Capítulo 1

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- Como assim estamos falidos, Curtis?

- Desculpa, Srta. Shepherd. Eu não sei o que lhe dizer.

- Eu passei só um mês fora, Curtis. Só um mês. E eu quando volto tudo isso acontece? Eu confiava em você!

- A senhorita pode ter a certeza que eu não tive nada a ver com isso.

- Eu sei que não. Desculpe os meus modos. É que você sabe que essa empresa é minha vida.

- Eu sei e lamento muito.

- E o funcionário que nos roubou? Aonde ele está no momento?

- Infelizmente foragido. Já comuniquei as autoridades policiais e eles prometeram investigar o caso com descrição.

- Ainda bem. Meu pai já sabe disso?

- Ainda não. Somente eu e a senhorita que sabemos de tudo.

- Ok. Não comente nada com o meu pai. Esse é o meu dever.

- Compreendo. Posso retirar-me?

- Claro. Obrigada, Curtis.

April Shepherd não podia acreditar no que estava a acontecer com ela. Ela tinha viajado até Chicago aonde tinha uma filial e quando voltou para sede, descobriu que o funcionário tinha-a roubado milhões de dólares. A sede da empresa ficava em Seattle.

Ela estava com medo da reação do seu pai, o que ele poderia dizer ao seu respeito. Desde os 22 anos, ela acompanhou o seu pai na empresa. De início não gostava muito, mas com o tempo e dedicação de sua parte, April conseguiu amar a Shepherd, que é o nome da empresa.

Aos 25 anos, ela assumiu a vice-presidência e depois de 2 anos a presidência. A Shepherd Architecture House é uma das melhores empresas de arquitetura do país, mas April temia que se as pessoas soubessem do que ocorreu iriam desistir de investir nela. E ainda por cima temia que o seu pai a achasse incapaz de superar esse problema.

Frustada com tudo, apanhou a sua bolsa e saiu rapidamente da empresa. O motorista da família, Carl, ao ver April, saiu do carro e abriu a porta para que ela entrasse. April agradeceu e seguiram até a mansão que ela viveu durante 25 anos. Ela disse ao motorista para esperá-la e saiu do carro. Tinha uma chave de reserva e usou-a para abrir a porta.

- April, minha querida! Que bom em vê-la. - diz a governanta da casa -

Desde que a April nasceu, ela conhecia a Celine. Celine era uma senhora de 55 anos, de cabelo grisalho, que estavam perfeitamente arrumados num coque. April considerava Celine uma terceira mãe para ela, depois de sua mãe e suas avós que ela amava e continuava a amar mesmo depois da morte de ambas.

Ao ver Celine, ela não conseguiu resistir sorrir e abraçá-la mesmo depois do que aconteceu na empresa.

- Celine, como vai? - pergunta sorrindo docemente -

- Bem, minha menina. E você?

- Meio cansada por causa da empresa, mas nada que não pode ser resolvido, não é?

- Pois é. Veio ver seus pais?

- Sim, aonde eles estão?

- Estão na piscina. Quer que eu a acompanhe?

- Não é necessário. Eu conheço bem a casa.

Dito assim, April saiu em direção à piscina. Celine conhecia bem a sua menina e sabia que algo a incomodava mesmo ela tendo sorrido para disfarçar.

April mudou a sua postura e começou a andar confiantemente, porque a sua mãe a conhecia bem e ela não queria incomodá-la por causa da empresa. Não pôde resistir em sorrir quando viu seus pais sentados numa mesa embaixo de uma sombra a sorrirem ao vê-la. Ela chegou até neles e depositou em suas testas um beijo cheio de amor.

Catherine e Steven Shepherd, eram um tipo de casal que todos gostariam de ser. Eles amavam-se muito, mesmo depois de 30 anos casados.

- April minha querida, o que fazes aqui? Normalmente vens aos fins de semana e não no meio de uma.

- É que eu queria falar com o pai, mãe. Por isso que vim hoje.

- O que queres falar comigo, April? - pergunta Steven -

- Um assunto bem chato da empresa. Tenho a certeza que você não quer saber disso, não é mãe? - diz sorrindo -

- Acertou em cheio, querida.

- Bom, vamos ao meu escritório então April. - diz seu pai levantando-se e April aproveitou para despedir-se da mãe -

Eles subiram a enorme escada e adentraram no escritório. Seu pai sentou-se e April fez o mesmo à sua frente.

- O que você queria falar que não podia ser à frente de tua mãe, April?

Ela suspirou.

- A notícia que eu tenho a dar, não é nada boa, pai. Mas vou ser direta porque sei que você não gosta que as pessoas te dêem voltas. - seu pai assente e ela continua - Estamos falidos, pai.

- O quê? Como assim estamos falidos, April?

- Eu viajei por um mês fora para visitar a filial que temos em Chicago e quando voltei ontem à noite, recebi uma mensagem do Curtis em que ele dizia que precisava falar comigo urgentemente no dia seguinte. Fui para a empresa e ele disse-me que estamos falidos, que um funcionário estava a desviar milhões da nossa conta da empresa há meses. Curtis notificou as autoridades sobre o caso, mas pelo que sabemos o funcionário encontra-se foragido.

Ao terminar de falar, April viu seu pai a encostar-se na cadeira de couro e passar a mão no cabelo nervosamente.

- Como você deixou isso acontecer, April? - questionou decepcionado -

- Desculpa, pai. Eu não sei o que lhe dizer. - diz abaixando a cabeça envergonhada -

- Seu irmão já sabe disso?

- Não. Ele continua na viagem que fez com a Kim e eu não quero incomodá-los com isso. Quando eles voltarem, irei falar com ele.

Eles ficaram alguns minutos em silêncio e April quebra-o com uma ideia que surgiu:

- Pai, eu tenho algum dinheiro guardado. Eu posso investir na Shepherd. - afirma sorrindo, mas o sorriso morre lentamente ao ouvir as palavras do pai -

- Não, April. Não investa na Shepherd com o seu dinheiro. Se caso não resultar você perderá muito dinheiro.

- Para Shepherd, eu faço esse sacrifício, pai.

- Eu sei mais do que ninguém que você ama a Shepherd minha filha, mas não te esqueças que é muito dinheiro para ser investido em muitas filiais. Por mais que me doa, temos de declarar falência, meu amor.

- Não! Isso não irei fazer. - diz levantando-se - Eu não vou desistir.

Sendo assim, April abriu a porta e fechou-a com uma certa brutalidade. Ela sempre foi uma pessoa calma, mas sempre que se irritava, virava outra pessoa. Desceu as escadas confiante e só se ouvia o som dos seus saltos ecoando por toda a mansão.

Saiu rapidamente da mansão porque não queria que sua mãe ou a Celine a interrogassem agora. Entrou no carro e disse ao motorista para que a levasse até o seu apartamento.

Eu tenho de pensar em uma solução, e rápido.

Pensou o caminho todo até o seu apartamento.





(April na mídia)





15.01.18
RdeF

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