CAPÍTULO 22 - StellarCoat

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Passaram-se 3 dias desde a história que Lúcio contara a nós, andamos bastante, vimos paisagens lindas e outras nem tanto. 

Depois de uma longa caminhada, chegamos a um grande portão com muros altos e coloridos, eram cores vibrantes como lilás, verde e azul claro. Paramos os três em frente aos portões, Lúcio se aproximou e usou de dois círculos de metal dourado que pendiam das fechaduras para fazer um som de batida no portão de tamanho exagerado, os portões se abriram depois de duas batidas de Lúcio. Revelou-se de trás dos portões uma linda mulher vestida de um verde quase-branco de tão claro, um cabelo cacheado e loiro preso ao topo em um lindo coque arquitetado perfeitamente no topo da sua cabeça, deixando cair duas lindas mechas onduladas do cabelo dourado. Ela me olhou, depois para Marcos e depois para Lúcio, sorriu. Seus olhos eram azuis, mas um azul mais azul que o meu ou de qualquer pessoa que já tinha visto, um azul forte porém leve de se ver.

-Olá.-Disse ela serena.

-Ô-Olá senhora..-Lúcio que estava de frente a dama se curvou enquanto gaguejava nervosamente.- so-somos os dicípulos de Thommus e trouxemos a herdeira conosco.

-Eu sei quem vocês são.-Ela sorriu para nós.-Venham.-Gesticulou para que a seguíssemos e se voltou para dentro dos portões.

Passamos pelos portões de tamanho exagerado e eu pude ver o porquê deles serem tão grandes, uma cidade inteira com cidadãos passando para lá e para cá. Alguns deles tinham aparência animal, mas com corpos humanizados.

-Thommus nos avisou de sua visita.-Disse ela enquanto andava um passo a nossa frente.-Bom, vocês ficaram alojados ali.-Ela apontou para uma grande casa de pedras "rustica" ao seu lado direito.-Seu treinamento irá começar amanhã.-ela me olhou.

-Me-meu treinamento?

-Sim. Bem-vindos a StellarCoat.

Olhei em volta e olhei para a mulher.-Entendi, mas...Treinamento de quê?

Ela riu de leve.-Perdoe-me, querida. Me chamo Ágath, e aqui você irá aprender a controlar seus poderes devidamente.-Ela sorriu para mim novamente.

-Certo..Eu...-Olhei em volta, Ágath havia sumido.-Onde ela foi?.

Lúcio e Marcos deram de ombros.

-Eu vou até o centro, vejo vocês depois.-Disse Marcos indo embora.

-Eu vou encontrar com Ágath e sua irmã para acertar tudo, você vem Safira?-Perguntou Lúcio.

-Não, acho que não. Vou passear um pouco. 

-Certo.-Ele me beijou na testa e saiu.

Comecei a andar em direção ao centro da cidade olhando para os lados, as pessoas pareciam tão felizes, caminhavam de mãos dadas e as crianças corriam para os lados brincando numa alegria imensurável, vi uma mulher com um corpo coberto por pelos de tigre passar por mim e fiquei maravilhada, ela era realmente muito linda, andei por mais ou menos uma hora e acabei parando num bosque dentro da cidade, lindas flores e árvores incrivelmente vivas, continuei caminhando e refletindo sobre a vida.

Até que vi de costas para mim alguém sentado ao chão, uma capa cobria todo seu corpo então não pude identificar, me virei e fui em silêncio saindo de perto.

-Não precisa sair.-Uma voz doce me paralisou.

Me virei e era uma mulher sentada no não com mechas de cabelo lilá ao lado do rosto que não era coberto pelo capuz, seus olhos eram castanhos, mas um castanho tão escuro que era facilmente confundido com preto.

-Ô-olá, me chamo Safira.- me aproximei devagar.

-Olá Safira, me chamo Lua. Venha, sente-se comigo.

Me aproximei e me sentei de frente a Lua,ela parecia ser uma boa pessoa.

-Você não é daqui, é?-ela perguntou me encarando.

-Não...Eu sou de muito longe...

-Então é uma forasteira?-ela sorriu.

-Sim... Thommus me enviou.

-O quê? Você é a herdeira de Hecate?-Sua boca se abriu com o susto.

-Si-sim.

-Nossa, e você já conheceu a cidade bem?

-Sim.- Ri de leve.

Nós começamos uma conversa sobre tudo que eu passei e ela me contou sobre as flores que floreciam naquele bosque.

-Posso fazer uma pergunta Lua?

-Claro que sim!

-O que são todos aqui?

-Essa pergunta não é simples...Então.-Ela se levantou.- Aqui na Terra de Prata é comum as pessoas nascerem com domínio em alguma área mágica ou mistica, essas pessoas são chamadas de magos ou feiticeiros. Nós somos essas pessoas. Durante anos nós somos caçados e obrigados a usar nossa magia para fins erraticos. StellarCoat foi criada para proteger aqueles que por conta de seus tributos magicos são obrigadas a viver com medo, aqui nós não precisamos ter medo.

-Entendi.-Respondi boquiaberta.

-E você?.

-E eu o que?.

-O que você faz Safira haha, a sua magia.

-Eu não sei...

-Como não sabe?.-Ela me olhou levemente espantada com a resposta.

-Eu não sei ao certo o que eu posso fazer.-Olhei para os lados.

-Ora...-Lua foi bruscamente interrompida por um vulto nos céus e um grito muito alto como de um gavião.

-Pitty? Pitty! É você mesmo?!.-Sorri muito alegre em re-vêlo.

Pitty desceu rapidamente e veio para mim, o abracei forte e senti seu cheiro. Sim, eu senti saudade do cheiro do meu hipogrifo.

-Pitty, que bom que está bem. Fiquei muito preocupada.-Parei o abraço e passei a mão pelo seu focinho ao lado do grande bico pontudo.

Lua nos olhava com um olhar de aprovação logo de trás de Pitty.

Pitty fez sinal para que eu montasse em suas costas, exitei e olhei para Lua que assentiu fazendo que sim com a cabeça para que eu montasse o grande animal e assim fiz. Montei em Pitty que imediatamente levantou voo me fazendo ter de agarrar suas penas do pescoço para não soltar e despencar, com movimentos  acrobáticos Pitty girava e batia as asas mirando para cima e foi assim até que chegamos na altura de algumas nuvens. Meus olhos estavam fechados com toda a força para não ver o percurso, Pitty grunhiu para mim e eu, relutante os abri. Olhei em volta e fiquei maravilhada com a vista, um céu lindo e em tons de rosa por-do-sol, nuvens para todos os lados e abaixo a charmosa cidade de StellarCoat.

-Uaau, que vista incrível Pitty!-Disse sorridente.

Pitty virou o pescoço de lado e me olhou como se tivesse entendido, voamos por mais uns quarenta minutos e eu contei quase tudo que aconteceu nessas semanas sem ele. Era como se ele me entendesse completamente, sentia isso quando falava. Pitty me levou ao chão e vimos o por-do-sol, encostei minha cabeça sobre as asas abertas de Pitty e adormeci aos poucos.

As Crônicas da Terra de Prata (Wattys2017)Onde histórias criam vida. Descubra agora