CAPÍTULO 17 - É Ele!

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Fomos acordados por Dolvin. O céu ainda estava escuro com cara de umas quatro da manhã.

-Vamos, a aurora está chegando.

-Como assim a aurora está chegando?-perguntei acordando preguiçosa.

-Quer dizer que está amanhecendo.-respondeu Marcos

-Clá-claro.-respondi como quem já soubesse

Os soldados de Dolvin se levantaram e seguimos em direção a mais fundo na floresta. Cada metro que se passava meu estômago revirava-se como se eu tivesse comido umas trinta píxies que fizeram uma festinha nas minhas entranhas.

Durante o caminho, notei que Dolvin me encarava bastante com um olhar de exame sempre que pudia. Não demorou muito, nós chegamos às beiradas de uma grande e aparentemente velha cidade de pedra, nos aproximamos calmamente e adentramos os portões tortos e enferrujados da cidade. 

Casas caindo aos pedaços, ruas sujas e lamacentas, as pessoas nos olhavam por trás das janelas de madeira com rachaduras. Chegamos ao fim da cidade e encontramos um castelo gigantesco e com uma aparência de velho, suas torres, grandes estruturas de pedra cobertas com plantas que davam uma aparência de abandonado ao lugar, paramos ao lado de uma das duas torres. 

-Vamos entrar, e lá é com você.-disse Dolvin me olhando.

-Certo.

-Me dê seus braços.- ele me encarou.

Estendi os braços para o demônio e ele criou uma espécie de algema de fogo que prendeu-me os pulsos. 

-Você entrará como prisioneira para não levantarmos suspeitas.

Apenas assenti e adentramos o castelo. Dois guardas carrancudos guardavam os portões,eles nos encararam, Dolvin falou algo a eles e nos deixaram passar. Foram lances e mais lances da interminável escadaria, até que chegamos a um ponto elevado do castelo e deparamos-nos com uma grande porta de metal. Adentramos a misteriosa porta e para minha surpresa, lá estava Molvack em seu trono. Nossos olhos se encontraram e aqueles olhos frios do bárbaro me congelaram por dentro. Olhei para baixo num ato de reflexo.

-O que é isso?-perguntou Molvack em seu trono.

-Isso,meu rei, é uma quebra de contrato.-respondeu Dolvin a minha frente.

Molvack franziu o cenho e se ajeitou no trono.

Os Murlocks ao ouvirem seu líder atearam fogo ao castelo quase que imediatamente. Eles pulavam, saltavam e atiravam bolas de fogo nas paredes.

-O que vocês querem? Perderam o medo?.

-Não! HAHAHA, agora temos alguém que vai esmagá-lo como um inseto Molvack. Conheça Penelópe, a feiticeira mais poderosa da terra de prata.

O semblante de Molvack se retorçeu.-HAHAHA, Penélope?! Essa é a escolhida de Hecate. Vocês a trouxeram para morrer com vocês!.

Eu o encarei, logo, olhei para Dolvin que estava com um olhar surpreso a me encarar. Sua feição logo tornou-se de ira. Marcos atirou três flechas certeiras em seu peito por trás.

-Corra Safira! Encontre Lúcio! Eu vou atrasá-los.

Dolvin se virou para Marcos e o atacou com sua lança.

Corri pelas escadas saindo da sala e correndo em meio aos guardas de Molvack que subiam.

Desci um lance grotesco de escada até me deparar com uma espécie de cela com grades de ferro. Olhei para dentro da jaula e vi. 

Lúcio!?

Lúcio estava pendurado pelos braços na parede da cela, desacordado e com seu corpo tomado por ferimentos.

Forcei as grades, mas nada acontecia, elas não se abriam. Estavam trancadas, me afastei e algo tocou minhas costas, me viro e me deparo com Molvack de pé me encarando. 

-Olá, garotinha. Nos encontramos novamente, não é? Gostou do que fiz com seu namoradinho? Aposto que assim ele não irá mais causar problemas.

A voz de Molvack me espancou por dentro, engoli em seco.- Solte ele agora mesmo Molvack! 

-HAHAHA! Soltá-lo? Mas porquê, se você vai se juntar a ele logo logo.- passou a mão em meu rosto, tirei a mesma.

Molvack franziu o cenho e me acertou um tapa no rosto que me jogou ao chão, fazendo força para levantar, Molvack se aproximou de mim e pisou em minhas costas com força e pondo peso me impediu de ficar de pé.

-Vamos garotinha, até a velha me deu mais trabalho que isso.

A voz dele me levou de volta a cena da morte de Dione e me lembrei da sua cara de felicidade quando o fez. Serrei os punhos e gritei, Molvack foi jogado para longe me dando espaço para me levantar.

-Nunca mais fale da senhorita Dione!- apontei para ele que estava do outro lado do local.

-HAHAHA! Isso aí! Agora, me mostre do que é capaz.

Levantei minhas mãos e a raiva tomou conta de mim, um raio lilás atingiu Molvack o jogando contra a parede. Me virei para a cela em que Lúcio se encontrava adormecido, olhei para a fechadura. 

-Abra.

O cadeado se abriu num passe de mágica, corri cela-a-dentro mas Molvack puxou-me pelo calcanhar e me atirou contra a parede. Cai, enfraquecida. O barulho fez Lúcio se mover semi-acordado.

Minha visão estava ficando embaçada por conta do impacto, passo a mão pelo meu cabelo e sinto algo estranho.

Sangue?! 

Minha cabeça estava sangrando após essa pancada.

Molvack se aproximou com seu martelo e quando estava prestes a finalizar-me a vida,surge Marcos em sua forma de lobo que o empurra e toma conta da situação. 

-Marcos, salve Lúcio!-gritei fraca

Marcos se virou para mim e depois para Lúcio. Correu em direção a Lúcio preso a parede e mordeu as correntes ficando pendurado pela boca.

Molvack veio em minha direção lentamente e chutou meu rosto contra a parede me fazendo gritar de dor.

O grande lobo negro de olhos dourados pula sobre os ombros de Molvack e pousa ao meu lado com Lúcio ainda desacordado em suas costas.

-Já chega!-Molvack levantou seu martelo em nossa direção, fazendo-o vir de encontro conosco.

Num suspiro mortal, apertei o coração de dragão em meu peito.-Nos tire daqui.-adormeci.


As Crônicas da Terra de Prata (Wattys2017)Onde histórias criam vida. Descubra agora