Consequências de uma aposta.

Capítulo 3

*Hannah*

Encarei meu rosto no espelho apoiando minhas mãos na pia, as olheiras deram uma trégua.

A noite anterior voltou rapidamente na minha cabeça. O que ele pensou quando tomou a decisão de me beijar? Depois de todos esses anos me humilhando e jogando na minha cara que sou estranha, julgando as minhas vestes.

Antes de descer para o café onde eu ouviria inúmeros sermões, chequei o celular e havia mensagens de Noah: Me desculpe por ontem. Para recompensar meu pedido de desculpas que te deixou desconfortável eu quero te levar a uma festa. Não aceito não como resposta. Te pego às 19h :)

Eu espero realmente que por mais idiota que seja, Noah não esteja brincando comigo, não desta vez.

— Como foi ontem? Depois que ele te beijou? — Mamãe depositou a xícara de chá quente na mesa sem tirar o olhar de mim.

— Com todo respeito mamãe. — Respondi com o maxilar rígido. — Nós duas sabemos que você não iria me deixar sozinha com ele, e eu sabia que você estava nos observando desde o momento em que ele chegou. — Completei.

— Sabe querida, eu não consigo entender esse interesse repentino dele em você. Depois de todos esses anos. Anos quais ele e uma tal Jesse se empenhavam em te humilhar amargamente.

— Achei que gostaria da presença dele aqui. — Encarei a xícara com o café forte e amargo de Magda. — Você e a mãe dele são amigas desde sempre.

— Só peço que tome cuidado Hannah Miller. Não me espere para o jantar, não sei quando volto.

— Eu vou sair... — Engoli seco. — Noah vai me levar a uma festa essa noite. — Esperei sermões e rosnados, mas ganhei apenas um cenho franzido e um balançar de cabeça.

Aspirei depois de sua partida. Finalmente eu estava sozinha, depois de muito tempo perseguida por sua presença e seu espirito extremante protetor. Ouvi os passos de Magda se aproximando, em seus braços trazia uma caixa quadrada e baixa com um enorme laço vermelho.

— Com licença senhora. — Estreitei os olhos para ela em relação ao nome "senhora". — Digo, Hannah. Isto é para você. — Colocou sobre a mesa e saiu.

Que diabos é isso? Murmurei ao ver o vestido tubinho preto de alças extremamente curto, pelo decido deduzi que a essa altura Noah estava sem um dos rins. Havia um bilhete dobrado no canto da caixa.

Querida Hannah, sei que esse não é seu estilo, mas quando vi esse vestido, imaginei você dentro dele. Então peço que use ele hoje. Nem que seja por uma única fez.

Beijos!

- N.

Deixei um palavrão escapar ao ver aquele bilhete. Noah sinceramente passara dos limites esta vez. Mas por um lado, fora uma boa decisão. Em meu guarda roupa não havia lugar para roupas de festa. Estendi o vestido sobre a cama e o encarei tentando me imaginar dentro dele, contendo total ansiedade. Prometi vesti-lo somente na hora de realmente sair.

18:55 eu estava parada no espelho checando pela milésima vez minha maquiagem para garantir que não tivesse nada borrado ou fora do lugar. Ouvi a sequência de buzinas e sai andando o mais rápido possível tentando não parecer andar estranhamente pela falta de costume com salto.

— Você está....

— Me poupe Noah — Entrei no carro, sentindo o olhar de Noah sob mim. — Quer arrancar logo a porcaria desse carro? — Senti meu rosto arder.

—Tá bem...

A viagem foi silenciosa exceto pela música de mal gosto que estava tocando no som. Não olhei para o rosto de Noah, apenas olhei para as luzes da cidade, passando pelos meus olhos. Olhei para minhas pernas expostas e me senti desconfortável, o vento frio do ar condicionado me fizeram arrepiar levemente, o salto já me incomodava vagamente, era como se meus pés tivessem levemente adormecidos.

— Chegamos. — Respirei fundo enquanto observava Noah estranhamente dar a volta e abrir a porta para mim.

A música era parcialmente ouvida do lado de fora. Encarei aquele lugar e encolhi os ombros um pouco arrependida. Hora de se divertir.

Entrei rapidamente deixando Noah para trás, mergulhando na multidão a primeira coisa que vi foi o bar. Gritei por uma dose de Vodca e a virei, cada gole ardera minha garganta, feito fogo.

Fui para a pista e liberei toda minha vontade de dançar. Pela primeira vez longe do espelho. A música alta e a luz baixa me fizeram relaxar e continuar ali, na pista. Longe de Noah.

— Você dança bem! — Noah sussurrou no meu ouvido. Seu ar quente me fez estremecer.

— Não me diga.

— Não faz assim, Hannah. — Me puxou para mais perto de si. — Vamos para um lugar mais calmo. — Me puxou pela mão me tirando daquela multidão. Noah andava a muitos passos a minha frente, quase não conseguia acompanha-lo. Não com aqueles saltos.

Entramos no carro e eu não questionei nada. Embora minha vontade era gigante. Tirei os saltos ali no carro soltando um gemido baixo pelo alivio de ter me livrado daquele peso.

— Um hotel? Sério?

— Sim. Vamos lá.

Entrei no hotel com receio do que poderia acontecer. Entrei carregando os saltos na mão, enquanto Noah ria da minha situação me deixando desconfortável.

— Eu te trouxe aqui — Noah se jogou na cama extremamente macia do quarto. — Porque preciso conversar com você. Sei que vai parecer estranho, por tudo que fiz com você, mas eu sou apaixonado por você. Me desculpe por todo mal que te causei. A Jesse me manipulava por isso todas as maldades que fiz com você. — Eu não disse nada, apenas observei o brilho nos olhos dele e corri para seus braços depositando um beijo quente. Cada parte minha queria tê-lo.

— Você confia em mim? — Noah perguntou ao tentar avançar para algo mais do que beijos. Eu estava cansada de ser a certinha sem histórias para contar. Sacudi a cabeça e Noah avançou. Cada toque dele me arrepiava me fazendo estremecer. Eu estava, finalmente nos braços dele.

Cai cansada e antes de toca-lo Noah virou-se para o lado e pareceu ter dormido, fiquei encarando o teto do quarto, até que em algum momento dormi.