"Estou precisando de um mapa, para saber que rumo a minha vida está tomando."
- Fada? - eu ri - Isso explica muita coisa.
- Tipo? - perguntou o garoto, o qual suspeito que tentava dormir deitado no chão.
- Ele era cor de rosa, - comecei, Flok estava deitada ao meu lado em frente a lareira - os olhos eram laranjas, o que era bem bizarro, - o garoto riu - tinha os dentes afiados...resumindo, ele não parecia humano.
- Ele não é humano. - Jonathan disse sentando-se ao meu lado - Ninguém aqui é. - arqueei a sobrancelha - Ninguém além de você.
- Sempre gostei de exclusividade. - brinquei.
- Grande novidade... - ri.
- Por que ele estava atrás de mim? - perguntei voltando ao assunto sério.
- Por você ser a única humana aqui.
- Vocês tem preconceito com humanos? - perguntei.
- Não! - riu - Mas vocês são raros. Também temos ambiciosos aqui.
- Eu sou um ser vivo! Eu tenho sentimentos, eu sinto dor. Vocês são capazes de tirar uma vida por ser raro?
- Olha quem fala. - disse se virando pra mim, e ao contrário do que eu esperava, exibindo uma expressão calma - Vocês matam, diariamente, animais, árvores...Eles também são seres vivos sabia? Mas vocês parecem se esquecer disso. E eles sentem também. Dor. Vocês fazem isso sempre.
- Eu não... - sussurrei.
- Tudo bem. - disse encarando o fogo da lareira - Você não sabia o que estava falando. Vocês nunca sabem.
Abracei meus joelhos, não tinha coragem de olhar na cara dele, não depois daquilo. Mas eu ainda tinha perguntas.
- O que querem de mim? - perguntei - Não sou bonita o suficiente pra fazerem jóias, não faz sentido me transformarem em papel e nem fazerem casacos de pele de mim, - ele olhou pra mim e meneou a cabeça confirmando - a não ser que...Eles são canibais? Eu não sou comida! - ele gargalhou divertido.
- As fadas não são canibais.
- As fadas? E o resto?
- Ninguém é canibal aqui. - sua risada era como música para meus ouvidos.
- Então eu não entendo...O que eles querem comigo?
- Eles não. - disse parando de rir - Ela.
- Ela?
- Alse. É a rainha deles. - sua expressão se tornou irritada, ele não estava gostando de falar sobre isso - É ela que está atrás de você. Quem estava na floresta lhe procurando era o filho dela, Alexino, é o guarda pessoal também.
- O que ela quer comigo então?
- Com você eu não sei, com certeza nada bom. - admitiu, suspirando e deitando-se novamente - Mas comigo...Ela com certeza quer me irritar.
- E ela está conseguindo? - perguntei colocando Flok em meu colo.
- O que você acha? - falou olhando para suas asas, as quais tenho que admitir, estavam bem melhores, é, ele realmente conseguia se cuidar sozinho. Mas não conseguiria voar muito cedo.
- Porque ela iria querer irritar você? Claramente o melhor guerreiro de todos. - disse sarcástica.
- Está duvidando da minha eficiência em batalha?
- Mas é claro que não. - falei rindo.
- Pois saiba que ele está bem pior que eu. - resmunguei um "duvido" baixinho, pelo visto não tão baixo assim - Você realmente não acredita em mim não é?
- Não. - neguei rindo, o garoto revirou os olhos enquanto ria. Ficamos em silêncio por um bom tempo, até que me lembrei de uma coisa.
- Jonathan.
- Hum? - ele sentou-se e olhou pra mim - O que foi?
- Qual o seu problema com cachorros? - perguntei realmente curiosa.
- Nenhum. Gosto de cachorros. - arqueei a sobrancelha direita.
- Então porque você implica tanto com a Floquinho?
- Ahn, - olhou para a cadelinha que estava atenta à conversa - ela é profundamente irritante. Mas isso não é uma característica universal dos cachorros. O problema é ela mesmo.
- Irritante? Da onde você tirou isso? Ela é bem quietinha, nem late!
- Ela não precisa latir pra falar. - ele é louco.
- Então ela fala?
- Pode parar de me olhar assim. Não sou louco. - prove - Você é que está com a cabeça muito fechada. Depois de tudo que você passou, um cachorro falar, é loucura? - ele até que tinha razão. Até.
- Então porque ela só fala com você? - argumentei.
- Ela só se comunica com três tipos de criaturas: a espécie dela, os reis, e com anjos. A maioria dos animais é assim.
- Reis? - confusa era um ótimo adjetivo pra mim naquele momento.
- Tem que ter alguém pra mandar aqui. - disse - Não que eles consigam muito. Mas eles tentam. Acho que é isso que importa.
- Aham. - muita informação. Muita informação.
- Acho melhor você dormir.
- Ei!
- O que foi?
- Acabei de notar, que já faz dois dias que eu estou aqui, - ele concordou com a cabeça - e eu ainda não comi nada.
- Ah, é claro. Eu me esqueci completamente disso. - olhei pra ele - Pode parar que você também não lembrou.
- Como alguém se esquece de comer? - perguntei mais pra mim mesma do que pra ele.
- Você estava cansada. E eu não costumo comer muito. - como ele conseguia? - Vou ver alguma coisa pra você comer.
Não sei de onde ele tirou aquelas frutas. Talvez de alguma árvore Clarisse? Enfim, nós comemos e resolvi, finalmente, dormir. Mas antes disso, eu precisava saber o que tinha acontecido enquanto eu fugia, sabia que tinha ocorrido uma luta, mas como e o que mais? Perguntei para John, que pela primeira vez, me contou tudo.
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Capítulo novoooo, na sexta porque sim rsrs
No próximo capítulo: "[...] peguei minha bolsa e sai pela janela, simplesmente para não ter que sair do quarto, não era como se meu pai fosse me impedir de sair pra balada."
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Clouds
FantasyClarisse tem dezessete anos, e como toda adolescente da sua idade, tem problemas. Seus pais não aceitam seu novo jeito de ser e seus amigos não parecem entende-la mais. Depois de passar por uma grande perda ela começa a ter sonhos, um lugar onde ela...