CAPÍTULO 2 - Será?

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Eu pedalava em disparada dentre as árvores, até que, um som me fez parar, um som peculiar, belo e suave. 

O doce cantar de um pássaro, lembrava ao canto do Rouxinol, mas era tão suave quando o mais lindo soprando que já ouvira. Parei e olhei em volta, as árvores me cercavam, só podia ouvir esse doce canto da natureza, mesmo vasculhando todos os cantos com o olhar não consegui encontrar o dono de tão belo cantarolar.


Continuei a pedalar até chegar a cidade, desci da bicicleta e a levei empurrando, o mercado estava cheio, era muita gritaria e correria, me distrai por um momento com um lindo cãozinho que passava, quando de repente, um homem rouba a bolsa com todo o dinheiro.
-Ei! Me devolve!.- Gritei mas não adiantou, ele passou pela multidão​ como um raio.
E agora? Como irei dizer a madame Foux? Ela não gosta de ser desapontada, não mesmo, sei que estou em maus lençóis...


O caminho de volta para o orfanato foi triste, voltei me arrastando na bicicleta e pareciam milhas de kilometro até em casa.


Chegando lá eu encontro as garotas conversando na entrada do orfanato.

-Oi meninas.- Disse sorrindo
-Oi Safira, você comprou o peixe da madame Foux?- Perguntou Jessy, ruiva que estava encostada à parede.
-Não... Eu fui roubada e levaram o dinheiro antes que eu comprasse..
-Você o que? -Essa voz ecoou na minha mente e receiosa eu me virei, lá estava ela, madame Foux, me fuzilando com os olhos disse. Venha comigo. Agora!
-Sim madame.- A acompanhei até sua sala.

Chegando lá, Foux sentou-se em sua mesa, ficando de frente à mim que estava de pé, rezando para ela estar de bom humor.
-Safira, eu me lembro como se fosse ontem​.
-De quê madame? - Perguntei receiosa
-Do dia em que você foi deixada no orfanato, era uma bebê tão calma e delicada...
Sorri de canto..
-Quem diria que iria se tornar essa imprestável e incompetente!- Interrompeu ela.
Meu sorriso morreu em meu rosto.
-Safira, sabe que você depende do seu trabalho aqui para ter sua moradia, não sabe?
-Sim senhora madame, mas, aenhora não deveria abusar tanto da sua posição de poder.
-Abuso de poder? HAHAHA! Então agora eu receberei lições de moral de uma orfãzinha mal-agradecida?
-Sim, deveria.- A encarei.
Indignada.- Sua peste!.- Cortou me dando um tapa no rosto que acabou me ferindo com um de seus vários anéis.- Vá para o porão, já!
E eu fui, desci até o porão que deve ter no máximo 5 metros de espaço lá dentro, muito apertado e escuro, minha única forma de contato com o mundo uma um basculante que havia no canto de uma parede.

Naquela tarde eu desmoronei, chorei por tudo que não chorara antes, chorei pelo que madame Foux me disse, e por realmente acreditar que isso era verdade. Mas algo estranho aconteceu, um dejavu? Eu sinto como se estivesse revivendo algo. Era o canto do pássaro! Era ele mesmo! Não tinha como confundir, olhei pelo basculante e sim, eu vi, dessa vez eu vi. Um pássaro grande de penas platinadas, e com um grande peito plumado azul escuro, boquiaberta encarei o pássaro magestoso que fez o mesmo.
Ouço ruídos ao fundo e me viro para a porta por 2 segundos e quando me viro ele não está mais lá.
Na porta, era Maria. Finalmente um rosto amigo, pensei, aliviada.
-Consegui acalma-la, não deve desafiá-la assim, entende?!
-Maria, Maria, eu vi!
-O que você viu?
-O pássaro!
-Ahn?
-Não dá para explicar ele estava bem ali.- Disse apontando para onde o pássaro estava
Maria fez cara de confusa e me interrompeu,- Tá, chega, vamos subir, o calor te bagunçou.

As Crônicas da Terra de Prata (Wattys2017)Onde histórias criam vida. Descubra agora