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[ESTA FANFIC ENTROU EM HIATO HÁ UM BOM TEMPO. NOVIDADES SERÃO POSTADAS NA PRÓPRIA ASSIM QUE SAÍREM.]

Os jantares na casa dos Joseph nunca foram os mais agradáveis, porém, naquele dia específico, Tyler jurava que fora um dos piores. Estavam todos à mesa - sua mãe, Kelly; sua irmã, Madison e seus irmãos, Zack e Jay. Apenas seu pai, que Tyler mal via aquela hora, estava ausente devido ao trabalho. No fundo, Tyler desejou ser um adulto como o seu pai apenas para não participar daquele assunto que o incomodava tanto. Porém, lá estava ele com seus 12 anos de idade, olhando para seu prato que era mais interessante que a conversa.

-Eu quero um bichinho! - Madison, a caçula, falou soltando a colher da sopa de legumes, especialidade de Kelly.

-Um bichinho? Querida, você não guarda os próprios brinquedos depois de usá-los, não acho que estamos prontos para um animalzinho. - Respondeu a senhora tentando fazer com que a menina voltasse a comer.

-Se a Madson começar a arrumar as coisas dela, podemos ter um cachorro? -Zack falou tão empolgado que Tyler viu um pedaço de algum legume voar da boca dele. - Seria muito louco ter um pitbull, ou um rottweiler.

-Ou um poodle! - Madison voltou a falar, fazendo Kelly desistir de alimentar a menina.

-Filho, não vamos ter um animal grande na nossa casa, muito menos esses tão perigosos.

-As raças não são perigosas. -Tyler falou, enfim, fazendo todos da mesa olharem pra ele. Notando a cara de dúvida deles, o garoto suspirou e continuou. - O que torna um cachorro perigoso é o modo que o dono o educa, não a raça dele. Até um poodle pode ser mais perigoso que um rottweiler.

-Se fosse questão de criação, você seria igual a gente. - Jay falou e Zack riu, porém, Kelly ficou tão vermelha quanto o suco que eles tomavam.

-Jay, nunca mais diga isso para o seu irmão! - a mais velha falou e Tyler pode sentir uma pitada de pena na sua voz. Mas o menino não se incomodou.

-Tudo bem, mãe, ele,tem razão. Vou para o meu quarto, não estou com fome. - Tyler se levantou, vendo que Madison o olhava triste e Kelly apenas disse um "Boa noite, filho".

No seu quarto, o garoto se encostou na porta e olhou ao redor. Sua cama estava bagunçada, sua escrivaninha tinha mais papéis que qualquer lixeiro e suas paredes abarrotadas de desenhos. Tyler passou os olhos em cada um deles, os desenhos de plantas, de casas, de objetos e de personagens que o menino criava... ou via.

-Eu sou um caso perdido mesmo. - admitiu pra si enquanto pegava seu caderno embaixo do travesseiro. Abriu a janela, uns passarinhos que estavam nela voaram assustados com o súbito movimento e Tyler notou algo no parapeito: um ninho, um pequeno bercinho onde os dois passarinhos tinham depositado apenas um ovo. O garoto encarou aquela coisa tão pequena e frágil por muito tempo e notou que os pais o olhavam de longe, com medo do que ele faria.

Tyler amava os animais e odiava o que os humanos faziam com eles. A ganância das pessoas que cruzavam forçadamente os cachorros de raça pura para vendê-los por valores absurdos, os batedouros que tratavam cruelmente os animais antes de matá-los, contrabandos de pássaros e animais silvestres que iam dentro de caixas para diferentes partes do mundo sem ao menos respirar. Aquilo deixava Tyler doente.

No colégio que estudava, o menino chegou a brigar com um colega de classe, pois este estava jogando pedras em um pombo que não conseguia voar. "É apenas um pombo nojento, nem voar consegue!" o agressor dizia deixando Tyler com mais raiva, que tentou desferir um soco no garoto, porém, por ser menor e mais magro, acabou sendo machucado pelo mesmo e pelos seus amigos que riam e o chamavam de "protetor dos ratos".

Alguns dias depois, o garoto falou para a mãe que odiava os humanos e não iria mais frequentar as aulas. Kelly, mesmo com o coração apertado, tirou o menino da instituição e contratou um professor para ensinar em casa, achando que depois de um tempo ele iria desejar voltar à escola, mas isso não aconteceu.

Como o ser humano conseguia ser tão cruel?

Então, olhando aquela cena, percebendo que ele poderia ser o protetor de uma vida, ele procurou rapidamente no seu quarto algum tipo de corda. Achou um fone de ouvido velho que só funcionava um lado. Não pensou duas vezes antes de cortar o fone e amarrar cuidadosamente o ninho em algum lugar da janela, o deixando totalmente seguro de qualquer vento que batesse.

Ele voltou o olhar para os dois passarinhos e se afastou da janela calmamente, sentando na cadeira de sua escrivaninha e esperando. Tinha seu caderno na mão. Depois de alguns minutos em completo silêncio, os pais do pequeno ser voltaram para o ninho, olhando brevemente para Tyler antes de se aninharem e dormirem.

O coração de Tyler batia pesadamente, suas mãos formigaram, mas não era algo ruim. Ele estava contente vendo aquela cena, pensando como aquela família estava feliz, unida... livre. Ele abriu o caderno e passou por 20 desenhos antes de achar uma página em branco e ali ele desenhou.

Mocha (Joshler) [EM PAUSA]Onde histórias criam vida. Descubra agora