Capítulo 10

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"Estou precisando de um mapa, para saber que rumo a minha vida está tomando."

- Fada? - eu ri - Isso explica muita coisa.

- Tipo? - perguntou o garoto, o qual suspeito que tentava dormir deitado no chão.

- Ele era cor de rosa, - comecei, Flok estava deitada ao meu lado em frente a lareira - os olhos eram laranjas, o que era bem bizarro, - o garoto riu - tinha os dentes afiados...resumindo, ele não parecia humano.

- Ele não é humano. - Jonathan disse sentando-se ao meu lado - Ninguém aqui é. - arqueei a sobrancelha - Ninguém além de você.

- Sempre gostei de exclusividade. - brinquei.

- Grande novidade... - ri.

- Por que ele estava atrás de mim? - perguntei voltando ao assunto sério.

- Por você ser a única humana aqui.

- Vocês tem preconceito com humanos? - perguntei.

- Não! - riu - Mas vocês são raros. Também temos ambiciosos aqui.

- Eu sou um ser vivo! Eu tenho sentimentos, eu sinto dor. Vocês são capazes de tirar uma vida por ser raro?

- Olha quem fala. - disse se virando pra mim, e ao contrário do que eu esperava, exibindo uma expressão calma - Vocês matam, diariamente, animais, árvores...Eles também são seres vivos sabia? Mas vocês parecem se esquecer disso. E eles sentem também. Dor. Vocês fazem isso sempre.

- Eu não... - sussurrei.

- Tudo bem. - disse encarando o fogo da lareira - Você não sabia o que estava falando. Vocês nunca sabem.

Abracei meus joelhos, não tinha coragem de olhar na cara dele, não depois daquilo. Mas eu ainda tinha perguntas.

- O que querem de mim? - perguntei - Não sou bonita o suficiente pra fazerem jóias, não faz sentido me transformarem em papel e nem fazerem casacos de pele de mim, - ele olhou pra mim e meneou a cabeça confirmando - a não ser que...Eles são canibais? Eu não sou comida! - ele gargalhou divertido.

- As fadas não são canibais.

- As fadas? E o resto?

- Ninguém é canibal aqui. - sua risada era como música para meus ouvidos.

- Então eu não entendo...O que eles querem comigo?

- Eles não. - disse parando de rir - Ela.

- Ela?

- Alse. É a rainha deles. - sua expressão se tornou irritada, ele não estava gostando de falar sobre isso - É ela que está atrás de você. Quem estava na floresta lhe procurando era o filho dela, Alexino, é o guarda pessoal também.

- O que ela quer comigo então?

- Com você eu não sei, com certeza nada bom. - admitiu, suspirando e deitando-se novamente - Mas comigo...Ela com certeza quer me irritar.

- E ela está conseguindo? - perguntei colocando Flok em meu colo.

- O que você acha? - falou olhando para suas asas, as quais tenho que admitir, estavam bem melhores, é, ele realmente conseguia se cuidar sozinho. Mas não conseguiria voar muito cedo.

- Porque ela iria querer irritar você? Claramente o melhor guerreiro de todos. - disse sarcástica.

- Está duvidando da minha eficiência em batalha?

- Mas é claro que não. - falei rindo.

- Pois saiba que ele está bem pior que eu. - resmunguei um "duvido" baixinho, pelo visto não tão baixo assim - Você realmente não acredita em mim não é?

- Não. - neguei rindo, o garoto revirou os olhos enquanto ria. Ficamos em silêncio por um bom tempo, até que me lembrei de uma coisa.

- Jonathan.

- Hum? - ele sentou-se e olhou pra mim - O que foi?

- Qual o seu problema com cachorros? - perguntei realmente curiosa.

- Nenhum. Gosto de cachorros. - arqueei a sobrancelha direita.

- Então porque você implica tanto com a Floquinho?

- Ahn, - olhou para a cadelinha que estava atenta à conversa - ela é profundamente irritante. Mas isso não é uma característica universal dos cachorros. O problema é ela mesmo.

- Irritante? Da onde você tirou isso? Ela é bem quietinha, nem late!

- Ela não precisa latir pra falar. - ele é louco.

- Então ela fala?

- Pode parar de me olhar assim. Não sou louco. - prove - Você é que está com a cabeça muito fechada. Depois de tudo que você passou, um cachorro falar, é loucura? - ele até que tinha razão. Até.

- Então porque ela só fala com você? - argumentei.

- Ela só se comunica com três tipos de criaturas: a espécie dela, os reis, e com anjos. A maioria dos animais é assim.

- Reis? - confusa era um ótimo adjetivo pra mim naquele momento.

- Tem que ter alguém pra mandar aqui. - disse - Não que eles consigam muito. Mas eles tentam. Acho que é isso que importa.

- Aham. - muita informação. Muita informação.

- Acho melhor você dormir.

- Ei!

- O que foi?

- Acabei de notar, que já faz dois dias que eu estou aqui, - ele concordou com a cabeça - e eu ainda não comi nada.

- Ah, é claro. Eu me esqueci completamente disso. - olhei pra ele - Pode parar que você também não lembrou.

- Como alguém se esquece de comer? - perguntei mais pra mim mesma do que pra ele.

- Você estava cansada. E eu não costumo comer muito. - como ele conseguia? - Vou ver alguma coisa pra você comer.

Não sei de onde ele tirou aquelas frutas. Talvez de alguma árvore Clarisse? Enfim, nós comemos e  resolvi, finalmente, dormir. Mas antes disso, eu precisava saber o que tinha acontecido enquanto eu fugia, sabia que tinha ocorrido uma luta, mas como e o que mais? Perguntei para John, que pela primeira vez, me contou tudo.

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Capítulo novoooo, na sexta porque sim rsrs

No próximo capítulo: "[...] peguei minha bolsa e sai pela janela, simplesmente para não ter que sair do quarto, não era como se meu pai fosse me impedir de sair pra balada."

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