16° Capitulo

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"S-Sim?"  

"Kam? Onde estás?" - ouvi do outro lado da linha. 

"Oh! Esqueci-me completamente de meter o despertador." - digo apressadamente levantando-me da cama. "Desculpa" - digo pegando nas minhas roupas para as vestir. 

"Não faz mal, estou no lugar do costume, não te demores."  

"Tudo bem." - desligo e vou a correr para a casa de banho. 

Olho-me ao espelho e vejo os meus olhos vermelhos, deve ter sido de ontem ter estado a chorar. Corri em direção ao quarto do meu pai e vi que ele já não estava lá, já deve ter saído para ir ao funeral da minha mãe... E eu fiquei em casa, por escolha própria, que péssima filha que sou. 

Fui até à cozinha e tirei uma bolacha de um saco que estava dentro de um armário.

Depois de estar preparada finalmente saí de casa, era um pouco tarde, mais uma hora já era o almoço. Se o Syn não me tivesse ligado, sinceramente, tinha continuado a dormir até às treze horas, como todos os fins-de-semana acontece. 

Daqui até lá são uns dez minutos a pé portanto chegava  rápido.  Faz bem passear, sair à rua, do que ficar fechada dentro de casa. A casa neste momento está numa altura triste. Mal se entra pela porta, já se sabe que aconteceu algo de mal entre a família, basta apenas olhar para a cara de quem vive lá.  

Já começava a avistar umas árvores, era nessas árvores que o Syn estava escondido, mas porque ele saiu de casa? O que aconteceu com ele? Nunca irei perguntar-lhe isso, afinal, isso é um assunto que lhe toca, desta vez irei deixar a minha curiosidade de lado. 

Ainda de longe, conseguia ver uma pessoa sentada nas pedras, era ele. O que ele está a fazer? Parece estar tão concentrado. Quando chego lá, para não lhe assustar, apenas sento-me ao lado dele. 

"Hey." 

"Olá, que fazes?" - pergunto olhando para o telemóvel dele. 

"Estou a falar com uma amiga." - ele diz e eu sorriu. Neste preciso momento estou a sentir-me a mais, ele disse que queria aproveitar o dia porque iria ser o ultimo dia que iria estar aqui, e mete-se a conversar com amigas. Resolvo tirar  também o meu telemóvel e jogar, era um jogo qualquer que eu tinha no telemóvel, há tanto tempo que já não jogo... 

"Já volto." - avisei-o e ele acenou com a cabeça, confirmando. 

Eu não acredito no que iria acabar de fazer, mas teria de ser feito. Comecei a correr, se não me engano com a morada que o meu pai disse-me, tenho de andar mais alguns minutos. Acho que o Syn reparou que comecei a correr, neste momento não quero saber de mais nada. 

Já começava a estar suada pelas costas e pela testa, mas vale, é por uma boa razão.

Quando cheguei, vi um monte de pessoas à volta, tirei o papel que tinha dentro do bolso, e quando fosse que lhe iriam... eu iria por este recado. 

"Vieste." - olhei para os olhos do meu pai, mostravam tristeza. 

"Não iria perder o último momento que tenho de estar com a minha mãe." - disse tentando conter as lagrimas. 

Quando a enterraram pude por o meu bilhete, esse bilhete estava a descrever o que eu sinto neste momento. Pode ser que ela tenha um tempo para o ler. Será que neste momento ela está num sitio melhor? 

"Pai?" - chamei-o quando estava a caminhar a lado dele. 

"Sim?"  

"A mãe neste momento está feliz? Quero dizer, está num lugar melhor?" - perguntei, mesmo sabendo que ele não sabe a resposta. 

"Claro." - a voz dele está rouca. Mas mesmo assim, conseguiu confortar-me em dizer que a minha mãe está em um lugar melhor. 

Quando chegamos a casa, o meu pai sentou-se no sofá e meteu um CD, era musica clássica, e eu tranquei-me no quarto, como sempre. No quarto conseguia-se ouvir a musica que o meu pai tinha posto. Sentei-me na cadeira e liguei o computador, tinha quinze mensagens não lidas, que estranho, sò se mandaram-nas hoje, porque ontem não tinha nada. Quando as vi, fiquei de boca aberta.

"Gorda", "Feia", "Animal"...

Comecei-me a rir, mas esta gente não tem mais nada para fazer na vida do que estar a julgar os outros? Eles só querem-me ver revoltada, mas não conseguiram. Irei apenas responder com uma simples e pequena frase: "Porque me estás a dizer isso? Eu sei que sou isso tudo, mas agora, entre nós, já te viste mesmo ao espelho? Por favor, arranja

vida e vai trabalhar. Sem amor, Kam." 

Sinceramente já não ligo à opinião dos outros, se me sinto bem, só tenho é que deixar andar. Senti o telemóvel a vibrar no meu bolso das calças, vi o nome e decidi atender. 

"Onde foste? Porque foste a correr?" 

"Resolvi e fui ao funeral da minha mãe." 

"Ah, está bem. Então até algum dia..." 

"Não gosto de despedidas." - afirmo. Quando percebi que ele não ia continuar a conversa, resolvi acrescentar: "Nós iremos continuar a conversar, certo? No inicio percebeste-me tão bem, e continuas, e não queria que houvesse uma despedida." 

"No primeiro dia que te vi, pensei logo que eras simpática, mas mostravas uma cara fria, e de quem não queria ser perturbada." - comecei a rir quando ele falou. 

"Então amanhã vais para onde?" - perguntei um pouco curiosa. 

"Para casa." 

"Porque realmente sais-te de tua casa?" - a minha curiosidade falou. "Compreendo se não queres falar." - disse um pouco triste. 

"Quando me sentir preparado conto-te. Bem, até amanhã, esta noite tenho de dar aos pés." 

"Até amanhã." - desliguei o telemóvel. 

Já estava com fome, portanto resolvi ir à cozinha comer qualquer coisa. Estava o meu pai de olhos fechados sentado no sofá ainda com a musica ligada. 

Ao abrir o frigorifico fez um grande barulho, fez o meu pai acordar dos seus pensamentos. 

"Estou com fome." - digo. 

"Já vou preparar o jantar." - diz ele levantando-se. "Ajudas-me, só pai e filha?" 

"Claro, o que é preciso?" - pergunto com um sorriso na cara e caminhando até ao frigorifico.

"Traz-me os ovos." - procuro no frigorifico e pego neles. 

* * *

Este dia foi... Sinceramente não sei, adorei fazer o jantar com o meu pai, mas na parte da manhã foi... eu continuo sem palavras. Espero que continue com um sorriso na cara como agora.  

"Davas para cozinheiro." - digo provando o jantar que fizemos. 

"Davas para sujar a cozinha." - diz e eu começo a rir. 

"Amanhã diz que irá fazer muito vento, já estou a começar a ficar com medo."  

"Quando se come não se fica ao telemóvel" - diz ele tirando-me o telemóvel. 

"Mas eu estava a dar-te uma informação importante." - digo fazendo beicinho.

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Està começar a ficar mais alegre ihihi. Relembrando que está quase a acabar esta fic. Quando acabar esta fic, querem que eu escreva outra?

Rough lifeOnde histórias criam vida. Descubra agora