As Crônicas da Terra de Prata (Wattys2017)

CAPÍTULO 14 - Penélope

Depois da interrupção abrupta de Marcos, nós continuamos andando em silêncio até que cheguei a conclusão de que a senhorita Dione não iria querer que eu me culpasse por algo que ela fez por mim ou pela terra de prata. Continuamos andando e praticamente a cada 100 metros, Marcos me dizia alguma curiosidade sobre o lugar, foi um dia tranquilo, contando com a travessia de um pequeno rio e o encontro inusitado com uma família de pássaros encantados incrivelmente fofos.

O sól se pôs e nós acampamos, passei alguns minutos sentada a fogueira imaginando a senhorita Dione sentada comigo me contando histórias sobre o fogo ou algo do gênero. Acabei caindo no sono logo depois de ficar analisando as estrelas.

-Que calor...O-oquê?-acordei soando como um porco.

Olhei para os lados e percebi que estava numa especie de buraco que era tomado pela luz vermelha.

Escutei uma conversa.

-Vamos levá-la para ele!

-Não! Não vamos incomodá-lo com besteiras, ela deve ser uma camponesa inútil.

-Você viu o lobo que estava com ela, não viu? Homens lobo não se aliam a pessoas a não ser que tenham um propósito...

As vozes foram ficando mais altas e voltei a fingir dormir.

-Acorde!-uma voz grossa e agoniante me gritou e me puxou pelo braço. Senti queimar.

Fui até fora sendo puxada; Olhei em volta, eram criaturas avermelhadas com cifres e olhos brilhantes como fogo. O lugar em volta era um grande campo flamejante com piscinas de magma e nem um sinal de Marcos por perto.

Uma das coisas se aproximou me mim enquanto o outro me jogava amarrada ajoelhada ao chão. Ele passou a mão no meu queixo me fazendo olhar nos seus olhos, pude ver que ele era um tipo de lider entre os outros pois quando ele falava todos eles se calavam para ouvir.

-Me diga criatura fraca quem és tu e o que faz nas nossas terras? 

Pensei na primeira mentira que veio a minha mente- Me chamo Penelope Foux e não sabia que essas eram as suas terras.

-HAHAHA! Todos os seres que não querem morrer em toda a terra de prata sabe que toda a floresta negra é domínio dos Murlocks!.-Os outros grunhiram ao fundo como em uma louvação.-Então... Conte-me a verdade o que quer em nossas terras? E me diga se vale a pena deixá-la viver.

Então eu pensei em um plano mirabolante.-Sim, me chamo Penelope Foux...E-Eu sabia sim que essas são as suas terras, mas tinha em mente encontrar-te acordada ao menos.

Ele me encarou curioso.-Para?

-Para lhe propor um plano.

-O que você poderia me oferecer criaturinha?

-A dominação das terras de Molvack. 

Eles todos se calaram e o monstro que comigo conversava me olhou estranho.-Como assim?

Eu congelei por dentro com medo mas mesmo assim as palavras fluíram passando coragem para ele.-Eu não sou uma "criaturinha" eu sou uma sacerdotisa muito poderosa e possuo o poder para tirar os domínios de Molvack a força, mas, preciso da sua ajuda, só vocês conhecem essas terras tão bem para me levarem até ele sem levantar suspeitas.

-O que eu ganharia se te ajudasse?-Ele perguntou curioso

-Eu deixarei as terras para vocês, só preciso da cabeça do bárbaro.

Ele riu alto- Você não acha que pode vencê-lo não é? Molvack é muito poderoso.

-Lhe garanto que sou ainda mais.-O olhei com um olhar imponente.

-Prove.-Ele ergueu a mão para os outros.-Tragam o lobo!

Lobo??? Pensei

Eles trouxeram Marcos que estava queimado e cortado em varias partes e estava sendo segurado pelos braços por dois monstros.

Marcos me olhou e preocupado exclamou-Safira!

Eu não emiti nenhuma emoção mesmo me contorcendo por dentro para ir abraçá-lo.

-Do que ele te chamou?!-Perguntou a besta

-Safira é como meus lacaios me chamam.-respondi fria mas nervosa por dentro.

Marcos me olhou  por um momento e logo depois pareceu entender o recado.

-Vamos. Me mostre do que é capaz, mate ele!

Eu congelei e os olhos de Marcos travaram para mim.

Eu não posso matá-lo! E se eu não fizer nada eles vão saber que eu estou mentindo. O que eu faço?!

Estremeci- Não! Não posso matá-lo eu posso precisar dele futuramente.

A criatura me olhou feio e cerrou os dentes irritado.

-Mas... Eu posso transfigurá-lo em lobo quando eu quiser. Observe. 

Marcos me olhou e eu juro que vi ele respirar aliviado.

Olhei para Marcos de cima, apontei para ele e gritei.

"Transfigurar!" 

Ele se contorceu fazendo parecer que aquilo doesse insuportavelmente fazendo os monstros o largarem e apontarem lanças para ele. 

Ele se transformou no grande lobo negro de olhos dourados que eu já tinha visto antes.

O monstro com quem conversava gargalhou.-Excelente!! Você realmente é poderosa.

-Isso não é nem metade do meu poder.

-Muito bem, irei te ajudar, mas, se tentar qualquer gracinha eu matarei você seu lobinho de estimação.- Ele saiu e mandou os soldados me desamarrarem.