CAPÍTULO 3 - Onde Eu Estou?

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Subi com Maria até o quarto, onde encontrei as garotas sentadas nas camas com curiosidade nos olhares.

-O que aconteceu? 

-O que você disse Safira?

-É verdade que ela te deu carne de urubu parar comer?

Pelo visto os boatos correram soltos naquelas 7 horas de isolamento no porão, hein?

Sorrindo.- Calma, calma gente, não houve nada de mais, só disse o que precisava dizer. Não, ela não me deu carne de urubu para comer...

Deitei em minha cama (que fica na parte de baixo do beliche que compartilho com Maria) e tentei dormir, mas, havia algo errado, algo que me incomodava, me intrigava. 

Parecia que meus olhos não conseguiam se fechar por mais de alguns segundos...

-Maria... Mari..-Sussurei.

-O que é?- respondeu Maria sem abrir os olhos e com uma voz de sono horrível.

-Está acordada?

-Agora estou. O que foi?

-Eu não consigo dormir, vamos lá no telhado?

-Tá bom Safira, vamos.

Nos levantamos e nas pontas dos pés fomos até a escada que nos levava ao telhado, chegando lá, sentamos próximo a chaminé da casa.

A lua estava incrivelmente iluminada naquela noite, como nunca havia visto antes.

-Maria, você me acha estranha?

-Sim... Acho e por isso eu te amo.- Maria sorriu e me deu um soquinho no braço.- Mas por que a pergunta?

-As vezes eu sinto como se meu lugar não fosse aqui...- olhei para baixo

-Você está louca?-Maria perguntou com um tom estranho na voz

-Eu só...Esquece

-Safira, seu lugar é comigo, não ouse dizer isso nunca mais!

Eu gosto muito da Maria, ela é muito amiga minha, desde que me entendo por gente, mas, mesmo assim, sinto como se ela não pudesse me entender. Ninguém pode!

-Ouviu isso?!-Perguntei agoniada

-Não. O que?

-Esse som... Esse canto

-...Safira é melhor nós irmos dormir, já é tarde e amanhã temos que limpar o salão 

Assenti e descemos devagar até nossa cama. Passaram-se umas duas horas, ainda era escuro, mas o som não parava. O mesmo canto melodioso continuava a me perturbar...

Pensei em chamar a Maria, mas,não iria adiantar, não é? Me levantei e fui em direção à escada, subi ao telhado e lá eu vi, eu juro que vi. O mesmo pássaro lindo e estranhamente inoportuno num galho de árvore.

Desci pela lateral do telhado e fui até a árvore, o pássaro levantou voo e foi em direção a floresta.

-Ei! Volte aqui, passarinho eu não vou lhe fazer mal.

Corri atrás dele ( que por sinal era muito mais veloz que eu )

-Ei! Por que só eu te ouço? Volta aqui!!

O pássaro pousou em uma árvore e se virou para me observar, percebi.

-Muito obrigada!-Diminui a velocidade, sem tirar os olhos dele.

Um breu completo se fechou diante dos meus olhos...

-Onde eu estou?!


As Crônicas da Terra de Prata (Wattys2017)Onde histórias criam vida. Descubra agora