Subi com Maria até o quarto, onde encontrei as garotas sentadas nas camas com curiosidade nos olhares.
-O que aconteceu?
-O que você disse Safira?
-É verdade que ela te deu carne de urubu parar comer?
Pelo visto os boatos correram soltos naquelas 7 horas de isolamento no porão, hein?
Sorrindo.- Calma, calma gente, não houve nada de mais, só disse o que precisava dizer. Não, ela não me deu carne de urubu para comer...
Deitei em minha cama (que fica na parte de baixo do beliche que compartilho com Maria) e tentei dormir, mas, havia algo errado, algo que me incomodava, me intrigava.
Parecia que meus olhos não conseguiam se fechar por mais de alguns segundos...
-Maria... Mari..-Sussurei.
-O que é?- respondeu Maria sem abrir os olhos e com uma voz de sono horrível.
-Está acordada?
-Agora estou. O que foi?
-Eu não consigo dormir, vamos lá no telhado?
-Tá bom Safira, vamos.
Nos levantamos e nas pontas dos pés fomos até a escada que nos levava ao telhado, chegando lá, sentamos próximo a chaminé da casa.
A lua estava incrivelmente iluminada naquela noite, como nunca havia visto antes.
-Maria, você me acha estranha?
-Sim... Acho e por isso eu te amo.- Maria sorriu e me deu um soquinho no braço.- Mas por que a pergunta?
-As vezes eu sinto como se meu lugar não fosse aqui...- olhei para baixo
-Você está louca?-Maria perguntou com um tom estranho na voz
-Eu só...Esquece
-Safira, seu lugar é comigo, não ouse dizer isso nunca mais!
Eu gosto muito da Maria, ela é muito amiga minha, desde que me entendo por gente, mas, mesmo assim, sinto como se ela não pudesse me entender. Ninguém pode!
-Ouviu isso?!-Perguntei agoniada
-Não. O que?
-Esse som... Esse canto
-...Safira é melhor nós irmos dormir, já é tarde e amanhã temos que limpar o salão
Assenti e descemos devagar até nossa cama. Passaram-se umas duas horas, ainda era escuro, mas o som não parava. O mesmo canto melodioso continuava a me perturbar...
Pensei em chamar a Maria, mas,não iria adiantar, não é? Me levantei e fui em direção à escada, subi ao telhado e lá eu vi, eu juro que vi. O mesmo pássaro lindo e estranhamente inoportuno num galho de árvore.
Desci pela lateral do telhado e fui até a árvore, o pássaro levantou voo e foi em direção a floresta.
-Ei! Volte aqui, passarinho eu não vou lhe fazer mal.
Corri atrás dele ( que por sinal era muito mais veloz que eu )
-Ei! Por que só eu te ouço? Volta aqui!!
O pássaro pousou em uma árvore e se virou para me observar, percebi.
-Muito obrigada!-Diminui a velocidade, sem tirar os olhos dele.
Um breu completo se fechou diante dos meus olhos...
-Onde eu estou?!
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As Crônicas da Terra de Prata (Wattys2017)
FantasíaVocê já imaginou como seria descobrir um mundo completamente novo? E se você descobrisse que o futuro desse novo mundo está nas suas mãos? Já se imaginou nesta situação? Conheça Safira, uma garota orfã de 17 anos que está prestes a descobrir que tu...