdade. Estás a chorar?" - ele diz olhando para a minha cara.

"Não." - levo as mãos à cara e limpo tudo o que tenho de molhado.

"Podes falar comigo, eu sou um estranho, eu vou-me embora daqui a uma semana, portanto nunca mais iremos ver." - ele diz sem tirar os olhos do lago.

"Eu não sei porque irei fazer isto, talvez porque irás embora e não me chegarás a conhecer, mas tudo bem, eu conto..." - deixei passar alguns minutos e nem me apercebi que tinha começado a chorar. "Eu não sei dizer o que sinto apenas em falar, preciso de ter um papel para me expressar." - digo procurando um papel entre os meus bolsos, e nada.

"Tudo bem, está aqui" - ele tira um papel do seu bolso, e uma caneta do bolso ao lado, olhando para mim ao mesmo tempo que eu sorrio.

"Tudo bem, irei fazer letra que não se perceba, para poderes ler com mais difículdade. Eu e a minha mãe temos sido ameaçadas por um vizinho que morava por baixo de nós, mas felizmente já não moramos lá. E desde que viemos morar para cá, ele tem nos mandado cartas a dizer para ter-mos cuidado, a última carta que recebemos foi a dizer que ela tinha de ir a um encontro, se ela não fosse... eu podia estar 'morta' esse encontro foi ontem, e hoje não tenho cá a minha mãe... eu não sei o que é perder alguém. Esse é o principal o motivo, e se quiseres saber mais, não irás saber." 

Acabei de escrever a carta... a carta em que dizia metade do que sinto... e irei dar a um estranho, eu não sei quem ele é, e se for um daqueles populares da escola que só querem ver a tristeza dos outros, ou seja, de mim. Antes de lhe entregar a carta, perguntei-lhe uma pergunta estranha, não sabendo bem como ele iria dar como resposta, mas é isso que irei saber.

"Quem és? Eu refiro-me, em pessoa... Como vieste aqui parar? Se me disseres alguma coisa irei dar-te a carta, não iria dar a carta a um estranho, certo?" - disse olhando para ele, ele não tirava os olhos do lago.

"Sou uma pessoa normal. Chamo-me Syn, não me perguntes o resto do nome" - ele disse estendendo-me a sua mão, percebi que Syn era logo um nome abreviado do seu verdadeiro.

"Sou a Kam, odeio que me perguntem algo sobre mim." - disse sorrindo e estendendo-lhe a minha mão.

Levantei-me com o papel na mão, e comecei a rasgá-lo em pedacinhos, cada pedacinho era uma coisa má que eu pensava, levei todos os pedaços ao rio e atirei-os, não sabendo bem o porquê. Quando acabei sentei-me no lugar onde estava.

"Moras aqui?" - ele perguntou-me olhando para a relva em que estavamos deitados.

"Sim, fica a 10 minutos a pé, e tu estás aqui a passar férias, certo?"

"Não. Fugi de casa. Eu já não conseguia aguentar aquele ambiente, o meu pai batia na minha mãe, e gritava comigo, acho que aquilo não se chama família, disse à polícia e fui-me embora, vim para aqui... E ainda não sei onde irei ficar, também não quero pensar nisso.

"Tu ainda és novo..." - disse com pena.

"E tu também." - o sol começou a iluminar-me a cara, odeio quando há sol. Apenas quero que chova, que chova para sempre...

Ele começou a brincar com a relva do chão onde estavamos sentados a olhar para o lago, ele levantou a manga para ajeitá-la e eu vi... Ele corta-se? Outro? Isto só pode ser para os apanhados. Ele pode compreender-me?  Avancei até ao lado onde estava a mão com os cortes, e peguei nela.

"O que estás a fazer?" - não resolvi responder, eu também não sei o que estou ou irei fazer.

Puxei a manga dele para cima e vi, estava tudo... cortado. Nem eu tenho assim... Isto deve ser mesmo grave... Comeco a por o meu dedo sobre os cortes e sinto os altos...

"É recente, porque fazes isto?" - pergunto olhando para ele.

"Xau Kam, foi bom conhecer-te." - ele diz puxando a sua manga para baixo e indo se embora. Eu levanto-me e vou ao lado dele, e abracei-o a andar. Eu não costumo ser assim... eu não gosto das pessoas, mas ele parece querer ajuda...

"Syn? Para onde vais?" - lembrei-me que ele tinha fugido de casa.

"Não sei, eu arranjo um sítio no meio do mato, não digas é a ninguém que estou aqui."

"Podes ir para minha casa, mas tens é de estar escondido" - digo e arrependo-me logo. O quê? Eu não conheço o rapaz e já o estou a levar para minha casa?

"Não é preciso dizeres isso Kam, ambos sabemos que não queres." - ele começa a andar ao nível mais rápido do que anteriormente, que para mim é eu estar a correr.

"Syn! Onde vais?" - pergunto a correr e já não o conseguia ver. Comecei a ouvir água... água no meio do mato? Acho que estou a alucinar.

"Anda" - ele aparece no meu lado e pega na minha mão e levou-me a uma... cascata? Aqui há cascatas?

"Pensava que não conhecias isto!" - disse ainda impressionando com a minha vista.

"Quando estava a caminhar estava todo furioso e zangado e tudo mais, e comecei a correr por estes lados e vi esta cascata. É linda não é? " - ele não tira os olhos da impressionante vista.

"Sim, é. O que estás a fazer?" - vi ele a tirar a camisola e as calças.

"O que achas?" - ele disse enquanto caminhava para a cascata.

"É seguro?" - perguntei preocupada.

"Estás preocupada é? Não te preocupes, ninguém sabe que eu existo, sou invisível, sabes?" - ele disse entrando para a cascata.

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Obrigada por lerem... Podem comentar com a opinião que acharam? Obrigada... <3

Rough lifeOnde histórias criam vida. Descubra agora