Capítulo 2

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"Você sabe o que sente mas finge não sentir nada, para tentar não sentir"

Cheguei na escola e logo encontrei Ariella, Mariana e Patrícia em um canto rindo. Eu achava que meu relacionamento com a Mariana iria ficar horrível depois do ocorrido, mas a única vez que tocamos no assunto ela me disse que sabia que não havia sido eu, e tudo continuou como antes, bem, quase tudo.

- Oi - disse ao me aproximar delas - Qual é a piada?

- O cabelo do Maxwell óbvio - respondeu a Mari enquanto ria, levantei a sobrancelha, não sabia do que ela estava falando - Olha ali.

Ela me disse isso apontando para meu melhor amigo Maxwell ou Max como eu chamo, e logo que vi não consigui me conter, comecei a rir como uma louca. O cabelo dele estava completamente rosa, mas não um rosa normal, um rosa esquisito, muito esquisito. Max era loiro, e por isso a cor ficou bem forte, mas achei estranho ele ter pintado o cabelo, ele sempre disse que isso era loucura, então, pra entender, fui falar com ele.

- O que você fez? - perguntei tentando conter o riso.

- Nem queira saber - disse ele fazendo uma careta - Minha mãe resolveu que o ruivo dela estava ficando "muito castanho" e disse que iria usar um totalizante rosa pra deixar de um tom "mais bonito", eu achei que ela estava reclamando, e só, fui tomar banho e lavar o cabelo, vi que ela tinha comprado um novo xampu, eu não queria usar, mas era o único que tinha. Quando eu fui secar meu cabelo a toalha saiu rosa, eu estranhei e olhei no espelho, e bom, MEU CABELO ESTAVA ROSA! - ele disse aumentando o tom de voz, fazendo eu não conseguir segurar o riso - Isso, ri de mim Clarisse, ri, grande amiga você hein? - ele me olhou com uma cara brava, me fazendo sentir mal, mas logo ele mesmo começou a rir.

Max era meu melhor amigo desde os dez anos, e a mãe dele me tratava como se eu fosse filha dela também, nunca entendi como a minha mãe não ficava desconfortável com aquilo.

Depois de recuperar o fôlego, olho pra ele e noto que ele está encarando meu vestido com uma expressão triste e um pouco brava. Daniel era seu melhor amigo, eles eram vizinhos e foi Daniel que nos apresentou.

- Porque? Porque voltou a usa-lo agora? - eu não sabia o que dizer, ou melhor, como dizer.

- Eu..eu..senti que precisava - depois que falei notei o quão ridículo aquilo parecia, mas era o que eu sentia, apesar de algo lá no fundo me dizer que não era só isso - Já faz dois anos, eu achei que se voltasse a usar, iria me ajudar...a superar.

- O que a Mari disse?

- Acho que ela ainda não viu, e se viu não disse nada...você está bravo não está?

- Não. Só surpreso - disse, logo sorrindo e me abraçando - Vamos, ou iremos perder a aula de química...não que eu me importe - ele me olhou e nós começamos a rir.

                              ⚜️

A aula de química passou rápido, eu sempre gostei de química, a ideia de que duas coisas podem criar algo novo ou destruir dependendo da quantidade depositada. Eu acho que a vida é assim, se você põe tudo na medida certa é um 10 de 10, mas se algo vai de menos ou demais, explode.

O resto da manhã passou mais rápido ainda, afinal, eu não me importei com nenhuma das outras aulas que teve. Fomos almoçar e notei que Mari estava encarando meu vestido, ao ver que eu estava olhando pra ela, sorriu pra mim e meneou a cabeça em afirmação como se quisesse me dizer que entendia. Sorri de volta sem graça. Mari sempre foi uma ótima amiga.

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