II

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Era Domingo, o dia favorito de muitas pessoas, dia de ir ao parque fazer piquenique, andar de skate, ir a praia. Um dia ensolarado e perfeito para qualquer atividade.

Mas Tyler estava odiando aquele Domingo.

Ele se encontrava em um lugar que não queria estar nem nos sonhos. Ou melhor, pesadelos. Ele estava em um canil.

Tyler estava parado encarando a fila de grades com animais dentro. Desta vez, sua mão suava, tremia, sua garganta parecia ter um nó que queimava. Ele só queria sair dali, de preferência depois de ter soltado todos aqueles animais que só queriam um pouquinho de carinho.

O garoto sentia vontade de vomitar, já sua irmã e seus irmãos corriam de um lado para o outro gritando para a mãe os animais que queriam. Tyler sentiu uma pontada de desprezo no seu coração. Como eles não podiam acham aquilo um absurdo? Como não se sentir mal olhando tantos bichos presos e infelizes?

Ele olhou para o lado, para a gaiola mais próxima de si e notou um filhotinho de labrador latindo para ele, ele parecia muito feliz em ter um humano o dando atenção. Tyler se abaixou e colocou a mão perto da gaiola, o cachorrinho, que era da cor chocolate, a lambeu super animado por ter algum contato. O menino suspirou e começou a fazer carinho no cachorro que tinha olhos castanhos, mocha, cor que Tyler amou no mesmo segundo.

-Sinto muito por você estar aí. - o menino falou para o cachorro que não entendia nada, pois continuava muito feliz com os carinhos. - Eu sei que você merece mais que eu ter um teto, comida... amor. - o filhote o encarou com a língua pra fora e parecia sorrir, fazendo seus olhinhos quase fecharem. - Espero que saia logo daqui, mas não por alguém que vá te maltratar, mas que te amem incondicionalmente.

-Eu prometo que vou. - uma voz atrás de Tyler o fez pular de susto. Ele se virou e encarou um garoto um pouco maior que ele, com cabelos pretos e pele pálida. Este pareceu nervoso por ter o assustado e Tyler notou seus olhos mocha, seu estômago revirou. - Desculpe te assustar, só achei muito legal o que você estava dizendo.

Tyler estava totalmente petrificado, ele sentiu suas bochechas arderem de vergonha. Quem aquele garoto achava que era para escutar algo tão pessoal e constrangedor?

-Você não é muito de conversar, não é? - ele continuou e Tyler só conseguiu olhar brevemente para o cachorrinho que agora latia animado para o desconhecido, então saiu correndo, sem ao menos pensar na sua mãe ou seus irmãos.

Ele correu até o estacionamento e se abaixou ao lado do carro de sua mãe, sentindo o coração bater mais rápido que qualquer coisa. O que tinha sido aquilo? O garoto não tinha direito nenhum de chegar de fininho e escutar o que dizia, era algo do fundo do coração de Tyler, algo íntimo. Ele estava falando com um cachorro!

Kelly apareceu do seu lado, estava ofegante, provavelmente notara quando o menino correu. Ela suspirou e abraçou Tyler que começou a chorar nos seus braços. A mãe sabia que o garoto odiava aqueles lugares, mas não podia deixar o filho sozinho em casa.

A partir daquele dia, Tyler prometeu pra si mesmo que nunca mais iria em um canil.

E ele não tinha ideia que reencontraria uma pessoa de olhos cor mocha.

Mocha (Joshler) [EM PAUSA]Onde histórias criam vida. Descubra agora