XVII

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A porta automática de vidro se abriu assim que o garoto passou puxando sua mala. Bagunçando os cabelos vermelhos, ele seguiu a família até o carro ansioso com a volta pra casa.

-Como será que os cachorros estão? - Ashley perguntou ao seu lado no banco traseiro enquanto mexia na sua trança castanha. Jordan estava entretido com seu novo foguete de brinquedo.

-Eu vou ligar para a Cecy e Drew daqui a pouco, querida. - sua mãe respondeu. O pai dos garotos olhou Josh pelo retrovisor.

-Filho, quer que a gente te deixe na casa da Debby?

Ele pensou um pouco. Haviam chegado um dia mais cedo do combinado o que seria ótimo para fazer uma surpresa. Estava louco para reencontrar a namorada depois de tantos dias.

Assentiu com a cabeça.

Não demorou muito chegar na casa da garota. Josh sabia que ela o deixaria ficar, então pegou sua mochila e o presente de Natal dela se despedindo dos seus pais assim que saiu do carro. No caminho para a porta, ele escutou uns risos o fazendo olhar para a janela. Mas o que viu não era o que esperava. Aproximando-se um pouco mais, ele deixou a boca se abrir em espanto.

Debby estava na sala acompanhada de um loiro e esse se encontrava sem camisa. Os dois assistiam algo na TV e, para a surpresa de Josh, estavam abraçados. As lágrimas acumularam nos olhos, mas seu punho se fechou com força. Sem pensar no que fazia, ele se aproximou da porta e bateu com força. Escutou a menina falar um "Já vai" e, assim que ela abriu, o sorriso se desfez ao ver o ruivo.

-J-Josh? - foi a única coisa que conseguiu falar antes do garoto entrar na sua casa e socar a cara do loiro que o olhou assustado.

-Quem caralhos é você? - Josh gritou para o menino que se levantou do sofá procurando se proteger atrás desse.

-Josh! Para! - Debby correu para segurar o braço do ruivo que o olhou com raiva.

-Foi isso que você fez enquanto eu viajava?! Ficava de gracinha com outro?! - o baterista falou não notando as lágrimas que rolavam os olhos. A menina então percebeu que ele segurava um buquê de rosas.

-E-eu posso explicar, Jo-...

-Não quero explicação! - a interrompeu jogando as flores no chão e se dirigindo à porta. - Eu te amava, Debby Ryan! - gritou olhando uma última vez para a menina antes de sair correndo pela rua.

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A campainha tocou. Os irmãos mais novos brincavam no quintal, Madison havia saído com seus pais e Tyler suspirou alto sabendo que teria que se levantar. Desceu as escadas pesadamente e abriu a porta pronto para dizer que seus pais não se encontravam, mas a única coisa que fez foi arregalar os olhos, não sorrindo ao notar as lágrimas no rosto do amigo.

-Josh...

-P-posso entrar? - ele enxugou os olhos com as costas da mão e Tyler apenas assentiu. Depois que os dois se acomodaram no sofá da sala de estar, Tyler o encarou, esperando esse falar algo.

Josh olhava para baixo tentando parar o choro, suas mãos tremiam e balançava a cabeça levemente. Por mais que Tyler quisesse pular de alegria pela sua volta, ele desejava nunca ter visto um olhar tão triste como aquele.

-A Debby tava me traindo, Ty... - a voz falhada do ruivo fez coração de Tyler doer. Ele engoliu em seco tentando afastar o pensamento de "eu já sabia". O elástico no seu pulso parecia pesar.

-O que aconteceu? - foi o que conseguiu perguntar abaixando a cabeça para olhar o rosto do outro.

-E-eu cheguei de viagem mais cedo e fui para s-sua casa e... e... - ele não conseguiu terminar a frase quando um soluço saiu de sua garganta. Tyler estava dividido entre quebrar a cara da garota ou abraçar Josh o mais forte que conseguia.

-Eu sinto muito, Josh... - ele se aproximou para abraçar o ruivo que rapidamente rodeou a cintura do garoto com os braços afundando a cabeça no pescoço dele.

-E-eu sou um babaca... - confessou enquanto suas lágrimas molhavam a blusa de Tyler que arregalara os olhos ouvindo Josh. - Ela não me amava... N-ninguém me ama...

-N-não diz isso...

-Mas é verdade. E-ela me trocou por alguém melhor... Ele é mais alto, m-mais forte... Eu s-sou um merda...

Cada palavra atingia Tyler como um tiro e os próprios olhos enchiam de água. Josh era a pessoa mais incrível que ele tinha conhecido e, por causa de uma menina idiota, ele estava ali falando coisas absurdas.

-Josh...

-Porque essas coisas acontecem comigo?

-J-Josh...

-Porque eu não posso ser amado, Ty? - ele levantou a cabeça para encarar o amigo que estava muito próximo. Os pequenos olhos de Josh estavam vermelhos e sua boca entreaberta soltava o ar na de Tyler que sentiu um arrepio na nuca.

O branco na mente do moreno fez com que aproximasse seu rosto de Josh e, rapidamente, pressionou os lábios no dele. O momento não durou mais que dois segundos, mas um milhão de sensações percorreram seu corpo. Quando abriu os olhos, que nem notou que fechara, encontrou os olhos arregalados de Josh. Ele fez o mesmo se afastando do ruivo.

-J-Josh... Me... Me desculpa... e-eu... - tentava falar algo enquanto se levantava. Josh estava imóvel, sua boca aberta não disse uma palavra e as lágrimas secavam.

Como sempre estragando tudo.

-D-desculpe. - repetiu. Sem mais uma palavra saiu correndo para as escadas, quase tropeçando nos próprios pés. Assim que fechou a porta do quarto, sentiu as gotas salgadas descendo o rosto.

Na sala, Josh levou uma mão aos lábios tocando delicadamente como se Tyler ainda estivesse ali. A confusão no seu cérebro cada vez maior. Ele olhou as escadas, seu coração o puxando para lá enquanto seu corpo não se atreveu a ir.

Levantando-se devagar, Josh saiu da residência dos Joseph.

Mocha (Joshler) [EM PAUSA]Onde histórias criam vida. Descubra agora