Nosso mundo pt1

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 Mary havia sumido já fazia quase um mês, isso era preocupante, mas em compensação eu e Ib estávamos indo muito bem com nosso namoro. O irmão dela "abençoou" nossa relação, Jake mudou de cidade por conta da faculdade e bem, os pais da minha namorada me amam, acho que a vida não poderia estar mais perfeita.

 Antes que me perguntem, eu não esqueci da Mary e o seu pedido. Eu fiz o que ela me pediu, estranhamente mesmo não a vendo mais eu sei que ela sabe disso, talvez seja intuição mas... eu realmente a sinto perto quando faço as obras, hoje é o dia em que finalizo tudo. Convidei Ib para ver tudo o que eu tinha feito, afinal a opinião dela também é importante. Acredito que vá dar tudo certo, afinal eu até mesmo fiz uma história para cada quadro e deixei todas elas em meu novo diário! O problema é que eu não sei onde a loirinha está, eu sinto que talvez ela tenha apenas aceitado a solidão e nos deixado, mas eu ficaria triste se ela optasse por isso, afinal ela de alguma forma é minha filha... é estranho dizer isso, é mais estranho ainda encarar que eu sou Guertena, quero dizer, fui porque nessa vida meu nome é Garry.

 Agora é de manhãzinha, eu tenho que almoçar ainda, mas já combinei com Ib de encontrá-la aqui em casa, as 15 horas. Eu enviei uma mensagem para Mary, ela não respondeu nada, mas eu tenho certeza de que ela virá... afinal eu só quero um final feliz para todos nós. 

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 Chegando perto do horário eu decidi ir até a porta encontrar Ib, mas algo me chamou atenção. Eu acabei de ver Mary, a de nove anos passando do meu lado e usando o pingente que eu pintei. Não é possível que ela tenha saído do quadro, certo?! Eu recriei o quadro "Mary" do Guertena, confesso que não foi muito difícil... mas ela estava indo até o quarto de pinturas.

 Corri até o quarto e vi o meu quadro vazio, Mary segurava em suas mãos meu novo diário com as descrições sobre as obras, estava sentada em meu banquinho de pintura e balançava os pés que não conseguiam tocar o chão. Eu estava muito confuso, essa era uma Mary que eu criei ou era a que já conhecia? 

—Você deve estar confuso, mas sim sou eu. A amanda, a Mary, me chame como quiser... — Ela continuou concentrada lendo.

—Você escreveu uma história sobre o lugar que criou, parece agradável, mas —Ela fez uma pausa fechando o diário. —nem você ou Ib estão lá, quero dizer... você criou o Garry 2 e a Ib 2, mas não são os de verdade.

 DING DONG! A campainha tocou, corri até a porta mas antes que eu chegasse a Mary havia desaparecido e caminhava ao lado de Ib a recendo, ela estava em choque por ver a Mary criança de novo. 

—Vamos todos para a Galeria do Garry, eu explico melhor. —Caminhamos em silêncio até a minha pequena galeria. —Ela sentou no banquinho de novo e estendeu a mão entregando o diário para que Ib lesse. —Apenas leia.

— O que achou de tudo que eu criei? —Garry sorriu. 

— Os quadros... parecem agradáveis, mas como disse não são vocês. Você escreveu nesse livrinho que eu sou uma nova Mary, uma Mary de outra vida. Você odeia a dessa?! — Ela pareceu irritada, mas eu sabia como debater, minha ideia não era ruim assim.

—Não odeio, claro que não odeio! Eu apenas quis dizer que essa é uma sem ódio, sem raiva e com uma família feliz... e essa família seria eu e Ib, nessa história e nos quadros te pintei com nove anos de novo e nós dois mais velhos, para que você pudesse ser nossa filha no futuro.

—Mas como vou saber se os da história são vocês?! —Era engraçado ver ela daquele jeito, sua voz era de criança agora, mas ela ainda tinha aquela aura assustadora.

—Somos nós, ou ao menos é nossa vontade. Mary eu também quero ficar com você para sempre, então eu adoraria te ter como filha, mesmo que fosse em outro mundo ainda seria eu. Tenho certeza de que Garry pensou da mesma forma ao criar tudo isso! —Ib disse se agachando perto dela.

—Mas nesse mundo vocês vão ficar comigo para sempre? Se vocês mentirem para mim eu volto para me vingar, e juro acabar com a vida de vocês.

 Ambos engolimos seco, mas eu estava confiante de meu trabalho, a história que eu criei era verdadeira, eu dei uma alma as minhas obras e personalidades idênticas as nossas, claro que eu tirei todo aquele ódio de Mary e peguei apenas as partes boas dela, afinal... ela deve estar cansada de ser uma alma atormentada.

—Nós prometemos, de dedinho. —Ambos falamos ao mesmo tempo e rimos, cruzando os dedos com as mãos frias de Mary.

 Ela começou a chorar muito alto enquanto nos abraçava, seu corpo se tornava mais invisível e pouco a pouco a pintura em branco na parede voltava a sua forma original, ela desapareceu em nossos braços, fazendo com que inevitavelmente chorássemos. As últimas palavras antes de desaparecer do mundo físico por completo foram "Nós nos veremos novamente, foi uma promessa." Dessa vez eu tinha certeza de que eu conseguiria cumprir essa promessa, afinal nunca é um adeus.

                                                                              

Eu me lembroOnde histórias criam vida. Descubra agora