"S-Sim?"
"Kam? Onde estás?" - ouvi do outro lado da linha.
"Oh! Esqueci-me completamente de meter o despertador." - digo apressadamente levantando-me da cama. "Desculpa" - digo pegando nas minhas roupas para as vestir.
"Não faz mal, estou no lugar do costume, não te demores."
"Tudo bem." - desligo e vou a correr para a casa de banho.
Olho-me ao espelho e vejo os meus olhos vermelhos, deve ter sido de ontem ter estado a chorar. Corri em direção ao quarto do meu pai e vi que ele já não estava lá, já deve ter saído para ir ao funeral da minha mãe... E eu fiquei em casa, por escolha própria, que péssima filha que sou.
Fui até à cozinha e tirei uma bolacha de um saco que estava dentro de um armário.
Depois de estar preparada finalmente saí de casa, era um pouco tarde, mais uma hora já era o almoço. Se o Syn não me tivesse ligado, sinceramente, tinha continuado a dormir até às treze horas, como todos os fins-de-semana acontece.
Daqui até lá são uns dez minutos a pé portanto chegava rápido. Faz bem passear, sair à rua, do que ficar fechada dentro de casa. A casa neste momento está numa altura triste. Mal se entra pela porta, já se sabe que aconteceu algo de mal entre a família, basta apenas olhar para a cara de quem vive lá.
Já começava a avistar umas árvores, era nessas árvores que o Syn estava escondido, mas porque ele saiu de casa? O que aconteceu com ele? Nunca irei perguntar-lhe isso, afinal, isso é um assunto que lhe toca, desta vez irei deixar a minha curiosidade de lado.
Ainda de longe, conseguia ver uma pessoa sentada nas pedras, era ele. O que ele está a fazer? Parece estar tão concentrado. Quando chego lá, para não lhe assustar, apenas sento-me ao lado dele.
"Hey."
"Olá, que fazes?" - pergunto olhando para o telemóvel dele.
"Estou a falar com uma amiga." - ele diz e eu sorriu. Neste preciso momento estou a sentir-me a mais, ele disse que queria aproveitar o dia porque iria ser o ultimo dia que iria estar aqui, e mete-se a conversar com amigas. Resolvo tirar também o meu telemóvel e jogar, era um jogo qualquer que eu tinha no telemóvel, há tanto tempo que já não jogo...
"Já volto." - avisei-o e ele acenou com a cabeça, confirmando.
Eu não acredito no que iria acabar de fazer, mas teria de ser feito. Comecei a correr, se não me engano com a morada que o meu pai disse-me, tenho de andar mais alguns minutos. Acho que o Syn reparou que comecei a correr, neste momento não quero saber de mais nada.
Já começava a estar suada pelas costas e pela testa, mas vale, é por uma boa razão.
Quando cheguei, vi um monte de pessoas à volta, tirei o papel que tinha dentro do bolso, e quando fosse que lhe iriam... eu iria por este recado.
"Vieste." - olhei para os olhos do meu pai, mostravam tristeza.
"Não iria perder o último momento que tenho de estar com a minha mãe." - disse tentando conter as lagrimas.
Quando a enterraram pude por o meu bilhete, esse bilhete estava a descrever o que eu sinto neste momento. Pode ser que ela tenha um tempo para o ler. Será que neste momento ela está num sitio melhor?
"Pai?" - chamei-o quando estava a caminhar a lado dele.
"Sim?"
"A mãe neste momento está feliz? Quero dizer, está num lugar melhor?" - perguntei, mesmo sabendo que ele não sabe a resposta.
"Claro." - a voz dele está rouca. Mas mesmo assim, conseguiu confortar-me em dizer que a minha mãe está em um lugar melhor.
Quando chegamos a casa, o meu pai sentou-se no sofá e meteu um CD, era musica clássica, e eu tranquei-me no quarto, como sempre. No quarto conseguia-se ouvir a musica que o meu pai tinha posto. Sentei-me na cadeira e liguei o computador, tinha quinze mensagens não lidas, que estranho, sò se mandaram-nas hoje, porque ontem não tinha nada. Quando as vi, fiquei de boca aberta.
"Gorda", "Feia", "Animal"...
Comecei-me a rir, mas esta gente não tem mais nada para fazer na vida do que estar a julgar os outros? Eles só querem-me ver revoltada, mas não conseguiram. Irei apenas responder com uma simples e pequena frase: "Porque me estás a dizer isso? Eu sei que sou isso tudo, mas agora, entre nós, já te viste mesmo ao espelho? Por favor, arranja
vida e vai trabalhar. Sem amor, Kam."
Sinceramente já não ligo à opinião dos outros, se me sinto bem, só tenho é que deixar andar. Senti o telemóvel a vibrar no meu bolso das calças, vi o nome e decidi atender.
"Onde foste? Porque foste a correr?"
"Resolvi e fui ao funeral da minha mãe."
"Ah, está bem. Então até algum dia..."
"Não gosto de despedidas." - afirmo. Quando percebi que ele não ia continuar a conversa, resolvi acrescentar: "Nós iremos continuar a conversar, certo? No inicio percebeste-me tão bem, e continuas, e não queria que houvesse uma despedida."
"No primeiro dia que te vi, pensei logo que eras simpática, mas mostravas uma cara fria, e de quem não queria ser perturbada." - comecei a rir quando ele falou.
"Então amanhã vais para onde?" - perguntei um pouco curiosa.
"Para casa."
"Porque realmente sais-te de tua casa?" - a minha curiosidade falou. "Compreendo se não queres falar." - disse um pouco triste.
"Quando me sentir preparado conto-te. Bem, até amanhã, esta noite tenho de dar aos pés."
"Até amanhã." - desliguei o telemóvel.
Já estava com fome, portanto resolvi ir à cozinha comer qualquer coisa. Estava o meu pai de olhos fechados sentado no sofá ainda com a musica ligada.
Ao abrir o frigorifico fez um grande barulho, fez o meu pai acordar dos seus pensamentos.
"Estou com fome." - digo.
"Já vou preparar o jantar." - diz ele levantando-se. "Ajudas-me, só pai e filha?"
"Claro, o que é preciso?" - pergunto com um sorriso na cara e caminhando até ao frigorifico.
"Traz-me os ovos." - procuro no frigorifico e pego neles.
* * *
Este dia foi... Sinceramente não sei, adorei fazer o jantar com o meu pai, mas na parte da manhã foi... eu continuo sem palavras. Espero que continue com um sorriso na cara como agora.
"Davas para cozinheiro." - digo provando o jantar que fizemos.
"Davas para sujar a cozinha." - diz e eu começo a rir.
"Amanhã diz que irá fazer muito vento, já estou a começar a ficar com medo."
"Quando se come não se fica ao telemóvel" - diz ele tirando-me o telemóvel.
"Mas eu estava a dar-te uma informação importante." - digo fazendo beicinho.
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Està começar a ficar mais alegre ihihi. Relembrando que está quase a acabar esta fic. Quando acabar esta fic, querem que eu escreva outra?
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Rough life
Dla nastolatkówUm pouco a demonstrar o que é a sociedade de hoje em dia. //